Meu *Vô Joel era muito conhecido em Iguatu, Centro-Sul do Ceará.
Entendia de ervas e de pessoas, fazendo as vezes de médico e psicólogo.
Toda a tarde, ficava na varanda de sua casa e, não raro, recebia alguém que queria desfrutar de sua agradável companhia.
Sabia ouvir.
Eu não sei como era a paisagem, mas gosto de imaginar que ele via o pôr-do-sol.
Se uma de suas visitas, por acaso, começava a falar de outra pessoa não presente, ele dizia:
- Compadre, se nós vamos começar a falar de outra pessoa, é melhor ficar quieto olhando a vista, que é bonita.
Desde que ouvi essa história, tenho me policiado para não falar daqueles não presentes.
Se há duas pessoas conversando, já há assunto suficiente para duas ou três tardes se elas falarem apenas de si mesmas, de suas ideias e do que observam do mundo, talvez mais.
Se me flagro começando a falar de alguém não presente, cuido para que a frase termine bem e saia alguma coisa elogiosa. se não fui inteligente o bastante para encontrar algo de bom a ser falado, prefiro inventar algo que maldizer.
- Você notou como fulano... er... amarra bem os sapatos?
Claro, nem sempre consigo me sair bem nessa tarefa. não sou meu avô Joel. Porém, se você levar a sério esse objetivo, verá o quanto é algo bom, embora difícil.
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