Quando a 9 de maio os blindados russos desfilarem na Praça Vermelha a celebrar os 70 anos da derrota nazista, Alexis Tsipras deverá estar ao lado de Vladimir Putin na tribuna de honra. Foi para essa data, que todos os anos a Rússia comemora com uma pompa que nada fica a dever à soviética, que Putin convidou o primeiro-ministro grego a visitar Moscovo, e Tsipras só se pode sentir honrado: afinal, o seu primeiro ato após tomar posse, na sequência da vitória do Syriza a 25 de janeiro, foi colocar uma coroa de flores no memorial aos mortos na Segunda Guerra Mundial.
Atenas foi libertada pelos britânicos em finais de 1944, mas fora a progressão do Exército Vermelho na Europa de Leste que forçara os alemães a iniciar a retirada de uma Gréciaonde a resistência reconquistava também cada vez mais parcelas do país, invadido pelas potências do Eixo quatro anos antes.
E se restassem dúvidas sobre a memória da invasão nazi continuar bem viva, foram desfeitas no domingo quando, num discurso de recusa da austeridade imposta pela União Europeia,Tsipras relembrou o empréstimo forçado feito aos alemães durante a ocupação. O governante de extrema-esquerda reafirmou ainda a exigência de Berlim pagar uma indemnização pela destruição da Grécia entre 1940 e 1944, quando foi ocupada e repartida entre a Alemanha, a Itália e a Bulgária. Na véspera,em Berlim, o ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, falou também do nazismo, mas felicitando a Alemanha por se ter libertado dele em 1945, enquanto a Grécia tem agora um partido de extrema-direita que vale 7% quando antes da crise económica não atingia sequer 1%.
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