diretor regional da CDHU, Milton Vieira de Souza Leite, protagonista do post abaixo, pediu demissão do cargo, segundo informou o portal “Folha. com”, em nota publicada às 16h29 desta sexta-feira.
O sonho da casa própria está virando um pesadelo para as famílias do conjunto habitacional Paulo Gomes Romeo, em Ribeirão Preto, interior paulista. As cerca de 200 casas populares, entregues pelo governador Geraldo Alckmin em dezembro, apresentam variadas falhas de construção, mas mesmo assim foram ocupadas pelos moradores contemplados.
Após receber muitas queixas, o diretor regional da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano), Milton Vieira de Souza Leite, foi fazer uma inspeção na manhã de quinta-feira para ver o que estava acontecendo. E chegou a uma inacreditável conclusão: as casas são boas, os pobres que foram morar nelas é que estão estragando tudo.
“A gente conhece o nível de educação dos moradores. O pessoal veio da favela. Não está acostumado a viver em casa”, afirmou o sábio, em entrevista gravada pela repórter Gabriela Yamada e publicada na Folha desta sexta-feira.
E disse mais: “Você não consegue mudar a educação delas somente mudando de local”. Para ele, seria necessário um trabalho social a longo prazo para ensiná-las a morar numa casa.
Entre outras barbaridades, Souza Leite insinuou que, além de ignorantes, os moradores são tarados e vagabundos.
Ao falar do caso de uma moradora que reclamou da pia da cozinha ter caído ao colocar sobre ela uma cesta básica, resolveu fazer graça, como relata a repórter:
“O que ela foi comer era outra coisa, disse, insinuando que a pia caiu durante uma relação sexual. Mais adiante, ao encontrar moradores dormindo, saiu-se com essa: Você viu? Não sei se eles estavam dormindo porque trabalharam à noite ou porque continuam sem fazer nada”.
O dirigente da CDHU também responsabilizou os moradores pelas fissuras encontradas em volta de portas e janelas: “As portas são fixas com bucha. A camada de revestimento é muito pequena, e a forma como vai batendo a porta, em uso comum, vai provocar uma fissura”.
Ao final da inspeção, Souza Leite procurou tranquilizar os moradores, garantindo que as casas do recém-inaugurado conjunto Paulo Gomes Romeo não correm risco de desabar. Menos mal.
Até o momento em que escrevo este texto, não há notícias de que o diretor regional Milton Vieira de Souza Leite tenha sido demitido do cargo.
Uma coisa é certa: os últimos acontecimentos em São Paulo estão mostrando que não se trata de eventuais acidentes de percurso de uma administração pública, mas de um método. A culpa é sempre dos pobres.
A política “policial-higienista”, que já “limpou” as áreas da Cracolândia e do Pinheirinho, agora encontrou os responsáveis pelas casas populares com defeito: os seus moradores. Espera-se que a PM não seja chamada para resolver o problema.
por Ricardo Kotscho
Não é só em São Paulo que a culpa é sempre dos pobres. É no Brasil todo.
ResponderExcluirTemos dois Brasis. Aquele dos governantes e das elites onde tudo é lícito e possível para eles. Quando doentes não se socorrem no SUS, vão para os melhores e mais caros hospitais do pais as custas do povo.
Desviam verbas públicas em benefício próprio. Montam "consultorias" como forma de lavar dinheiro roubado do povo, Fernando Pimentel, Antônio Palocci, José Dirceu etc. são mestres nesta arte.
Usam dinheiro de empresas públicas para financiar campanhas políticas, Eduardo Azeredo, José Genuíno, Delúbio Soares também dominam esta arte.
Se acham acima da lei.
Se alguma coisa dá errado, a culpa é do povo, ignorante que não sabe o que faz e por isto deve ser tratado como gado a caminho do abatedouro.
Me lembro que há alguns anos atrás, quando havia uma epidemia de dengue no Rio de Janeiro, o Briguilino também disse em um post que a culpa era do povo que não combatia o mosquito da dengue.
Luiz Inácio Lula da Silva, ao defender os sanguinários irmãos Castro disse que os protestos contra a opressão cubana através de greves de fome era uma forma de se cometer suicídio.
No Brasil real, do povo que sofre sem saúde pública, sem qualidade na educação pública, onde o que vale são os números, a quantidade e não a qualidade, o povo é o culpado.
Os iluminados do PT sempre sabem o que é melhor para o povo, lógico que depois de defender o bem pessoal deles.
CORJA!