A passagem de Arthur


Começava um carnaval meio trôpego

Com a lama das minas ainda grudada em nós
Quando o pequeno Arthur
Fez sua passagem.

O carcereiro dá a notícia atroz

E sobre Lula desce um véu negro.
De todos as outras mortes nenhuma o abateu tanto.
E ela veio novamente, inexorável.
O pequeno Arthur fez sua passagem.

As outras mortes doídas as derrotas políticas, a prisão injusta. O desmonte das coisas que ele fez pelos pobres. O ódio insidioso dos fascistas deformados. De todos os revezes, nenhum outro doeu tanto. Uma criança inverte a ordem, desgraçadamente. O pequeno Arthur fez sua passagem.

Desprezados mundialmente pela sua crueldade

Os verdugos que antes impediram o adeus a Vavá
Agora correm para fazê-lo chegar a São Paulo.
Como Mandela, Lula assiste do cárcere
As monstruosidades que os bôeres de agora
Fazem para atingi-lo.
E Lula sofria tudo mas resistia em pé
Até saber que, abruptamente. 
O pequeno Arthur fez sua passagem.

Sabemos que é muito o que pedimos agora a você, velho amigo!

É muito porque você já nos deu tudo o que pôde.
Mas ainda assim queremos pedir que você resista em pé.
Os que querem matá-lo para matar o sonho do povo
Tem agora o que precisam.
Sabemos que é duro, irmão velho.
Mas não se entregue
Como diz o poeta,
Eles passarão, você passarinho.

Jorge Massarat

Todo mundo quer ser bom, mas da lua só vemos um lado 
Vida que segue...

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