Economia

A instabilidade na economia mundial

As grandes crises internacionais em geral têm dois tempos: o da eclosão da crise propriamente dita e o pós-crise. O primeiro tempo é o da perda de rumo. A crise explode, pega autoridades desprevenidas, exige uma operação rápida de salvamento.
Ocorre que permanece a influencia dos setores que dominaram o ciclo anterior, impedindo soluções definitivas. Fica um rescaldo que acaba gerando um segundo tempo da crise, ate que se tenha a solução final para ela.
Ocorre em 1929. Depois do crack da Bolsa de Nova York seguiu-se um período de guerras comerciais e cambiais que agravaram ainda mais o quadro econômico mundial. A solução fina viria apenas no final da Segunda Guerra.

Esse processo ameaça se repetir agora.
Primeiro, houve a grande explosão do sistema financeiro, com a especulação desenfreada no chamado mercado de derivativos. Seguiram-se políticas públicas muito mais focadas em salvar o sistema financeiro do que recuperar a economia real.

Em conseqüência do enfraquecimento da Economia real, o excesso de dinheiro despejado nos bancos não se transformou em crédito. Acabou sendo canalizado para jogadas especulativas km commodities e moedas,
Esse movimento pegou o Brasil de duas maneiras. De um lado, explodiu uma especulação com commodities beneficiando a balança comercial brasileira. Em geral, quando as commodities aumentam de preço ocorre uma apreciação do real em relação ao dólar – e vice-versa.
O segundo movimento foi o de apreciação adicional do real, com a especulação com moedas, decorrente desse aumento da liquidez internacional.

Agora está se chegando ao fim do primeiro tempo da crise mundial e iniciando o segundo.

Na semana passada, reunidas em Basileia, Bancos Centrais de vários países manifestaram a preocupação com o estouro das bolhas de commodities e com a situação das economias emergentes – bastante beneficiadas pelo aumento das commodities. No caso da América Latina, as commodities representam 50% das exportações.
A visão preponderante no encontro é a de que a economia mundial deverá melhorar este ano, com os países avançados se recuperando, mas os emergentes sob luz amarela. O principal risco para 2011, segundo os dirigentes, é o da volatilidade no mercado de commodities.

Na semana passada, houve queda generalizada no mercado de commodities, da prata ao algodão. A prata perdeu 30% de seu valor; queda foi de US$ 12,00 no barril de petróleo. Ao mesmo tempo, a questão fiscal tornou-se um problema para a maioria das economias avançadas e, especificamente, para pequenos países europeus, como Grécia e Portugal.

Teoricamente, ficam pairando no ar vários fatores capazes de provocar uma desvalorização do real:
1. A queda nos preços das commodities agrícolas.
2. As crises fiscais nacionais, aumentando a percepção de risco no mercado internacional. Embora o Brasil tenha uma situação fiscal sólida, o aumento dessa percepção de risco acaba provocando fugas de recursos de países emergentes.
3. O provável aumento das taxas de juros dos países centrais, reduzindo o espaço de arbitragem para operações externas com reais.

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