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O ano virou com algo no mar além das oferendas a Iemanjá

Três plataformas, construídas no Brasil, iniciaram sua jornada para viverem 30 anos ao largo da costa brasileira.
A P-62 deixou, segunda-feira, o Porto de Suape, em Pernambuco rumo às águas de Campos, onde vai operar no campo de Roncador.
A P-61 deixou o porto de Angra dos Reis, a caminho do vizinho campo de Papa-Terra, onde vai operar ao lado da P-63, que chegou em novembro à sua locação.
E a P-55, que já está em Roncador, terminou os trabalhos das primeiras ligações e entra em produção.
As três, juntas, vão produzir quase meio milhão de baris de petróleo, a cada dia.
O que é um acréscimo de mais de 20% na produção de petróleo no Brasil – e olhe que nenhuma delas vai operar na nova fronteira do pré-sal.
Este aumento não virá de uma só vez, nem rapidamente.
O processo de ligação das plataformas à dúzia – ou mais – de poços que a ela se conectarão é lento e meticuloso.
Vai ocorrer ao longo de 2014.
O que vai ser rápido é a ocupação que eles, no mar, deixam nos estaleiros nacionais.
Em março, uma nova leva de navios plataforma começam a ser feitos ou equipados.
Nada é rápído como um pregão de bolsa ou  como o overnight.
Mas produz riqueza real.

Por Fernando Brito

Artigo semanal de Leonardo Boff

Mauro Santayana é um dos jornalistas mais eruditos do jornalismo brasileiro. Sempre comprometido com causas humanitárias, contundente e dotado de um estilo de grande elegância. Somos colegas como colunistas do Jornal do Brasil-on line. Recentemente, no dia 17/12/2013, publicou um artigo sob o título HAMEUS PAPAM  com o qual me identifiquei imediantamente. Sofro ataques imbecis de que sou comunista e marxista, como se para um teólogo com 50 anos de atividade, fosse uma banalidade fazer esta acusação. Sou cristão, teólogo e escritor. Marx nunca foi pai nem padrinho da Teologia da Libertação que ajudei a formular.

O atual anticomunismo  revela a anemia de espírito e a pobreza de pensamento  que  estão prevalecendo como disfarce para esconder o desastre que significa a economia de mercado, altamente predadora da natureza e agressora de todo tipo de direitos humanos e agora numa crise da qual não sabem como sair.

Há tempos o Zürcher Zeitung, o maior jornal suiço e pouco depois o Times diziam que o autor mais lido hoje é Marx. Não só por estudiosos, mas por banqueiros e financistas conscientes que querem saber por que seu sistema foi a falência e por que tem tantas dificuldades em sair dele, se é que encontram uma saída que não signifique mais sacrificio para a natureza (injustiça ecológica) e para a humanidade já sofredora (injustiça social). Hoje mais e mais se percebe que este sistema é anti-vida, anti-democracia e anti-Terra. Se não cuidarmos poderá nos levar a um abismo fatal. É uma reflexão que faço contra meus acusadores gratuitos e faltos de razão. Penso às vezes que Einstein tinha razão quando disse:"Existem dois infinitos:um do universo e outro dos estultos; do primeiro tenho dúvidas, do segundo, absoluta certeza". Estimo que muitos dos anticomunistas atuais se inscrevem nesse segundo infinito. É fácil serrar árvore caída e convardia chutar cachorro morto. Pensemos, antes, no presente com sentido de responsabilidade, unidos face a um feixe de crises que nos poderá levar a uma tragédia ecológico-social. Como fazer tudo para evitá-la e garantir um futuro comum para todos, inclusive para a nossa civilização e para nossa Casa Comum. Essa é a questão maior a ser pensada e sobre ela inaugurar práticas salvadoras e não distrair-se com discutir um comunismo inexistente, morto e sepultado.

Leonardo Boff

Humor - 2014

Putz...me lembro de 2013 como se fosse ontem.

É oficial: só vou beber durante esse restinho de ano (364 dias).

Humor - 2014

Putz...me lembro de 2013 como se fosse ontem.

É oficial: só vou beber durante esse restinho de ano (364 dias).

A solidariedade é a outra face dá injustiça, Miruna Genoino

247 - Nenhuma dor cala tão fundo na alma de uma pessoa quanto a sensação de injustiça. No entanto, para todos aqueles que já viveram essa experiência, quase sempre houve um reverso da moeda: a solidariedade, que, muitas vezes, chega de onde menos se espera.

Em 2013, o deputado José Genoino foi alvo de uma das maiores injustiças já cometidas no Brasil. Sem patrimônio e com uma história de vida dedicada à construção de uma sociedade mais igualitária, foi condenado à prisão por ter sido avalista de um empréstimo tomado pelo Partido dos Trabalhadores – empréstimo este reconhecido como legítimo pelo Banco Central e pago pelo PT.

Perseguido pela mídia e achincalhado até em programas de humor, como o CQC, que chegou a usar uma criança para ludibriá-lo, Genoino teve a seu lado, em todos os momentos, uma fortaleza: a filha Miruna, que protestou publicamente contra todas as arbitrariedades cometidas por Joaquim Barbosa, na condução da Ação Penal 470.

E que não foram poucas. Genoino, como se sabe, foi classificado como "01" na lista de pessoas que deveriam ser presas. Sem qualquer razão, foi transferido para Brasília para uma prisão em regime fechado, embora estivesse condenado ao semiaberto.

Embora tenha conseguido sair da Papuda, Genoino vive hoje uma situação atípica: é talvez o único preso no mundo que cumpre "prisão domiciliar" fora de seu domicílio. O motivo: Barbosa negou a ele o direito de regressar ao próprio domicílio – uma casa modesta, lembre-se, no bairro do Butantã, em São Paulo. E ainda avisou que, em fevereiro, voltará a prendê-lo – o que levou Miruna a protestar contra essa modalidade de tortura judicial (leia mais aqui).

Barbosa, como se sabe, não teve tempo para prender Roberto Jefferson, um condenado que, ao contrário de Genoino, não tem mais direito a nenhum tipo de embargo. E que confessou ter administrado um caixa dois de R$ 4 milhões do PTB. No dia 30, sem tempo, Barbosa participou de um "sambão" no Rio de Janeiro e cumpriu uma agenda que mais parecia a de um candidato.

As injustiças são flagrantes e o que espanta já não é a conduta do cada vez mais político Joaquim Barbosa, mas sim o silêncio de seus outros dez colegas no Supremo Tribunal Federal, que ainda são juízes.

Miruna, portanto, teria todas as razões para protestar. Mas preferiu agradecer por ter descoberto o reverso da moeda da injustiça: a solidariedade!

Abaixo, seu texto distribuído na internet:

Aos meus queridos amigos e amigas que nos acompanharam em nossa jornada de 2013,

Nos muitos abraços e beijos que eu e minha família recebemos especialmente no último mês, a maior parte das mensagens nos transmitiu… "Que 2014 seja mais leve que 2013″, "Que em 2014 vocês encontrem um pouco de paz", "Que no próximo ano você e sua família tenham uma vida mais tranquila"… o que me fez pensar em como ficou claro para todos que nos amam, o quanto este ano cujos dois dígitos formam um número tão especial e importante para nós, foi um ano especialmente cansativo. E duro, muito duro. Mas nessa minha mensagem para desejar um feliz ano novo, não quero relembrar o que tivemos de duro e injusto, que não foi pouco. Quero agradecer a este ano que termina porque 2013, para todos da família Genoino, foi o ano da solidariedade e da generosidade.

Em nome de todos os pequenos e grandes gestos que vivenciamos nos últimos meses, é preciso dizer muito obrigada. Para você que votou em Genoino 1313 e se orgulhou quando ele assumiu seu mandato na Câmara dos Deputados, e que esteve próximo de seu mandato, participando de conversas e discussões, meu muito obrigada. Para você que encontrou com meu querido pai na rua, na feira, no sacolão, no Violeta, no sapateiro, em tantos lugares, e foi até ele dar um abraço carinhoso de apoio e respeito, meu muito obrigada. A você, que sofreu conosco quando no dia 24 de julho o coração Genoino parou momentaneamente para que, mantendo a circulação sanguínea em uma máquina, pudesse ter seu gravíssimo problema corrigido, obrigada… e a você que rezou, pediu, acompanhou a recuperação ainda não concluída de meu pai, e a vocês, que cuidaram, costuraram, preparam, enxugaram, medicaram meu pai, muito obrigada. Obrigada.

Para você que nos ajudou de formas tão infinitas e variadas desde aquele dia 15 de novembro, telefonando, publicando em redes sociais, manifestando indignação, indo conosco até a polícia federal, gritando a plenos pulmões o seu apoio ao guerreiro, meu muito obrigada. Obrigada a você que trocou sua foto de perfil por uma de meu pai, que publicou no facebook sem medo de aguentar discussões e comentários alheios, que curtiu minhas postagens e enviou palavras carinhosas por meio dos comentários… obrigada de coração. Foram tantos e infinitos gestos, desde ajudar a cuidar de meus preciosos filhos, acampar em frente ao presídio e no STF, escrever um artigo verdadeiro e cheio de beleza, providenciar uma comida gostosa para a família, levar um bolo quentinho quando tudo parecia desmoronar, que o obrigado parece pequeno, pequeno demais.

Hoje não vou chorar por 2013 e suas injustiças, hoje, se eu chorar, o que é muito provável, vai ser de alegria, porque neste ano nós encontramos a verdadeira essência do ser humano: a capacidade real e autêntica de saber construir formas tão únicas e especiais de dar diferentes significados à palavra SOLIDARIEDADE.

Feliz 2014 a todos!

Miruna Genoino

Evitando mortes no trânsito

Esse cidadão agiu, não foi omisso como muitas vezes somos.
Se concorda, compartilhe.

Chá de bebê

Pensou em levar o que, abestado?...

Dica de tarde

Seja sempre gentil.
As vezes são as pequenas gentilezas que ocupam mais espaço no coração de alguém.
Ok?

A felicidade é coletiva

Ou não é felicidade.

A amarga beleza do tempo que nos burila, desgastando, é ser peneira.
Melhor, batel.
Aquelas cuias em que a água roda,roda, roda, leva a lama e a poeira e deixa apenas as faíscas, luzentes, que antes de encantarem os homens com seu valor tiveram valor por encantá-los.
Não há um ano que termina, nem outro que começa.
Há apenas a parada reflexiva, o tempo de olhar para o que não olhamos nos outros dias, nas suas iguais vinte e quatro horas, nas suas idênticas meia-noites.
Divido a minha, com vocês, meus parceiros de todos os dias.
Não sou um sabichão a deitar conceitos sobre política e economia.
Cada coisa que afirmo não apenas custa ler, pesquisar, duvidar como também me deixa dúvidas que a temeridade necessária atropela.
Mas, como vocês, tenho lá minhas certezas.
Tem um guri ali, tão doce, dormindo o sono que só as crianças sabem dormir.
Tem outro lá em São Paulo,  que não é doce por puxar o pai, mas que neste dia há de estar doce,  porque tem um filho a caminho e vai, agora, acabar de me compreender e, talvez, perdoar os erros.
E ainda outra lá, no meio da neve, na sua bolsa de pós-pós-mais alguma coisa, que conquistou com sua dedicação persistente, que só uma dedicação persistente passaria anos a dissecar insetos e me escolheria como pai.
Vejo, nos três, como viver com razão fez deles uma mulher, um homem e um menino bons.
Meus filhos – e sei que não os ofendo ao dizê-lo – não são melhores do que qualquer vivente deste mundo.
Mas como todos os viventes deste mundo, são pedaços da grandeza humana.
O mais novo ganhou no Natal um joão-bobo, destes de super-heróis, e não se animou a socá-lo.
“Por que eu tenho de bater nele, pai?”
Como descrer do mundo ouvindo isso?
As dores, sofrimentos, desentendimentos de  mais de meio século de vida foram-se, como a poeira e o barro no batel.
A vida faísca ante meus olhos.
Não a minha.
A própria vida é ouro de tolo, fugaz e vácuo, um nada.
O egoísta é um poupador de moedas, que dedica a existência a cuidar de coisas de pouco valor.
A felicidade é coletiva, ou não é.
Se não projetamos ou desejamos projetar para todos nossas pequenas alegrias,  elas se tornam amargos privilégios.
Se não formos um país, se não formos uma nação, seguiremos sendo selvagens.
Selvagens, diga-se, com muito bons modos, mas selvagens que se nutrem de infelicidade de milhões.
Comecemos 2014 celebrando o que somos capazes de reter, quando o tempo nos vai sublimando.
Vão-se os ódios, as intransigências.
Das certezas rasas sobre tudo sobram apenas as profundas e preciosas sobre o que realmente importa.
Talvez, entre estas, nada seja mais importante do que aquela que nos serve de energia para não esmorecer.
A certeza de que a história humana é essa busca por felicidade.
E que ela é um sol que não se alcança, mas que nos ilumina e orienta.
Que morre no final do dia, mas sempre renasce na manhã e banha a todos.
E a manhã, agora, aqui, no Rio, faísca como a esperança.
Um bom dia, um bom ano, um 2014 onde todos caminhemos para o sol, nessa inevitável busca  pela felicidade.
por Fernando Brito no Tijolaço

Prá começar o ano dicunforça


  • Nu forró da entrada du anu, coma aquela gororoba inté inxer u buxu. É prá dá sorte, mas cuidadu, sinão dá gastura.
  • Tomi um burrim e tira o gosto cum passarinha ou panelada quié prá num perdê a mania.
  • Refrita sobre as besteras do anu passadu e reboli nu mato us maus pensamentu.
  • Murxe a urêia, respire fundo e grite bem artu: Sai Mundiça!!!
  • Num isqueça du gritu de guerra quié prá dá mais sorti: Queima raparigal, Rasga baleia!!!
  • Agora é só levantá a cabeça e disimbestá nu rumu da venta qui vai dá tudo certo im 2014, afiná de conta ocê é ciarenci. Respeiti cumu vai cê pai dégua esse 2014.
  • I prá us qui num são da terrinha, mais doidim prá cê, nossu deseju é qui sejam tão feliz quantu nois.
  • Um anu novo bem arretado prá ocês tudim!!!
  • Feliz Anu Novo manuvéi!
  • Um 2014 bem paidégua!

por Luciano Hortencio
Mais cunselhus cearencês>>>

Sobre o amor

No cearencês

Num fique inrolandu e arrudiandu prá xegá juntu di quem ocê gosta. Tomi rumo, avie, si avexe.
Dê um discontu prá peste daquela cabrita qui só bate fofo com ocê. Aperrei ela. Vai qui dá certo e um bruguelim réi amarelu.
Ocê é uma corralinda. Se inda num tem ninguém, num pegue quarquer marmota. Iscoia uma corralinda irguá ocê.
As cabritas num deve si aguniá. O certu é pastorá inté incontrar alguém pai-dé-guá. Num deve se atracá cum cabra peba, malamanhadu e fuleragi. U segredu é pelêjá e num desisti nunca. Num peça pinicu e dexe quem quisé mangá. Um dia aparece um maxuréi da tua bitola. 


Nudez masculina

O mal-estar
Uma das principais características do homem contemporâneo é que ele se sente extremamente desconfortável diante do corpo do homem contemporâneo.
Não, não como as mulheres que, expostas a séculos de padrões de beleza irreais e uma sociedade que cobra padrões estéticos um tanto quanto opressivos, acabam questionando a própria beleza e se cobrando de maneiras absolutamente injustas. Não, o homem contemporâneo não se sente tão desconfortável diante do próprio corpo – ainda que eu, com essa barriga, provavelmente devesse me sentir.
Na verdade, o homem, quando se sente desconfortável em relação ao corpo do homem, está quase sempre desconfortável com outro homem, não com ele.
Perceba. No banheiro, temos regras implícitas para o uso do mictório – você nunca deve usar aquele ao lado de um que já esteja sendo utilizado se puder usar outro. Temos momentos de desconforto em vestiários, porque um desvio de olhar num momento inadequado – “queria só ver onde tinha deixado minhas meias” – pode gerar momentos constrangedores.
Beijamos no rosto apenas pais e avôs, damos abraços apenas em amigos de longuíssima data, cumprimentando amigos normais com abraços tímidos, colegas com apertos de mão e conhecidos com acenos de cabeça que, quando usados em demasia, parecem um tic nervoso.
Ficamos desconfortáveis ante a visão de caras de sunga branca na praia, damos risadinhas babacas quando os caras do vôlei dão tapinhas uns nas bundas dos outros, tachamos de gay quem usa regatinha.
Isso acontece pelos mais diversos motivos, claro. Vivemos em uma cultura que, por muito tempo, viu demonstrações de afeto e de sentimentos como algo feminino. Homem não chora, homem não abraça e, se abraçar, não coloca a cabeça no ombro do amigo. Isso seria esquisito.
Claro, também vivemos numa sociedade que frequentemente ainda vê a homossexualidade como uma doença que pode ser contraída se você fizer contato visual com um pênis, ficar encarando um tórax ou assistir aquela cena de Crazy Stupid Love em que o Ryan Gosling tira a camisa, não como uma manifestação do desejo sexual do outro.

Mulher se sente assim

Aconteceu ontem. Saio do aeroporto. Em uma caminhada de dez metros, só vejo homens. Taxistas do lado de fora dos carros conversando. Funcionários com camisetas “posso ajudar?”. Um homem engravatado com sua malinha e celular na mão. Homens diversos, espalhados por dez metros de caminho. Ao andar esses dez metros, me sinto como uma gazela passeando por entre leões. Sou olhada por todos. Medida. Analisada. Meu corpo, minha bunda, meus peitos, meu cabelo, meu sapato, minha barriga. Estão todos olhando.
Aconteceu quando eu tinha treze anos. Praticava um esporte quase todos os dias. Saía do centro de treinamento e andava cerca de duas quadras para o ponto de ônibus, às seis da tarde. Andava pela calçada quase vazia ao lado de uma grande rodovia. Dessas caminhadas, me recordo dos primeiros momentos memoráveis desta violência urbana. Carros que passavam mais devagar do meu lado e, lá de dentro, eu só ouvia uma voz masculina: “gostosa!”. Homens sozinhos que cruzavam a calçada, olhavam para trás e suspiravam: “que delícia.” Eu tinha treze anos. Usava calça comprida, tênis e camiseta.
Agora, multiplique isso por todos os dias da minha vida.
Sei que para homens é difícil entender como isso pode ser violência. Nós mesmas, mulheres, nos acostumamos e deixamos pra lá. Nós nos acostumamos para conseguir viver o dia a dia.
Esses dias, estava sentada na praia vendo o mar, e dele saiu uma moça. Passou por um rapaz que disse algo. Ela só saiu de perto e veio na minha direção. Dei boa noite, ela falou que a água estava uma delícia, e conversamos um pouco. Perguntei se o cara havia lhe falado alguma besteira. Ela disse, “falou, mas a gente tá tão acostumada, né?, começa a ignorar automaticamente”.
O privilégio é invisível. Para o homem, só é possível ver o privilégio se houver empatia. Tente imaginar um mundo onde, por cinco mil anos, todos os homens foram subjugados, violentados, assassinados, podados, controlados. Tente imaginar um mundo onde, por cinco mil anos, só mulheres foram cientistas, físicas, chefes de polícia, matemáticas, astronautas, médicas, advogadas, atrizes, generais. Tente imaginar um mundo onde, por cinco mil anos, nenhum representante do seu gênero esteve em destaque, na televisão, no teatro, no cinema, nas artes. Na escola, você aprende sobre a história feita pelas mulheres, a ciência feita pelas mulheres, o mundo feito pelas mulheres.
No seu texto “Um teto todo seu”, Virgínia Woolf descreve por que seria impossível para uma hipotética irmã de Shakespeare escrever de forma genial como ele. Woolf diz:
“quando lemos sobre uma bruxa sendo queimada, uma mulher possuída por demônios, uma mulher sábia vendendo ervas… acho que estamos olhando para uma escritora perdida, uma poeta anulada.”

Como se sente uma muié

Aconteceu ontem. Saio do aeroporto. Em uma caminhada de dez metros, só vejo homens. Taxistas do lado de fora dos carros conversando. Funcionários com camisetas "posso ajudar?". Um homem engravatado com sua malinha e celular na mão. Homens diversos, espalhados por dez metros de caminho. Ao andar esses dez metros, me sinto como uma gazela passeando por entre leões. Sou olhada por todos. Medida. Analisada. Meu corpo, minha bunda, meus peitos, meu cabelo, meu sapato, minha barriga. Estão todos olhando.

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Aconteceu quando eu tinha treze anos. Praticava um esporte quase todos os dias. Saía do centro de treinamento e andava cerca de duas quadras para o ponto de ônibus, às seis da tarde. Andava pela calçada quase vazia ao lado de uma grande rodovia. Dessas caminhadas, me recordo dos primeiros momentos memoráveis desta violência urbana. Carros que passavam mais devagar do meu lado e, lá de dentro, eu só ouvia uma voz masculina: "gostosa!". Homens sozinhos que cruzavam a calçada, olhavam para trás e suspiravam: "que delícia." Eu tinha treze anos. Usava calça comprida, tênis e camiseta.

Agora, multiplique isso por todos os dias da minha vida.

Sei que para homens é difícil entender como isso pode ser violência. Nós mesmas, mulheres, nos acostumamos e deixamos pra lá. Nós nos acostumamos para conseguir viver o dia a dia.

Esses dias, estava sentada na praia vendo o mar, e dele saiu uma moça. Passou por um rapaz que disse algo. Ela só saiu de perto e veio na minha direção. Dei boa noite, ela falou que a água estava uma delícia, e conversamos um pouco. Perguntei se o cara havia lhe falado alguma besteira. Ela disse, "falou, mas a gente tá tão acostumada, né?, começa a ignorar automaticamente".

O privilégio é invisível. Para o homem, só é possível ver o privilégio se houver empatia. Tente imaginar um mundo onde, por cinco mil anos, todos os homens foram subjugados, violentados, assassinados, podados, controlados. Tente imaginar um mundo onde, por cinco mil anos, só mulheres foram cientistas, físicas, chefes de polícia, matemáticas, astronautas, médicas, advogadas, atrizes, generais. Tente imaginar um mundo onde, por cinco mil anos, nenhum representante do seu gênero esteve em destaque, na televisão, no teatro, no cinema, nas artes. Na escola, você aprende sobre a história feita pelas mulheres, a ciência feita pelas mulheres, o mundo feito pelas mulheres.

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No seu texto "Um teto todo seu", Virgínia Woolf descreve por que seria impossível para uma hipotética irmã de Shakespeare escrever de forma genial como ele. Woolf diz:

"quando lemos sobre uma bruxa sendo queimada, uma mulher possuída por demônios, uma mulher sábia vendendo ervas… acho que estamos olhando para uma escritora perdida, uma poeta anulada."

Desde o início do patriarcado, há cinco mil anos, as mulheres não tiveram liberdade suficiente para serem cientistas ou artistas. Woolf explica:

"liberdade intelectual depende de coisas materiais. … E mulheres foram sempre pobres, não por duzentos anos, somente, mas desde o início dos tempos."

Esse argumento não serve somente para mulheres: negros, pobres e outras minorias não poderiam ser geniais poetas pois, para isso, é necessário liberdade material.

(Para uma análise mais completa, recomendo: "Um teto todo seu" de Virgínia Woolf: A produção intelectual e as condições materiais das mulheres.)

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Embora o mundo esteja em processo de mudança, ainda existem menores oportunidades e reconhecimento para mulheres e minorias exercerem qualquer ocupação intelectual. Leitores de uma página do facebook sobre ciências ainda supõem que o autor seja homem e comentaristas de televisão não consideram manifestações culturais que vêm da favela como cultura de verdade.

É verdade: hoje, a vida é muito melhor, principalmente para a mulher ocidental como eu. Mas, mesmo sendo uma mulher livre e bem-sucedida vivendo em uma metrópole ocidental, ainda sinto na pele as consequências destes cinco mil anos de opressão. E, se você quiser ver essa opressão, não precisa ir nos livros de história. É só ligar a televisão:

Rio de Janeiro, 2013. Um casal é sequestrado em uma van. As sequestradoras colocaram um strap-on sujo, fedido de merda e mofo, e estupraram o rapaz. Todas elas, uma a uma, enfiavam aquela pica enorme no cu do moço, sem camisinha e sem lubrificante. A namorada, coitada, tentou fazer algo mas foi presa e levou chutes e socos.

Ao ver esta notícia, você se coloca no lugar da vítima (que sofreu uma das piores violências físicas e psicológicas existentes) ou no lugar de quem assistiu? Naturalmente troquei os gêneros: a violência real aconteceu com uma mulher.

Quantas violências eu sofro só por ser mulher?

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Na infância, fui impedida de ser escoteira pois isso não era coisa de menina. Fui estuprada aos oito anos. (Eu e pelo menos dois terços das mulheres que conheço e que você conhece sofreram um estupro e provavelmente não contaram para ninguém.) Sofri a pré-adolescência inteira por não me comportar como moça. Por não ter peitos. Por não ter cabelos longos e lisos. Desde sempre tive minha sexualidade reprimida pela família, pela sociedade, pela mídia. Qualquer coisa que eu pisasse na bola seria motivo para ser chamada de vadia. Num dos primeiros empregos, escutei que mulheres não trabalham tão bem porque são muito emocionais e têm TPM. Em um outro emprego, minha chefe disse que meu cabelo estava feio e pagou salão para eu ir fazer escova e ficar mais apresentável pros clientes. Decidi que não quero ser escrava da depilação e sou olhada diariamente com nojo quando ando de shorts ou blusinha sem mangas. Já usei muita maquiagem, só porque a televisão e os outdoors mostram mulheres maquiadas, e portanto é muito comum nos sentirmos feias de cara limpa. Você, homem, sabe o que é maquiagem? Tem um produto para deixar a pele homogêna, um pra disfarçar olheiras, outro para disfarçar manchas, outro para deixar a bochecha corada, outro para destacar a sobrancelha, outro para destacar os cílios, outro para colorir as pálpebras, outro para colorir os lábios. Quantas vezes você passou tantos produtos na sua cara só porque seu chefe ou seu primeiro encontro vai te achar feio de cara limpa? Quando estou no metrô preciso procurar um cantinho seguro para evitar que alguém fique se roçando em mim. Você faz isso? Quando vou em reuniões de família, me perguntam por que estou tão magra, e o que fiz com o cabelo e quem estou namorando. Para o meu primo, perguntam o que ele está estudando e no que está trabalhando. Na televisão, 90% das propagandas me denigrem. Quase nenhum filme me representa ou passa no teste de Bechdel. Todas as mulheres são mostradas com roupas sexy, mesmo as super heroínas que deveriam estar usando uma roupa confortável para a batalha. As revistas me ensinam que o meu objetivo na cama é agradar o meu homem. Enquanto você, menino, comparava o seu pau com o dos amiguinhos, eu, menina, era ensinada que se masturbar é muito feio e que se eu usar uma saia curta não estou me dando o respeito. Quanto tempo demorei para me desfazer da repressão sexual e virar uma mulher que adora transar? Quanto tempo demorei para me soltar na cama e conseguir gozar, enquanto várias das minhas colegas continuam se preocupando se o parceiro está vendo a celulite ou a dobrinha da cintura e, por isso, não conseguem chegar ao gozo? Quanto tempo demorei para conseguir olhar para um pau e transar de luz acesa? Quantas vezes escutei, no trânsito, um "tinha que ser mulher"? Quantas vezes você fechou alguém e escutou "tinha que ser homem"? Tudo isso para, no fim do dia, ir jantar no restaurante e não receber a conta quando ela foi pedida pois há cinco mil anos sou considerada incapaz. E tudo isso, porra, para escutar que estou exagerando e que não existe mais machismo.

Isso é um resumo muito pequeno do que eu sofro ou corro o risco de sofrer todo dia. Eu, mulher branca, hetero, classe média. A negra sofre mais que eu. A pobre sofre mais que eu. A oriental sofre mais que eu. Mas todas nós sofremos do mesmo mal: nenhum país do mundo trata suas mulheres tão bem quanto seus homens. Nenhum. Nem a Suécia, nem a Holanda, nem a Islândia! Em todo o mundo "civilizado" sofremos violência, temos menos acesso à educação, ao trabalho ou à política.

Em todo o mundo, somos ainda as irmãs de Shakespeare.

* * *

E você, leitor homem? Quando é abordado de forma hostil por um estranho na rua, pensa "por favor, não leve meu celular" ou "por favor, não me estupre"?

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Fotos: autorretratos por Claudia Regina.

***

Nota editorial: esse texto foi fechado para comentários, após ter mais de 3200 deles publicados. Além de sobrecarregar o servidor, a qualidade dos diálogos começou a se perder. Faremos agora um pente fino e os comentários ofensivos serão apagados. Em caso de dúvidas sobre a política de comentários, recomendo o recente artigo "Sobre dinâmicas saudáveis e atritos em nossa comunidade". Estamos fazendo nosso melhor para cultivar o espaço, mas somos poucos, humanos e falhos. Contamos com o apoio de vocês.

Gostaria de agradecer a postura bastante saudável e de bom senso da maioria da comunidade, que mostrou-se capaz de caminhar rumo a auto-regulação, votando positivamente as discussões mais construtivas e negativamente as que apenas geravam ruído. Por fim, compartilho a melhor notícia. Esse artigo já foi lido por mais de 600.000 pessoas, em menos de dois dias. Tivemos recorde histórico de visitas no PdH, com uma tema de grande relevância. Agradeço a Claudia pela imensa confiança em publicar seu relato conosco.

Abraços, Guilherme.

Claudia Regina

Largadora por vocação. Largou carreira, largou faculdade, largou Curitiba. Hoje mora no Rio mas quica pelo mundo, fotografando, tomando sopa e cochilando. Autora do blog Dicas de Fotografiafotógrafa e viajante.


Outros artigos escritos por 

Vida doméstica




Adoro massas cinzentas, detesto cor-de-rosa. 
Não me considero vítima de nada. 
Sou autoritária, teimosa, impulsiva e um verdadeiro desastre na cozinha. 
Peça para eu arrumar uma cama e estrague meu dia. 
Vida doméstica é para os gatos."

Frase 2013/2014



Não pedi nada durante a passagem do Ano Velho para o Ano Novo. 
Agradeci!
Joel Neto

Utopia, política e cidadania, por Murillo de Aragão

Cultivo uma utopia: a imposição exclusiva do financiamento cidadão de campanhas. Nada de recursos públicos nem doações de empresas. Partidos e políticos deveriam ir para as ruas e para a internet lutar por doações de indivíduos. Será assim, e apenas assim, que a política retomará o curso do bem e do interesse público. Nenhuma outra fórmula funcionará.

Com o financiamento cidadão de campanhas, partidos e políticos terão de convencer o cidadão a doar dinheiro para as suas campanhas. Serão obrigados a falar e a convencer, conforme fazem os “eletro-pastores”, que vendem seus produtos e pedem doações. Partidos teriam de se expor.
Alguns, como o valorizado PCO, têm uma militância minúscula, mas nem por isso deixam de recolher anualmente quase R$ 500 mil dos cofres públicos para existir. Assim, fica fácil. Pequenos partidos, grandes negócios.
O financiamento público exclusivo vai afastar ainda mais o político das ruas. Teremos políticos e partidos pendurados nas contas públicas e favorecidos por um precário esquema de controle e fiscalização. A cada ano, como fizeram em 2013, aumentarão as dotações orçamentárias e dependerão menos de militância. Filiados só serão importantes para a criação de partidos.
No Brasil, a campanha de Dilma Rousseff recebeu menos de R$ 3 milhões de pouco mais de 1.500 doadores. Já Barack Obama recebeu mais de US$ 200 milhões em doações de mais de 4 milhões de norte-americanos. É fácil ver onde a política interessa ao povo e onde não.
Na falta de vontade e coragem de se fazer uma reforma política, nós a estamos fazendo em fatias. Em 2014, o Supremo Tribunal Federal poderá declarar ilegais as doações de pessoas jurídicas às campanhas eleitorais. A medida é boa, mas está longe de ser a mais adequada, pois jogará a conta das eleições nos cofres públicos sem a devida contrapartida de empenho e exposição.
Já que a Justiça está fazendo a reforma política que o Congresso reluta em fazer, a solução – caso o financiamento público de campanha seja a única fonte de financiamento de partidos e candidatos – é que o critério de distribuição seja uma combinação de votos recebidos com o número de filiados. Que os recursos sejam exclusivamente geridos pelos partidos políticos e que as campanhas tenham limites de gastos claros.
Os recentes avanços – como a adoção da fidelidade partidária e a instituição da Lei do Ficha Limpa – foram extraídos a fórceps de suas circunstâncias. Novas circunstâncias terão de existir para que novos avanços, mais dramáticos e urgentes, se deem. As manifestações de junho passado nas ruas foram supervalorizadas no que tange à cidadania. Só que nos faltam interesse, educação e lideranças para que possam ocorrer avanços institucionais na esfera política e partidária.
Governos populares temem o embate com políticos. Preferem trair, a longo prazo, os interesses do povo a se indispor com a politicalha. Daí Lula, o mais popular e poderoso presidente da história do Brasil, não ter tido capacidade de encaminhar o tema. Faltou coragem de encarar o establishment político.
Sem povo e sem participação da sociedade, a política continuará a envelhecer rapidamente e a se desconectar ainda mais dos interesses do povo. Com lideranças sem disposição para olhar de frente questões críticas, como as mencionadas, continuaremos sendo menos do que poderíamos ser e sonegando, aos nossos descendentes, um futuro melhor.
Murillo de Aragão é cientista político - diabéisso? rsrsrs

Feliz 2014

Um processo político em dois tempos

Ação Penal 470 - Julgamento
Defesa de José Dirceu

O leitor irá encontrar o link - final da postagem - a história da luta que travei nos últimos anos para provar minha inocência. São os textos de minha defesa, além de depoimentos, artigos de minha autoria e de terceiros, análises e outros materiais que restabelecem a verdade dos fatos. Tudo começou em 13 de fevereiro de 2004, com a publicação pela revista Época de uma conversa gravada em vídeo de Waldomiro Diniz, então subchefe de Assuntos Parlamentares da Secretaria de Coordenação Política e Assuntos Institucionais da Presidência da República, com o bicheiro e empresário do ramo de bingos Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. A conversa foi gravada em 2002, antes portanto do início do governo Lula, quando Waldomiro não trabalhava na Casa Civil. Nela, Waldomiro Diniz pedia dinheiro ao bicheiro. Desde então, os acontecimentos que resultaram no meu julgamento pelos ministros do Supremo Tribunal Federal na Ação Penal 247, conhecida por ‘mensalão’, se precipitaram, numa torrente sem fim. Os arquivos estão divididos em duas partes. Na primeira, sob o nome cassação, vocês encontram um histórico analítico e muito resumido dos acontecimentos que resultaram na cassação do meu mandato pela Câmara dos Deputados em 1º de dezembro de 2005. No mesmo conjunto de documentos há ainda a íntegra do meu discurso, na sessão da Câmara que antecedeu à votação pela cassação, e uma Linha do Tempo que cobre todo este primeiro período até a aceitação da denúncia por parte do STF contra mim e outros 39 acusados, em 28 de agosto de 2007. Entre os textos desse período, destaco o livro Em defesa de José Dirceu (leia aqui), publicação preparada por amigos e companheiros que têm travado, ao meu lado, a luta para provar minha inocência, uma vez que ao longo desses longos anos, por mais que se tenha revirado minha vida em todos os seus aspectos, nada foi encontrado que pudesse me incriminar. No livro, são apresentados meus argumentos e minhas razões de forma simples e direta. Agradeço a todos pela iniciativa, um instrumento a mais para esclarecer os que pudessem ter alguma dúvida quanto à enorme injustiça cometida contra quem nada quer além de combater a injustiça e restabelecer a verdade.

O julgamento

Um segundo momento desse processo, que agora se aproxima do fim, contempla os textos, documentos, artigos e análises publicadas na imprensa ou no meu blog sobre o julgamento da Ação Penal 470. Aqui vocês encontram, sob o nome defesa/memorais, uma primeira apreciação sobre a denúncia do Procurador Geral da República com as acusações formuladas contra mim, as alegações finais sobre a Ação Penal 470 e os memoriais entregues pelos meus advogados de defesa, seguindo a ordem de datas da entrega desses documentos ao STF, da mais antiga para a mais recente. No final, sob o nome de artigos e análises, há um conjunto de textos tratando do processo em seus vários aspectos. Estou certo de que, após a leitura atenta desses textos e documentos, o leitor concordará comigo: não há uma prova sequer, nada que possa apoiar uma decisão condenatória. ??A convicção da minha inocência está presente e impregna o conjunto dos textos e documentos aqui publicados. Ela está baseada nos fatos e na consciência limpa que tenho sobre uma vida dedicada à política. À grande política, que busca dotar o país e o povo brasileiro das ferramentas e dos meios para que o Brasil seja, cada vez mais, uma democracia consolidada, sem miséria, em que as oportunidades se apresentem – de fato e de direito – iguais para todos.

Juiz não foi eleito. Não pode legislar

No esforço para convencer os brasileiros de que o Poder Judiciário tem o direito de tomar decisões que o artigo 1 da Constituição reserva aos representantes eleitos pelo povo, nossos comentaristas e observadores tentam passar uma justificativa nobre.

Dizem que a judicialização é um produto da omissão de nossos legisladores. A ideia é conhecida: já que nossos legisladores não cumprem  suas obrigações, a Justiça acaba sendo obrigada a intervir, bondosamente, até contra vontade, em defesa do cidadão.

Procurando dar um aspecto épico ao comportamento do STF, o ministro  Luiz Roberto Barroso disse recentemente que, em determinados casos, o tribunal “empurra a história.”

A menos que estejamos diante de uma concepção determinista da história não custa lembrar que a evolução da humanidade pode ser empurrada para um  destino positivo, mas também pode ser conduzida para trevas e abismos. Em 1964, a história andou para trás, com uma mãozinha do STF, que se acomodou ao poder militar. 

É curioso notar que se fala da omissão de nossos legisladores dias depois do país assistir a uma intervenção brutal da Justiça no debate sobre o aumento do IPTU em São Paulo.

Joaquim Barbosa, presidente do STF, manteve uma liminar do Tribunal de Justiça que suspende o aumento do IPTU.

Você pode dizer o que quiser desse IPTU. Pode xingar e pode elogiar. Pode achar que ele daria a Fernando Haddad os recursos de que ele necessita para encaminhar seu programa de gestão e que isso é ruim. Também pode achar que o novo IPTU vai revoltar a classe média e atrapalhar a votação  da Dilma Rousseff em São Paulo.

Só não se pode afirmar que a Câmara de Vereadores foi omissa. A Câmara recebeu a proposta, debateu e aprovou. Se alguma coisa se fez, foi andar rápido nessa matéria.

Suspender o aumento foi um ataque frontal a uma decisão inteiramente legítima.

O conteúdo social dessa decisão é uma caricatura da desigualdade brasileira.

Seria uma piada pronta, não fosse uma tragédia.

Na média, cada proprietário de imóvel teria um acréscimo de 50 centavos por dia no IPTU. Sabe aquela moedinha prateada que tanta gente procura no bolso para dar para aquela criança que estica o braço para dentro da janela quando o sinal estava fechado? Era isso, e apenas isso, salvo para aquelas pessoas que olham o mundo pelo olhar míope do impostômetro – numa atitude que os mais antigos chamariam  de egoísmo de quem perdeu até a alma.

Os moradores de bairros e residências pobres, equivalentes a 14% do total, ficariam isentos.

Considerando que o projeto nasceu na gestão de Fernando Haddad, eleito como 55% dos votos em 2012, não é difícil deduzir quem estava ao lado de quem neste debate.

Principal liderança política da campanha contra o aumento, o presidente da FIESP, Paulo Skaf, foi o mesmo que em 2007 teve um papel fundamental no levantamento de recursos que permitiram a extinção da CPMF pelo senado, desfalcando a saúde pública de 20 bilhões de reais. Havia até um elemento questionável nessa decisão, já que a Constituição afirma que a saúde é um direito de todos e um dever do Estado. Cabe ao Estado, portanto, encontrar meios para cumprir suas obrigações, o que só se pode fazer através de impostos e subsídios.

Mas o Senado, dominado por uma oposição interessada em quebrar as pernas do governo Lula, conseguiu ajuda de Skaf para tirar dinheiro da saúde pública.

Foi desastroso do ponto de vista popular. Mas não foi “omisso,” correto? Pelo contrário: foi “explícito,” foi “ativo”, foi “claro.”

Em proveito de quem meus caros?

Ao assumir atribuições fora de sua competência, o Judiciário disputa poder junto a representantes eleitos, favorece soluções autoritárias, às costas do eleitor, que pode até aplaudir uma medida aqui, desgostar de outra mais adiante, apedrejar uma terceira  – sem compreender que está sendo destituído da palavra final sobre o destino da nação.

Veja o que aconteceu com os royalties do petróleo. O Congresso resolveu, por ampla maioria, que eles deveriam ser divididos de uma forma mais equitativa entre os estados brasileiros. Essa medida não agradou a uma fatia dos eleitores dos Estados que iriam perder receitas e foi combatida duramente pela TV Globo.

Até hoje uma decisão soberana do Congresso brasileiro encontra-se parada no STF. Omissão de quem?

O mesmo Tribunal de Justiça que privou a prefeitura paulistana de um recurso extra de R$ 800 milhões definiu um programa de creches detalhado, prazos que devem ser cumpridos, metas e assim por diante.  Alguém já se perguntou  o que nossos juízes pretendem fazer com Fernando Haddad – autoridade eleita pelos paulistanos para zelar pelos interesses da cidade – caso o programa de creches do TJ-SP não for cumprido?

Em outro episódio, Haddad levou em frente um projeto de campanha e suspendeu o Controlar. O programa voltou, por decisão judicial.

Prefeito da maior cidade do país, Haddad deve explicações a Justiça ou aos eleitores?

Este é o ponto.

Como a maioria da população, tenho uma opinião bastante crítica sobre nossos legisladores. Muitos são menos preocupados com as necessidades do povo do que deveriam. Chegam a tomar atitudes que muitas pessoas encaram com um insulto e uma desmoralização. Nada disso justifica, no entanto, qualquer esforço para diminuir e enfraquecer seus poderes. Cabe debater regras eleitorais, procurar outros candidatos e assim por dinante. A menos, claro, que você não tenha percebido, ainda, que a democracia é o pior regime do mundo — com exceção de todos os outros.

E aqui chegamos a questão essencial.

Ao agir politicamente, a Justiça é obrigada, de uma forma ou de outra, a afastar-se de seu princípio essencial, da isenção, da balança, do equilíbrio, para tomar partido, escolher um lado.

Em editorial onde admite o problema, a Folha de S. Paulo chega a pedir “equilíbrio”  ao Judiciário. Referindo-se ao programa de creches do Tribunal de Justiça, o jornal adverte:

“Se terminar usurpando competências do Executivo e ambicionar, em substituição ao governo, conduzir a política educacional, a decisão será desastrosa.

Em democracias consolidadas, tribunais se pautam pelo equilíbrio entre ativismo e autocontenção. Na jovem democracia brasileira, a busca por essa fórmula está em curso e dependerá, em boa medida, do sucesso (ou fracasso) de experiências como a do TJ-SP e da sobriedade dos ministros do Supremo Tribunal Federal.”

Vamos combinar que o simples fato de um jornal pedir “equilíbrio” ao Judiciário mostra que se chegou a um preocupante estado de desequilíbrio entre os poderes. É sintomático que o jornal tenha reconhecido isso.

A verdade é que não estamos diante num debate sobre a “melhor forma” de administrar a cidade, numa espécie de seminário entre cidadãos bem intencionados, onde é preciso encontrar o “ponto certo” num universo “complexo” e outros argumentos que parecem acadêmicos.   

A discussão é política e envolve interesses concretos. Também envolve os fundamentos do poder de Estado. Colocado contra a parede em três decisões grades de sua gestão, Fernando Haddad enfrenta uma situação que está longe de ser única.

A judicialização ocorre em dezenas de cidades médias brasileiras, onde prefeitos são atingidos com frequências em seus mandatos e forçados a modificar ou suspender políticas que têm todo o direito de encaminhar como representantes eleitos pelo povo.

da lavra de Paulo Moreira Leita no site da revista IstoÉ

Joaquim Barbosa é um psicopata

Psicopatia não é sinônimo de criminoso, ao ouvir falar do termo psicopata muitas pessoas pensam em assassinos em séries ou pessoas que cometem crimes hediondos, ledo engano, psicopatas em essência são pessoas que não conseguem discernir emoções, logo é possível encontrar psicopatas entre pessoas bem sucedidas que no geral não despertam nenhuma suspeita, como na política, grandes empresas e até mesmo em instituições religiosas.
9 – Ausência de emoções.
Com certeza a característica mais marcante da psicopatia. Psicopatas são incapazes de enxergar certas emoções, assim como os daltônicos não conseguem ver certas cores, o que os tornam pessoas extremamente frias e egoístas. Indivíduos com esse distúrbio tratam pessoas como objetos que podem ser descartados, não entendem o significado de ‘bem comum’ (se tiver tudo bem pra eles, então tudo estará bem) e são capazes de presenciar cenas macabras sem apresentar nenhuma alteração fisiológica, como suor nas mãos, coração acelerado, tremores até náuseas e vômitos. Para eles o medo é algo incompleto, superficial e não está associado a alterações corporais.
8 – Então o que eles sentem?
Devido a essa ‘pobreza emocial’ são eles incapazes de sentir amor, compaixão e o respeito pelo outro. Em momentos como esses apresentam todo tipo de encenação. Confundem o amor com pura excitação sexual, tristeza com frustração e raiva com irritabilidade, são bem superficiais. Resultados de uma pesquisa revelam que diferente das pessoas comuns, os psicopatas apresentam atividade cerebral reduzida nas estruturas relacionadas às emoções em geral e em contrapartida, um aumento na atividade nas regiões da cognição (capacidade de racionalizar). Assim pode-se dizer que são muito mais racionais que emocionais.
7 – O perigo mora ao lado.
Estima se que de 1% a 4% da população mundial apresente o chamado ‘transtorno de personalidade anti-social’, mas que não se manifesta de forma violenta, não se engane por isso, pois o fato de não cometer ato violento não que dizer que ele não deixe um rastro de destruição até no grau mais leve da psicopatia. Entre a população carcerária esse índice chega a 20%. No Brasil há cinco milhões deles entre nós, não se surpreenda caso você conheça algum psicopata, com certeza você deve conhecer. Então não se esqueça, quando tiver que decidir em quem confiar, tenha em mente que a combinação de ações maldosas com frequentes jogos cênicos por sua piedade praticamente equivale a uma placa na testa de uma pessoa portadora deste transtorno.
6 – Psicopatas são mentirosos compulsivos.
todo mundo mente, isso é fato, mas psicopatas fazem isso o tempo todo, até para eles mesmos, talvez como uma forma de suprir o vazio dentro deles. Mentem com competência, e são capazes de dizer coisas contraditórias olhandos nos olhos de uma pessoa e não muito raro costumam fingir que praticam certas profissões como de médico ou advogado, usando e abusando de termos técnicos passando credibilidade, chegando ao limite de exercerem clandestinamente essas profissões, causando danos irreparáveis a terceiros. Com uma imaginação fértil e se focada sempre em si próprios, raramente ficam constrangidos ou perplexos quando são flagrados, apenas mudam de assunto ou tentam refazer a história para que pareça mais verossímil. Mentir, trapacear e manipular são talentos inatos dos psicopatas.
5- Psicopatas são charmosos e inteligentes.
Isso não quer dizer que psicopatas se vestem bem e são atraentes, mas sim que costumam ser espirituosos e bem articulados capazes de manipular pessoas mais vulneráveis. Por isso tornam-se líderes com freqüência, seja em presídios ou multinacionais, aliada a capacidade de mentir despudoradamente, os psicopatas conseguem se dar bem em entrevistas de emprego, conquista a confiança dos chefes e não raro exercerem cargos hierárquicos. Psicopatas possuem uma visão narcisista e supervalorizada de seus valores e importância (egocentrismo e megalomania) se vêem como o centro de tudo e tudo gira em torno deles.
4 – Ausência de sentimento de culpa.
Psicopatas não sentem culpa pelo que fazem, nem sentem medo de uma possível punição pelos seus atos, esses indivíduos não possuem nenhum encargo de consciência. Eles são capazes de verbalizar remorso (da boca para fora) e uma das primeiras coisas que aprendem é como demonstrar esse sentimento para atingir pessoas de bom coração. Inventam desculpas elaboradas que são capazes de mexer profundamente com os sentimentos nobres de uma pessoa. E pelo fato de serem egocentricos e megalomaniacos nunca se apresentam errados, colocando sempre a culpa nos outros.
3 – Ausência de empatia.
Empatia é a capacidade de considerar e respeitar os sentimentos alheios, de se colocar no lugar do outro. Como já se disse para os psicopatas, as pessoas são meros objetos ou coisas, que devem ser usados sempre que necessario para satisfazer seu prazer. Caso demonstrem possuir laço mais estreitos com alguém é certamente pelo sentimento de possessividade e não por amor. Psicopatas em estado mais elevado e grave, são capazes de torturar e mutilar vítimas com a mesma sensação de quem fatia um suculento filé-mignon.
2 – O ambiente influi no tipo de psicopata.
Mesmo os que defendem que a psicopatia é algo 100% genético, não se pode negar que fatores externos, sociais e familiares influenciam como o transtorno será expresso no comportamento do individuo, indo de estado mais leve até o mais grave de psicopatia. Psicopatas que cresceram sofrendo abuso ou presenciando agressões teriam uma probabilidade maior de usar suas habilidades para matar pessoas. Já aqueles que cresceram em famílias equilibradas e não tiveram grandes dramas na infância, teriam uma probabilidade maior de transformar naqueles que mentem, roubam, trapaceiam, mas não chegam a praticar o ato violento criminoso em si.
1 – Psicopatia não tem cura.
Por acharem que não fazem nada de errado, psicopatas repetem os seus erros e tendem a reincidir três vezes mais que os criminosos comuns, ou seja, punições não servem de nada contra eles. Também não existem tratamentos comprovados nem remédios que façam efeito, mas tudo isso não quer dizer que eles devem ser punidos, pois possuem plena consciência de que seus atos não são corretos. O que se deve ter é o consentimento de que certas pessoas podem não ser confiáveis ou ser quem esperamos, além de ficar atento aos sinais claros e próprios dos psicopatas.
por Tamára Baranov
Depois de ler essas características de um psicopata, lembrou do capitão-do-mato - Joaquim Barbosa -?...
É o retrato dele.
O profissional que o reprovou nos testes psicológicos do Instituto do Barão do Rio Branco - Itamaraty -, sabia muito bem o que estava fazendo.
Como a pessoa que o indicou a Lula para o cargo de ministro do STF poderia imaginar uma coisa dessa?