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Ideias de jerico?


) trocar Bolsonaro por Mourão
2ª) escolher candidatos agora
por Artur Araújo e Gilberto Maringoni
Há na praça duas ideias de jerico. Ambas são lógicas e sedutoras, como convém às boas ideias de jerico. Por serem sedutoras, atraem gente bem intencionada e pescadores de águas turvas, interessados em azedar o ambiente em seu favor. Por serem de jerico, esboçam um desastre se forem levadas adiante.
A PRIMEIRA DELAS é que já deu. Com Bolsonaro não há a menor condição do país seguir adiante, tal sua inépcia, rolos familiares em cascata e a aberta inaptidão para pensar em algo além de quanto é 7 X 8.
A SEGUNDA APONTA que, diante da previsível tunda que espera o governo e seus aliados nas eleições municipais de 2020, a tarefa imediata das oposições é buscar candidaturas unitárias no maior número possível de municípios.
As duas articulações – com suas plantações na imprensa – vêm à tona neste início de semana, após o estrondoso sucesso das manifestações do 30M, da Marcha da Maconha e do Festival Lula Livre, em São Paulo. Acontecem também no rastro de três reveses oficiais no período: a divulgação do desastroso PIB do primeiro trimestre, do malogro do pacto tentado pelo chefe das milícias com o Congresso, com o Supremo e com tudo e dos resultados adversos das bizarras marchas bolsonaristas, em 26 de maio. Como se não bastasse, tudo se dá nos dias que precedem a greve geral de 14 de junho, que tudo indica ser de porte e alcance muito poderosos. Ou seja, a trama se dá em uma conjuntura pra lá de carregada.
SÃO DOIS MOVIMENTOS PERIGOSOS PARA O POVO.
A SAÍDA DE BOLSONARO é clara costura golpista, envolta no papel celofane de uma boa ação. Poderia ser chamada de “Operação Jaburu”, um súbito frenesi proveniente da direita – capaz de atrair incautos democratas – pela troca de guarda no Planalto. Alguns até marcaram data, julho próximo. Interditado o celerado, bastão, chave do cofre, caneta do Diário Oficial e comando-em-chefe das FFAA seriam transmitidos ao general de cabelos tingidos.
Hamilton Mourão tem passado por um eficiente banho de loja, no qual se apagam seus arreganhos golpistas de um ano atrás, seus elogios a Brilhante Ustra e suas ligações com o Departamento de Defesa dos EUA. Em seus lugares, desenha-se a imagem de afável e sensato general do diálogo.
TIRAR UM CELERADO para aboletar na presidência um quadro muito bem formado, para executar exatamente o mesmo programa de desmonte e entrega só pode atender às viúvas precoces do bolsonarismo. Entre essas estão o capital financeiro, a grande mídia e uma vasta legião de empresários que miravam prosperidade através da rapina dos pobres. Focando exclusivamente em seus ganhos pessoais, deram escada, palco, tela, ombro amigo, golpe e bufunfa para J. Messias chegar onde jamais teria chegado por forças próprias.
POR SUA VEZ, A DEFINIÇÃO ANTECIPADA de candidaturas a prefeito antes que se consolide a frente ampla antibolsonaro, antirreformas e anti destruição do Estado tem potencial para abalar sua formação de fato. Além disso, introduz pauta diversionista em relação às convergências que se desenham a duras penas para conter os arreganhos do governo – contra direitos, empregos, serviços públicos, salários, democracia – e de reverter o máximo possível os estragos já causados.
Ambos movimentos – e as ilusões a eles associadas – são perigosas pescarias em águas turvas, como falado no início. Podem trazer na fisga do anzol um resultado oposto ao que as ruas passaram a exigir.
LAMENTAVELMENTE, não há atalhos. O essencial agora é seguir o que as grandes mobilizações apontam: investir contra o projeto da extrema-direita no poder. Este se concretiza em destruir a Educação, acabar com as aposentadorias e desmontar os serviços públicos e o Estado.
Miremos na essência da disputa e não na embalagem. Miremos no projeto da coalizão extremista e não tentemos resolver um problema da direita, que não consegue aplicá-lo a contento.
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Sou contra a primeira ideia. Sou de acordo que os partidos progressistas escolham o mais rápido possível seus candidatos a prefeito para 2020. Se for candidato da Unidade melhor ainda. Pensa assim, isso me faz um jerico?
Vida que segue

Gilberto Maringoni: ah, a Vale



A Companhia Vale do Rio Doce, estatal fundada por Getúlio Vargas, era, nos anos 1990, um conjunto de 27 empresas, cujas atividades iam da prospecção do subsolo, extração processamento de minérios, até sofisticadas atividades de quimica fina. Além disso, a Companhia era caracterizada por inúmeros projetos culturais, sociais e comunitários em todo o Brasil. Nunca houve desastre ambiental que chegasse perto dos de Mariana e Brumadinho.
Privatizada nos anos 1990, sob o argumento de ser ineficiente, a Vale - nome insosso e que não diz nada - foi reduzida a uma mineradora. Extrai ferro e outros metais e os vende em estado bruto para - entre outros - a China. A Vale foi literalmente desindustrializada e transformada em agente de economia de enclave. Ou seja, própria de atividade extrativista, com pouca atividade que desenvolva o seu entorno. Tem.baixo efeito multiplicador em termos de emprego e de dinamismo econômico. A empresa é especialista em cavar buraco.
A Vale só pode deixar de ser uma empresa de baixa eficiência e danosa ao meio ambiente se for estatal e se estiver articulada com um projeto de desenvolvimento. Na atividade privada ela pode, no máximo, ser melhor fiscalizada. Mas seu potencial de gerar emprego e uma cadeia produtiva com sinergias em áreas afins inexiste. Ela se subordina à demanda externa por minérios e ponto.
A privatização da Vale foi um atentado à economia nacional. O fato dos governos seguinte à jamais terem questionado sua privatização - cercada de denúncias de ilegalidades - mostra como desenvolvimento, papel do Estado e soberania são temas difíceis de ganharem prioridade na agenda nacional.
Ah, a Vale, nessas duas últimas décadas, financiou centenas de campanhas de candidatos a todo tipo de cargo eletivo. É também algo próprio da iniciativa privada.
É possível que isso existe muita coisa.
Gilberto Maringoni - jornalista, cartunista e professor universitário. Ensina Relações Internacionais na Universidade do ABC. Já foi professor da Cásper Líbero e Universidade Federal de São Paulo
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Gilberto Maringoni: O chefe de milícia e o vendedor ambulante


O discurso de Jair Bolsonaro na tarde deste domingo - proferido em sua casa no Rio e transmitido via celular a uma manifestação na Paulista - é muito pior que a intervenção de um de seus filhos defendendo o fechamento do STF.
O capitão não falou em ambiente fechado e nem é figura lateral na onda fascista brasileira. Trata-se de um candidato á frente das pesquisas e que já age como eleito. Não discursou como dirigente politico. Mandou recado como chefe de milícia.
Bolsonaro afirma, quase soletrando, que a esquerda irá para o cárcere ou para o exílio. Ameaça Fernando Haddad com anos de prisão, sem que haja julgamento de coisa alguma a definir tal sentença. Rosna contra Lula, que "apodrecerá na cadeia". Garante que MST e MTST serão classificados como terroristas - provavelmente com base na lei formulada pelo governo Dilma Rousseff, suprema ironia - e que "a paz voltará para quem produz". Há outras ameaças em seu fraseado chulo e rastaquera.
Nenhuma palavra sobre crise econômica, planos de governo, resolução de algum problema real. O que há é papo de meganha na porta do camburão, para gáudio de sua matilha de hienas.
A sucessão de impropérios foi proferida quase ao mesmo tempo da rendição do TSE, anunciada pela ministra Rosa Weber, em Brasília. Como escolta, a douta autoridade se fez acompanhar por outros condestáveis da República, tendo como figuras de proa o sinistro Ministro-Chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República e o decorativo Ministro da Segurança. A essa altura, não se sabe se eram rendidos ou cúmplices.
O candidato do fascismo jogou querosene em brasa acesa. Dissemina a ideia de que a barbárie está liberada.
Não assisti nenhuma das manifestações ao vivo. Na tarde de domingo, eu, suando em bicas, me ocupava de terminar um circuito de corrida num parque em Brasília, depois de uma chuva providencial. Na saída, encontro um vendedor de água de coco, com vários adesivos de Fernando Haddad em seu carrinho.
Eu o cumprimento pela coragem de exibir suas preferências em dias tão agressivos. Trocamos cinco minutos de conversa. Ele me conta da campanha em seu bairro e da confiança de que vamos virar essa eleição. Pergunto se é petista. Sua resposta é direita:
- Sou comunista, meu camarada. Quero muito mais que derrotar Bolsonaro. Mas estamos aí, num dos poucos momentos em que a esquerda está toda unida. Isso é o que importa. Estamos em campanha!
A frase serena me impactou. É isso aí. Vamos virar. E queremos mais.
O chefe de milícia não pode levar essa.
Estamos em campanha!
Gilberto Maringoni
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Gilberto Maringoni - há coisas que eu entendo e há coisas que eu não entendo


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EU ENTENDO e acho justa a movimentação de Lula ao atrair dissidentes do golpe, como Renan Calheiros, Kátia Abreu e Jackson Barreto. Frentes se fazem visando determinada estratégia - espero que o ex-presidente a tenha - e alianças se definem a partir daí. Na mais ampla e radical frente de toda a História, Stalin não titubeou em se aliar a Churchill e Roosevelt - representantes de potências imperialistas - para derrotar um inimigo maior, o nazifascismo. Até ai, figuras como Renan estão na conta.
EU NÃO ENTENDO a adulação a figuras centrais do golpe, como Meirelles (Lula) e Maia (PCdoB). Qual o objetivo da babação de ovo para a dupla, que segue tramando o aprofundamento do golpe através das reformas? Nenhum dos dois é dissidente de nada. Quem ganha com a deferência boba são as figuras nefastas que passam a ter beneplácito de parte da esquerda.
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Caro Maringoni, me espanta alguém tão inteligente e ligado a política como você não entender o porque de Lula e o PCdoB adularem, Henrique Meirelles e Rodrigo Maia respectivamente. É um caso de óbvio ululante: 

Lula e o PCdo querem desestabilizar o Michê, simples assim.