Confraria da selic


Desde 1999, quando foi instituído o sistema das "metas inflacionárias", criou-se a chamada "confraria da Selic", um conjunto de economistas, incrustrados em consultorias e departamentos econômicos de instituições financeiras, elaborando análises recorrentes sobre os rumos da taxa de juros e apostando permanentemente na sua elevação.
Não se trata do mercado financeiro como um todo, mas de um grupo que gira em torno das tesourarias de bancos e de grandes empresas. O sistema bancário é mais que isso. Existem os grupos que trabalham em área de crédito, do mercado de capitais, das operações estruturadas, que exigem um conhecimento mais sofisticado.
A introdução do sistema de metas inflacionárias consagrou um tipo de análise que, alguns anos atrás, classifiquei genericamente como de "cabeça de planilha". Eram planilhas matemáticas, definindo algumas correlações mecânicas - muitas delas jamais comprovadas - entre taxas de juros e inflação, câmbio e preço de commodities, taxa Selic e nível de atividade, mudanças nos ativos internacionais e câmbio.
Enquanto a economia internacional e os mercados bombavam, subindo sempre, parecia que as planilhas funcionavam. Era um mundo sem sobressaltos, embora já inoculado pelo vírus que, a partir de 2008, explodiria em grandes desequilíbrios.

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