Estou no hospital Sarah Kubitschek, em Brasília, onde vim trazer minha mãe, de 74 anos, que sofre de um problema crônico de coluna.
Ela ficou surpresa quando lhe falei, em meio aos corredores assépticos do lugar, que todo essa belezura é do SUS.
Ela, que foi convencida por parte da família de que errou ao votar em Dilma, nunca foi informada de que a turma antipetista é a favor da privatização da saúde.
É anti-Sarah.
Minha mãe veio fazer tomografia computadorizada e ressonância magnética, que ela agora sabe ser um serviço do SUS, esse sistema público que esquerdistas e petralhas defendem, há três décadas, das investidas de tucanos e afins, sob gritos de "vai pra Cuba!".
Enquanto ela é atendida, procuro um defeito qualquer no Sarah.
Tarefa difícil: do atendimento à limpeza, tudo é impecável.
Mas nem tudo é perfeito.
Em todas os aparelhos de TV do hospital (contei 8, apenas por onde transitei com minha mãe, calculo que sejam uns 50), uma única programação à disposição de pacientes e acompanhantes: a TV Globo.
A Globo, essa que odeia o SUS.
A anti-SUS.
Nas telas, matéria sobre o psicopata que matou 35 mulheres em Goiânia.
Em seguida, a correspondente de sotaque carioca caricato, em Londres, mascando palavras sobre a guerra na Síria.
Realmente, ótima programação para uma audiência basicamente composta de pessoas sob tratamento de graves lesões ortopédicas, boa parte dela em cadeiras de rodas.
O SUS dando audiência à TV Globo, depois de 13 anos de governos petistas.
Começou um outro programa.
Dois patetas estão imitando o sotaque da periferia de de São Paulo. Acho que se acham engraçados.
Do meu lado, uma menina de uns 10 anos choraminga no colo da mãe. Tem a perna enfaixada e está com medo.
Eu também.
O Brasil é mesmo um país doente.
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