Sou antiraças

Não Sou apenas antiracistas, sou antiraças Não reconheço a raça Vermelha Amarela Branca Preta Azul ou qualquer outra cor com que queiram def...

por Luis Fernando Verissimo



Milagre

Deus colocou uma barra de ouro na cabeceira de um rabino, que quando acordou e viu o que Deus tinha feito ergueu as mãos para o alto e disse:
— Senhor, quem sou eu para receber esta dádiva?
E diante do silêncio de Deus, o rabino continuou:
— Quem sou eu para ser distinguido desta maneira?
E:
— Quem sou eu para enriquecer assim, da noite para o dia?
E disse mais:
— Quem sou eu, pobre de mim, para merecer um presente tão precioso, quando tantos mais necessitados do que eu não receberam?
E mais:
— Quem sou eu, Senhor, na minha humildade, para ser abençoado por este milagre?
E Deus ficou tão impressionado com os protestos reincidentes do rabino que falou:
— Talvez eu tenha mesmo me enganado, e essa barra de ouro seja para outro rabino...
Ao que o rabino escondeu a barra de ouro dentro da camisola, rapidamente, e disse:
— Quem sou eu para ser a prova de que Deus se engana?

PERFUMES
E tem a parábola do mendigo cego que todos os dias recebia uma esmola de uma mulher que passava, e que ele reconhecia pelo perfume. Cada dia um perfume diferente.
— Mmmm. Violeta — dizia o mendigo, depois de ouvir o tilintar da moeda no seu chapéu.
— Acertou — dizia a mulher.
No outro dia:
— Mmmm. Jasmim. Maravilha.
— Obrigada.
— Mmmm. Rosa.
— Acertou de novo.
Todos os dias a mesma coisa.
— Mmmm. Lírio.
— Mmmm. Cravo.
— Mmmm. Dracena.
Um dia a mulher disse ao mendigo que não tinha nenhuma moeda para lhe dar.
— Não importa — disse o mendigo. — Só o seu perfume de gardênia já me enche de prazer.
— Obrigada!
Até que um dia a mulher resolveu testar o mendigo. Perfumou-se de enxofre e amoníaco e despejou muitas moedas no seu chapéu. E o mendigo ouviu o tilintar das muitas moedas, aspirou fundo e exclamou:
— Mmmm. Flor de laranjeira!


DECIDIDO

(Da série “Poesia numa hora dessas?!”) 
Encoste o ouvido num tronco e ouça o sangue do mundo rodando. Encoste o ouvido no chão e ouça o mundo ronronando. O mundo funciona sozinho e com destino decidido. Recolha-se ao seu cantinho 
e, claro, limpe o ouvido.

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