Europa

POPULISMO DE DIREITA CRESCE!

El País 

1. Quando um partido populista, eurofóbico e anti-imigrante triunfou nas eleições gerais da Finlândia, semanas atrás, muitos se perguntavam o que tinha acontecido em um dos países símbolo da tolerância e do bem estar. Quando olharam ao redor, perceberam que os finlandeses não estavam sozinhos. Viram que no mapa da Europa proliferavam partidos que no passado foram considerados desvios políticos por seu radicalismo, mas que atualmente cativam boa parte do eleitorado. Em vários países europeus tornaram-se a terceira força mais votada.

2. Na França, as pesquisas preveem para eles um futuro brilhante. Marine Le Pen e Geert Wilders aguçam o temor da chamada Eurábia, a chegada dos muçulmanos. Alguns analistas chamam os extremistas de "partidos de protesto" porque sua missão é colher o desapontamento. Finlândia, Holanda, Noruega, Suécia, Itália, França... A lista dos países com uma ascensão de partidos populistas de direita é longa. E maior ainda é a sombra projetada por estas formações sobre os partidos tradicionais, que cada vez mais adotam algumas das teses extremistas a procura dos votos que sentem terem sido roubados pelos populistas, alertam os especialistas.

3. O populismo de direita apresenta diversas formas na Europa. Há, no entanto, denominadores comuns entre os que se destacam o eurocepticismo e a xenofobia, que vem a ser rejeitar os imigrantes muçulmanos. É comum também a presença em suas fileiras de um novo tipo de líderes, que têm pouco a ver com seus antecessores da mesma linha. Os novos políticos populistas são mais jovens - a maioria com cerca de quarenta anos - mais modernos e mais bonitos. Eles são carismáticos e tendem a ser grandes oradores. Conseguem distanciar-se do passado sombrio de seus partidos observando sua linguagem, com a qual são capazes de transmitir ideias xenófobas sem utilizar a linguagem rude e racista do passado. Eles finalmente conseguiram fazer ideias aceitáveis e digeríveis que até recentemente tinham pouco espaço no debate político.

4. Souberam capitalizar o cansaço dos eleitores com os partidos tradicionais, que perderam a capacidade de se conectar com o público. São chamados por alguns analistas de “partidos de protesto", porque sua missão principal é colher a decepção dos outros. E se arriscam com as polêmicas que os partidos tradicionais preferem evitar. Porque os eleitores querem ouvir falar sobre aquilo que os preocupa, e a imigração parece ser um desses temas.

5. À primeira vista poderia parecer que a crise econômica e financeira, que tem semeado o medo diante de um futuro sombrio, poderia jogar a favor dos extremos. Não é, no entanto, um fator determinante, dizem os especialistas. Basta olhar em que países o ressurgimento populista é mais forte. Holanda, Finlândia, Noruega e Alemanha, onde os discursos anti-imigração são mais bem-sucedidos do que nunca, foram apenas golpeados pela crise financeira, que destruiu outras economias europeias. Por isso, dizem os analistas, o verdadeiro problema virá no dia em que eles ganharem força nos países mais afetados pela crise, como Espanha, Grécia, Portugal, ou Reino unido. Se nestes países as taxas de desemprego seguirem tão elevadas como agora, e no futuro não houver melhorias econômicas, o terreno estará fértil para que os extremistas – tanto de esquerda como de direita – floresçam.

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