Iguatu começou a mudar hábitos, após fincarem a torre de transmissão de microondas em Cruz de Pedras, pouco além do distrito de Alencar.
Veio então a melhora na telefonia e também a maior novidade: a captação da imagem ainda em preto e branco, da TV Ceará canal 2, emissora dos Diários Associados, da capital Fortaleza.
Em pouco tempo a televisão influenciou costumes.
Os cinemas sentiram, o movimento na pracinha diminuiu. Enquanto no Prado, Tabuleiro, rua 12 de outubro, rua Sete de Setembro e mais outros locais, a TV comunitária atraia o povo.
O sonho de consumo passou a ser um aparelho de televisão em casa, na sala e com antena sobre o telhado, em sinal de status.
Quem conseguia, também teria que lidar com um novo tipo, o televizinho.
Afinal ninguém queria perder o Noticiário Relâmpago, as novelas Antonio Maria e Beto Rockfeller, Um Instante Maestro e a Grande Chance, dois programas comandados por Flavio Cavalcante e seu cast de jurados; Sergio Bittencourt, Mariozinho Rocha, Carlos Renato, Mister Eco, Zé Fernandes, Fernando Lobo e a exuberância feminina de Márcia de Windsor, que só dava nota 10.
No domingo, O Show sem Limite, sob o comando de J Silvestre, com suas atrações musicais e no final as perguntas do "Absolutamente Certo".
E assim, Iguatu foi mudando hábitos, os cinemas cada vez mais vazios, os rodeios na pracinha também, afora o modo de vestir, em suma uma reviravolta no comportamento.
Lembro de Juvenal, o pipoqueiro, reclamando da queda nas vendas de suas pipocas de saquinhos em cores variadas.
A turma do futebol, uma vez por semana via o jogo em vídeo-tape das partidas realizadas no Maracanã depois de passados sete dias.
Os que dormiam mais tarde, viam o Telejornal Crasa, e após, uma sessão de cinema.
Encerrava-se a programação com o slide do indiozinho tupi, sob o som de Acalanto de Dorival Caymmi.
Robespierre Amarante