por Zé Dirceu

Uma análise equivocada da crise econômica mundial
Publicado em 13-Jul-2011
Concordo com alguns pontos, mas julgo equivocadas a maioria das conclusões sobre a crise econômico-financeira mundial expostas por Martin Wolf, editor e principal comentarista econômico do Financial Times (FT) em seu artigo "Da Itália aos EUA: realidade x utopia", transcrito pela edição de hoje do Valor Econômico.

Na verdade, a queda da arrecadação que ele apresenta como "resultado predominantemente de colapsos na atividade econômica e nas receitas", é conseqüência direta de uma só causa:  a crise financeira imobiliária e dos derivativos. Logo o argumento de Wolf não se sustenta,

Ele se apega aos números para dizer que só 42% do novo déficit americano de mais de US$ 1,6 trilhão vem da ajuda aos bancos e os outros da queda da arrecadação que, repito, só aconteceu por causa da aventura dos derivativos que levou a uma queda do PIB em todos os países por ele citados, começando pela Espanha e Grã-Bretanha.

Pagando a crise duas vezes


A crise fiscal que vemos nesses países é um legado de farras de endividamento dos setores público e privado ocidentais nas últimas décadas. As questões levantadas por Wolf, como a posição da direita americana e a moeda única, só agravaram a situação, nada mais.

Pior, tendem a fazer com que a conta seja paga duas vezes pelo trabalhador e pequeno empresário: na crise e agora no ajuste. Um verdadeiro crime!

Concordo, no entanto, com a conclusão de Wolf: "Estes são tempos perigosos. Os EUA podem estar à beira de cometer um dos maiores e menos necessários erros financeiros na história mundial. A zona do euro pode estar à beira de uma crise fiscal e financeira que não apenas destruirá a solvência de importantes países como até mesmo a união monetária e, na pior das hipóteses, grande parte do projeto europeu."

Não deixem de ler no Valor este artigo "Da Itália aos EUA: realidade x utopia".

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