na conturbada história política brasileira, houve tamanha unanimidade em torno de qual deve ser o destino de um ator político relevante. Diariamente, em colunas e editorias dos jornalões, em solenidades com acadêmicos e políticos de extração conservadora, em convescotes de fim-de-semana da burguesia "cansada", todos os que chegam aos holofotes da mídia proferem a mesmíssima sentença: é preciso banir de uma vez por todas da vida pública o ex-ministro
Zé Dirceu.O comando dessa unanimidade é pautado por um curioso senso de urgência. Não há pressa para atenuar os problemas estruturais do país e suas estruturas arcaicas. Só se fala em ação imediata quando o assunto é condenar o “chefe da quadrilha”, montada a partir do Palácio do Planalto para comprar apoio político no Congresso. Poucas vezes, em um lance da política, tantos conseguem perder ao mesmo tempo e na mesma dimensão. Na sua sanha inquisitorial, a grande imprensa dá mostras de pusilanimidade, de um espetáculo de fraqueza para dentro de si mesma e de leviandade para fora. Sai em frangalhos, mas persevera no que considera uma questão de honra.
Pouco importa que falte materialidade e provas, é preciso requentar o noticiário para criar condições políticas que permitam ir adiante. Mas afinal o que move o ódio a José Dirceu? O que o torna inimigo público de um esquema de forças que, em passado recente, foi impecável em sua trajetória de encurralar o país, em nome do desvairado fundamentalismo de mercado?
Desde 2002, paira sobre Dirceu o estigma de maquiavelismo. Seria apenas um homem de poder, basicamente orientado para sua conservação, um homem do contingente, que não faz política para a história? Os fatos e o decurso do tempo respondem à acusação. O que torna impossível à grande imprensa aceitar um retrato favorável do ex-ministro é a sua originalidade como operador político de esquerda.
Todos sabemos que um fato notável da política brasileira é que, apesar de sucessivos deslocamentos políticos, desde a redemocratização do país, a hegemonia dos processos de transição encontra-se com a mesma burguesia, condutora do golpe de 1964. Hábil nas transações com o capital estrangeiro, das quais auferiu vantagens para fortalecimento próprio, a burguesia brasileira não foi menos sagaz no manejo do jogo político.
Comprova-o a obra-prima que foi a eleição de Tancredo Neves (por mecanismo antidemocrático imposto pelo regime militar), os anos Collor e os dois mandatos de FHC. Para termos noção do que isso representou, até o PT, oposto à coligação tancredista, não deixou de sentir a sua pressão, que lhe provocou rachaduras parlamentares e perda de apoio em setores expressivos da classe média.
Desde a política de alianças que levou Lula à presidência, em 2002, às articulações na Casa Civil, Dirceu frustrou expectativas que alimentavam os cálculos das elites desde sempre encasteladas nas estruturas do Estado. O PT que chegava ao poder seria um partido atordoado por suas divisões internas e mergulhado em indefinições estratégicas. Um desvio de curso que não teria vida longa.
A direita apostava na incapacidade do PT em administrar o pragmatismo de um estado corrupto e patrimonialista, como o nosso. Lembram-se do Bornhausen e do Delfim? Previam, no máximo, dois anos de governo para o PT em meio a crises institucionais. Coube ao Zé Dirceu, o "mensaleiro", a função de viabilizar a governabilidade de Lula e não permitir que esse governo fosse vítima de crises agudas e sucessivas.
Quando Dilma Vana Rousseff, oito anos depois, foi eleita a primeira mulher presidente da República do Brasil, com mais de dez pontos de vantagem sobre seu adversário, José Serra, muitos exaltaram a força do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Do alto de seu capital político, Lula teria passado por cima do PT, escolhido sua candidata e conseguido eleger como sucessora uma ex-assessora de perfil técnico, estabelecendo um fato inédito: o terceiro mandato presidencial consecutivo para um mesmo partido eleito democraticamente.
Nada disso está incorreto, mas peca pela incompletude. Ferido, contundido nos seus direitos, o operador político José Dirceu teve um papel fundamental para o aprofundamento da democracia brasileira. Talvez, quando o então presidente do TSE, Ricardo Lewandowski, confirmou oficialmente a vitória de Dilma, Dirceu tenha cantarolado os versos de Aldir Blanc: “Mas sei / que uma dor assim pungente / não há de ser inutilmente”.
Questões de justiça são questões de princípio. Ao contrário do que pensam a imprensa golpista, seus intelectuais orgânicos e acadêmicos subservientes.
por Gilson Caroni
Não existe ódio de ninguém contra José Dirceu. A afirmação que existe ódio contra José Dirceu não passa de delirio da esquerda desvairada e inconsequente do Brasil.
ResponderExcluirO que existe é um clamor por justiça, que infelizmente no Brasil só se aplica aos menos favorecidos, ficando a elite acima da lei, como semi deuses.
José Dirceu está envolvido em diversos crimes, a começar pelos crimes de corrupção na prefeitura comandada por Celso Daniel. Dinheiro de propina era canalizado para campanhas do PT.
Outro crime, o de mensalão, pelo qual José Dirceu foi indiciado por unanimidade pelos Ministros do STF continua sem julgamento e José Dirceu, membro da elite no Brasil, continua impune.
José Dirceu continua ainda, através de sua "consultoria" fazendo tráfico de influência e exercendo o seu papel de eminência parda no governo lulo petista.
O que causa revolta, e principalmente indignação, é ver que uma figura como José Dirceu continua praticando seus crimes impunemente. É ver que a juystiça não se aplica igualmente a todos os Brasileiros.
A máxima de que todos são iguais perante a lei só esta no papel, pois no Brasil há duas castas. A casta da elite governante e de seus amigos que mamam nas tetas da nação e a casta do resto do povo que pena para pagar impostos e suas contas no fim do mes para sustentar esta elite a que pertence José Dirceu.
Para a primeira casta lei nenhuma se aplica. Só a conveniência em benefício próprio. José Dirceu e sua quadrilha ainda conseguem arregimentar otários que os defendem falando em ódio.
A outra casta, o povâo sem justiça social, sem assistência a saúde, penando para pagar os impostos que sustentam a elite está sofrendo calada enquanto irresponsáveis bandidos como Gilson Caroni defendem bandidos.
Todo cidadão acusado de um crime é inocente, até que seja provado o contrário. Para você Laguardia, basta acusar e o individuo é culpado [ desde que seja petista ou da base aliada ]. Que democrata é você!
ExcluirLuks
ExcluirVocê tem dificuldade de entender as coisas. Para você todo o cidadão é culpado, desde que não seja do PT. Por isto tanta propaganda em torno do livro que acusa a Privataria Tucana.
Como já falei dezenas de vezes, e você têm muita dificuldade de entender, uma democracia é um regime em que se faz a vontade da maioria sem que os direitos da minoria deixem de ser respeitados.
No caso de José Dirceu as provas estão amplamente publicadas e documentadas. Basta ler o relatório do Congresso Nacional no site http://www.cpmidoscorreios.org.br/.
Tendo por base estas provas, os Ministros do STF por unanimidade indiciaram José Dirceu.
Como vivemos numa democracia, e depois de ler a defesa de José Dirceu e ter ouvido seus depoimentos, concluo que ele é sim culpado.
A democracia nunca há de revogar o meu direito de opinião e de expressão.
E finalmente, todas, repito todas as acusações apresentadas até agora contra integrantes do PT e seus aliados, bem como de membros da oposição como Eduardo Azeredo, se provaram verdadeiras.
Delúbio Soares, por exemplo, é réu confesso. Confessou que operava o Caixa 2 do PT, que chamou de "recursos não contabilizados", e isto é crime.
Amigo Laguardia, sinceramente sugiro que procure se tratar. Escrever " ...bandidos como Gilson Caroni defendem bandidos"...porque ele escreveu o texto acima é preocupante o teu estado de sanidade mental. Se quer radicalizar que tal afirmar: Que todo advogado é bandido porque defende bandidos?...
ExcluirPor ventura Gilson Caroni é advogado de José Dirceu?
ExcluirNa União Soviética muitos dos que discordavam do regime socialista eram internados em instituições para doentes mentais porque era inconcebível para eles que alguma pessoa que discordasse de suas "verdades" fosse mentalmente são.
Vejo que mesmo depois do fim da União Soviética e do Socialismo, aqui no Brasil algumas pessoas continuam achando que se opor ao crime organizado, se opor a corrupção, e ao roubo é um problema de saúde mental.
Não posso conceber que uma pessoa possa defender José Dirceu sem ter outros interesses escusos. Até o advogado que defende bandido o faz a troco de uma remuneração. Ninguém defende bandido de graça.