[...] Sim, foi isso mesmo que escrevi. O senso comum repisa que falta à chefe do governo jogo de cintura. E é verdade.
Ela também consegue encrencar-se simultaneamente com os dois maiores partidos da coalizão, coisa pouco prudente. E a base parlamentar vive turbulências imprevistas.
Onde estaria então a evidência da habilidade, talvez involuntária? Num detalhe estratégico, que neutraliza todos os demais. O Planalto dá vazão sistemática à dúvida sobre se Dilma quer ou não um segundo mandato. E talvez ela esteja mesmo em dúvida.
Aliás, a versão mais difundida vem com viés de não, de que a presidente deseja cumprir bem os quatro anos e ponto final. Afinal, o cargo nem estava no horizonte antes de a então chefe da Casa Civil receber a unção do superpadrinho.
Esse projetar da falta de ambição impede que Dilma se transforme precocemente em alvo político. No cenário como posto hoje, nenhum dos postulantes à cadeira tem interesse real em atacá-la, enfraquecê-la.
Um bom exemplo foi a crise que engoliu e digeriu o principal ministro. A presidente passou olimpicamente ao largo, bem longe do alcance das balas que cortavam o ar no tiroteio.
Houve aqui e ali a possibilidade de a confusão bater em sua excelência, mas ninguém dos que contam deu curso. Não havia interesse.
A política é algo complicada, mas as leis que a regem são belas na simplicidade. Mais que as análises e projeções, importam as percepções.
A preocupação primeira e última dos políticos é com o poder. Procuram fazer crer ao público que se ocupam principalmente com o que farão nele. Mas ninguém deve levar a sério.
As forças políticas são sistemas planetários que orbitam em torno dos sóis, os candidatos a candidato. Eles são a referência última. Nenhum exército se move à toa.
Nesta linha de “não sei se é bem isso que eu quero” Dilma por enquanto vem enquadrando o foco potenciamente mais problemático, o antecessor. Ela não está obrigada a fazer sempre o que ele deseja, mas ele não tem por que confrontá-la.
Na oposição é a mesma coisa.
Nem falo aqui da atração de Fernando Henrique Cardoso para a turma do aplauso, migração que resulta também de um vetor psicológico. Na política que conta, a disputa do poder real, não há por enquanto motivo para os opositores abrirem fogo contra quem, afinal, pode nem disputar a reeleição.
Um gato empenhado em caçar dois ratos estará seriamente arriscado a não capturar nenhum deles. Na dúvida atual sobre quem será o candidato em 2014, ganham os dois, Dilma e o padrinho.
Ela também consegue encrencar-se simultaneamente com os dois maiores partidos da coalizão, coisa pouco prudente. E a base parlamentar vive turbulências imprevistas.
Onde estaria então a evidência da habilidade, talvez involuntária? Num detalhe estratégico, que neutraliza todos os demais. O Planalto dá vazão sistemática à dúvida sobre se Dilma quer ou não um segundo mandato. E talvez ela esteja mesmo em dúvida.
Aliás, a versão mais difundida vem com viés de não, de que a presidente deseja cumprir bem os quatro anos e ponto final. Afinal, o cargo nem estava no horizonte antes de a então chefe da Casa Civil receber a unção do superpadrinho.
Esse projetar da falta de ambição impede que Dilma se transforme precocemente em alvo político. No cenário como posto hoje, nenhum dos postulantes à cadeira tem interesse real em atacá-la, enfraquecê-la.
Um bom exemplo foi a crise que engoliu e digeriu o principal ministro. A presidente passou olimpicamente ao largo, bem longe do alcance das balas que cortavam o ar no tiroteio.
Houve aqui e ali a possibilidade de a confusão bater em sua excelência, mas ninguém dos que contam deu curso. Não havia interesse.
A política é algo complicada, mas as leis que a regem são belas na simplicidade. Mais que as análises e projeções, importam as percepções.
A preocupação primeira e última dos políticos é com o poder. Procuram fazer crer ao público que se ocupam principalmente com o que farão nele. Mas ninguém deve levar a sério.
As forças políticas são sistemas planetários que orbitam em torno dos sóis, os candidatos a candidato. Eles são a referência última. Nenhum exército se move à toa.
Nesta linha de “não sei se é bem isso que eu quero” Dilma por enquanto vem enquadrando o foco potenciamente mais problemático, o antecessor. Ela não está obrigada a fazer sempre o que ele deseja, mas ele não tem por que confrontá-la.
Na oposição é a mesma coisa.
Nem falo aqui da atração de Fernando Henrique Cardoso para a turma do aplauso, migração que resulta também de um vetor psicológico. Na política que conta, a disputa do poder real, não há por enquanto motivo para os opositores abrirem fogo contra quem, afinal, pode nem disputar a reeleição.
Um gato empenhado em caçar dois ratos estará seriamente arriscado a não capturar nenhum deles. Na dúvida atual sobre quem será o candidato em 2014, ganham os dois, Dilma e o padrinho.
por Alon Feuerwerker
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