Era FHC e Era Lula: não bastou o capital ganhar, o salário crescer é imperdoável

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Outro dia ainda mostrou-se aqui a elevação da renda dos mais pobres no Brasil. Praticamente dobrou desde o início da chamada “Era Lula”.
Mas não foi só a deles, foi toda a renda do trabalho.
Não que tivesse caído ou deixado de crescer, em ritmo até maior, a renda do capital, garantida pelos juros sempre elevados do Banco Central, embora menor, claro, que no período FHC.
Continuaram ganhando muito. Apenas um pouco – bem pouco – menos que antes
É bom para que se entenda o que torna os governos de inspiração trabalhista tão odiosos a esta gente. Eles não querem muito, somente. Querem tudo.
Os gráficos e o texto abaixo são do blog do Professor Fernando Nogueira da Costa, da Unicamp:

Renda do Capital versus Renda 
do Trabalho: 2003-2014 X 1995-2002

Fernando Nogueira da Costa (trecho)
No período 1995-2002, o juro nominal elevou-se 24,6%, em média anual, face a uma taxa de inflação média de 9,1%, resultando em uma elevação média anual do juro real de 15,1%. O rendimento médio real dos trabalhadores teve uma queda anual média de -1,05% ao ano. A renda do capital financeiro multiplicou seu poder aquisitivo real em 3,2 vezes. Enquanto isso, a renda do trabalho perdeu 16,6% do seu poder aquisitivo.
Entre 2003 e junho de 2015, o crescimento médio anual do juro nominal foi mais do que o dobro do IPCA: 13,2% ao ano. contra 6,1%. Desde 2005 até 2014, a taxa de inflação ficou dentro do teto da meta de 6,5%. Mesmo assim, em todo o período considerado, com o ano corrente projetado (2003-2015), a política de juro concedeu um juro real médio anual de 6,6% aos investidores. Em contrapartida, as variações do salário real restringiram-se à média anual de 1,1%. Então, foi 6 vezes maior o crescimento real da renda do capital do que o da renda do trabalho.
Portanto, constata-se na história recente brasileira, a posteriori, um exagero do juro ex-post, isto é, deflacionado pelo IPCA. Evidentemente, ele tem um impacto distinto do juro real ex-ante (esperado) que influencia as decisões na época de sua fixação. NaEra Neoliberalfoi 2,7 vezes maior do que a taxa de inflação média. Na Era Socialdesenvolvimentista, foi 2,2 vezes maior. A queda do salário real na Era do Livre-Mercado (sic), foi de -16,6%, ou seja, percentual igual e contrário ao da sua elevação de +16,3% na Era da Hegemonia Trabalhista.