Entrevista do pré-candidato Serra

A maioria das perguntas foi se caso eleito cumpriria o mandato e se tinha desistido do sonho presidencial. 

“Vou cumprir os quatro anos”, disse Serra. Não promete?, insistiu o repórter. “Eu vou cumprir os quatro anos, isso é mais que uma promessa.” Quanto ao sonho presidencial, Serra não repetiu o aliado Gilberto Kassab, que dissera que ele havia abandonado as pretensões. Preferiu dizer que o projeto está “adormecido”.
Pode disputar o Planalto na sucessão da sucessão de Dilma Rousseff?, quis saber um dos entrevistadores. Serra absteve-se de especular. Alegou que 2018 é um ponto muito longínquo no calendário (assista abaixo).
Serra foi inquirido também sobre uma indiscrição de Kassab. Conforme noticiado aqui, o mandachuva do PSD disse, em diálogos privados, que Serra trocará o PSDB por um novo partido caso seja eleito prefeito. Serra negou. Não poderia admitir. Sob pena de tocar fogo no tucanato.
Negou, de resto, que sua entrada em cena tenha produzido um “racha” no PSDB. Realçou que entrou na briga a pedidos. Incluiu entre os tucanos que o instaram a disputar o governador Geraldo Alckmin. Citou-o duas vezes.
Disse que, se tivesse assumido a candidatura em dezembro, provavelmente nem haveria prévias no PSDB. Uma vez desencadeado o processo, submeteu-se às regras da disputa.
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Perguntou-se a Serra se partiu dele o pedido para que as prévias fossem adiadas de 4 de março para 25 de março. Ele respondeu que não. Lorota. Em conversa com seus rivais partidários –José Anibal e Ricardo Tripoli— Geraldo Alckmin deixara claro que Serra ansiava pelo adiamento.
Durante a entrevista, Serra disse duas vezes que antevê uma eleição “difícil”. Perguntaram se se acha possível reverter a rejeição de parte do eleitorado (mais de 30% declaram que jamais votariam em Serra, segundo o Datafolha). O candidato disse que o percentual não o impressiona.
Atribuiu o índice a três fatores. Primeiro, insinuou que o questionário da pesquisa pode ter induzido as respostas. Depois, disse que o percentual de rejeição aproxima-se do patamar histórico de votos do PT, ao redor dos 30%. Por último, disse que um pedaço da população o identifica como personagem mais voltado para a temática nacional.
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Serra pôs em dúvida a tese segundo a qual a rejeição ao seu nome se deve ao fato de ter abandonado a prefeitura, em 2006, depois de ter assumido o compromisso de cumprir o mandato até o final. Recordou que, depois disso, foi eleito governador e prevaleceu sobre Dilma Rousseff no Estado e na cidade de São Paulo.
O candidato tucano declara-se preparado para debater qualquer tema que os adversários levantem, inclusive assuntos nacionais. Mas reconhece: “O que vai decidir a eleição são os temas da cidade. Disse [na carta de inscrição para as prévias] que era uma eleição nacional no sentido de que São Paulo é uma cidade nacional. É inútil negar isso, são quase 12 milhões de habitantes.”
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O que achou do fato de o antagonista Fernando Haddad ter declarado que está aliviado por não ter de celebrar um acordo com Kassab? Serra ironizou: se tivesse o acordo, ele iria elogiar a gestão do Kassab, disse.
Não declarou, mas poderia ter realçado outro aspecto relacionado a Kassab. Em São Paulo, o prefeito migrou do flerte ao petismo para o apoio a Serra. Mas, em Brasília, continua apoiando o governo de Dilma Rousseff.
Quer dizer: assim como Haddad soará esquisito quando criticar a gestão municipal de Kassab, Serra não parecerá menos estranho ao vergastar o governo federal ao lado do personagem que torce pelo êxito de Dilma. Coisas da política brasileira.
por Josias de Souza

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