A presidenta Dilma Rousseff, candidata à reeleição, participou da sabatina do jornal O Estado de S. Paulo, nesta segunda-feira (8). Entre tantos temas, Dilma ressaltou mudanças na sua política econômica, entretanto, destacou que vai continuar se concentrando na geração de emprego e na valorização dos salários dos trabalhadores.
Sabatina com a candidata à reeleição foi realizada no Palácio do Planalto, ontem segunda (8).Sabatina com a candidata à reeleição foi realizada no Palácio do Planalto, nesta segunda (8). Dilma referiu-se às declarações que deu na semana passada sobre mudanças na sua política econômica, destacando que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, por questões pessoais, já informou que não vai permanecer num eventual governo, caso reeleita. “Vai haver mudanças. Porque eu acho que o país se preparou para esta mudança. Temos condição agora de diminuir alguns incentivos. Vamos continuar focados em emprego e valorização de salário. Não concordo, como alguns, que a razão da inflação é a política de valorização do salário mínimo. Estamos recuperando a queda brutal que houve no Brasil no período anterior ao Lula.”
Diante da crise econômica internacional, Dilma reafirmou que o país passará para um novo ciclo de desenvolvimento. “Temos todas as condições robustas para passar para uma nova fase. Não estamos mais naquele momento em que tínhamos que segurar o país com as duas mãos, senão desempregávamos. A Europa fez uma política duríssima de austeridade e não dá um único passo à frente. Garantimos que o salário se valorizasse... fazemos políticas industriais e apostamos na inovação”, disse.
“Eu nunca negociei contra os interesses do país. Eu tenho uma convicção que sem reforma política, sem participação popular, sem regras de financiamento de campanha, não tem essa questão de nova política. A nova política implica termos o povo participando por meio de um plebiscito. Temos que retomar tudo o que foi dito nas manifestações.”
Petrobras
“Chegamos a 81 mil empregos em julho, e no ano que vem vamos chegar a 100 mil na indústria naval. É fruto da Petrobras, e a força dela são seus trabalhadores, sua imensa capacidade de produzir petróleo, de gerar energia. É a maior empresa deste país”, afirmou.
Questionada sobre um possível tarifaço, propagado pelos alarmistas de plantão, Dilma reafirmou que considera a proposta “um absurdo”. “Querem vincular o preço do petróleo ao mercado internacional. A quem isto interessa?”, questionou a presidenta.
Dilma foi indagada sobre a “matéria” publicada na revista Veja que tratou do depoimento da delação premiada de Paulo Roberto Costa. Dilma destacou que ele foi um diretor, um quadro de carreira dentro da Petrobras e em governos anteriores foi gestor da Gaspetro.
Especulações da Veja
“Quem faz a acusação é uma reportagem feita pela imprensa. Quem tem a informação é a imprensa, o Ministério Público. Os processos estão criptografados e dentro do cofre. O vazamento pode significar a não validade das provas. Eu fiz um ofício ao procurador-geral da República para ter acesso a essas informações para poder tomar todas as providências e tomar medidas baseada em informações oficiais”, declarou.
Dilma criticou o fato de a revista ter acesso a tais informações. “É uma coisa engraçada. Um órgão da imprensa sabe as informações, e nós, que somos os acusados, não sabemos. Isso é inadmissível. Eu não quero dentro do meu governo quem esteja envolvido. Mas não quero dar à imprensa um caráter que ela não tem diante das leis brasileiras. Eu quero a informação a mais aprofundada possível”, ressaltou. “É possível ficar divulgando sem a Justiça homologar a delação premiada?”, questionou.
Plataforma de R$ 1,5 bi afundou no governo FHC
Dilma ressaltou que em seu governo – diferente do passado tucano – foram desmontados “muitos esquemas”, como resultado da política de combate à corrupção e autonomia da Polícia Federal e do Ministério Público. “Nosso procurador-geral nunca foi um 'engavetador'. Fizemos algumas leis importantíssimas: Lei da Ficha Limpa, Lei de Acesso à Informação e por último a lei que pune também o corruptor”, lembrou a presidenta.
“O que me estranha é que outros esquemas de corrupção não tiveram o mesmo tratamento. É o caso do mensalão do DEM. A plataforma, de R$ 1,5 bilhão, é duas vezes Pasadena. Ela afundou no governo FHC e ninguém investigou. Não é próprio das plataformas sair por aí afundando. Teve a troca de ativos da Repsol e não foi investigada. Estou dando dois exemplos que não tiveram o mesmo tratamento”, disse.
Os jornalistas do Estadão voltaram a questionar a presidenta sobre a propaganda de TV que criticou a política do “eu sozinho” proposta por Marina. Dilma reafirmou que suas criticas fazem parte do debate político.
“Quem governa sem partido geralmente tem uma pessoa muito poderosa por trás, geralmente os mais ricos. Isto não é nova política, é a política que levou o país a um tipo de visão de que a democracia pode ser feita apenas por uns poucos”, rebateu Dilma.
A presidenta lembrou que negocia com os diversos partidos e enfatizou a necessidade de uma reforma política que amplie a participação da população nos rumos do Brasil. Ela destacou que a população quer mudanças na forma de financiamento das campanhas. Mas “sem respaldo da população, ninguém tem força para fazer nenhuma alteração”, agregou.
Apoio de Lula
A presidenta Dilma reiterou a confiança mútua entre ela e o ex-presidente Lula. “Nós garantimos juntos tudo o que foi feito nesse país. Eu lutei ao lado dele... Estarei com ele quando for necessário.”
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