Você sabe tomar decisões?

por Renata Reif

Instinto, razão e experiência: entenda os fatores que guiam a boa tomada de decisões e como eles se equilibram

Tomar uma boa decisão é o produto de uma tríade: instinto, experiência e razão. Na prática, se não estiver certo se quer ter filhos, aplique a trinca descrita em questão. O instinto dirá que a espécie deve ser perpetuada. Já experiência é o que indivíduo viveu, as sua lembranças. E a razão o fará pensar nos gastos da criação de uma criança.
Portanto, diante de uma escolha, é preciso analisar o terreno sob 
todos os aspectos. Usando a cabeça, de maneira 
calculista, ou com o coração, deixando a emoção rolar. É o cérebro que decide qual rumo tomar, e para isso ele compara as possibilidades. Estar no controle da situação e saber quando alternar entre a razão e a emoção é um talento desenvolvido ao longo da vida.
Mas ter alguns dilemas também é um bom sinal. “Quem não tem sonho, não tem meta, e portanto, não pode tomar decisões”, explica Valdizar Andrade, especialista em comportamento organizacional e autor do livro “O Poder da Decisão - Reflexões de um Peregrino” (Universidade da Inteligência). Diariamente tomamos centenas de decisões, sendo a maioria sem parar para pensar. Mastigar ou mudar de marcha enquanto dirige, por exemplo, não requer qualquer tipo de elucubração. É automático.
Mas para a realização dos nossos objetivos de longo prazo, seja no campo profissional, familiar ou afetivo, é preciso ter coragem e direcionamento. “
Uma decisão significa uma mudança, ou seja, é um ato de coragem para 
quem quer fazer a diferença, superar os próprios 
limites e sair da zona de conforto”, resume Andrade. “Tomar boas decisões e alcançar objetivos exige autoconhecimento e foco”.
Decida-se!


Quanto mais opções, mais dúvidas e mais difícil de decidir. Limitar as alternativas e o tempo ajuda na tomada de decisão. Quando não há urgência, muita gente esquece de decidir e realizar uma tarefa. “Para não perder o timing da decisão, estipule prazos”, recomenda o especialista Alexandre Rodrigues Barbosa, autor do livro
“Construa Seus Sonhos” (Thomas Nelson Brasil).

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O segredo das boas decisões está no equilíbrio dos três fatores. E, se errar, não tema: é melhor tomar uma decisão equivocada que nenhuma decisão
As emoções podem ser perigosas nessa hora, influenciando a pessoa a 
tomar a decisão errada. Quem nunca fez uma besteira como gastar demais em uma liquidação de roupas, quando, em vez de economizar, você acaba se 
endividando? Segundo Barbosa,ao estabelecer metas e planejar a carreira e a vida pessoal, as decisões estarão alinhadas com a sua vidaO segredo está no equilíbrio entre os três fatores para fazer a coisa certa, usando o melhor de cada um deles.
Se houver um equívoco, não se desespere. Na próxima vez, seu sistema de recompensa irá alertá-lo para não cometer o mesmo erro. É o que afirma o jornalista científico Jonah Lehrer, autor do livro “Imagine – How Creativity Works” (Imagine – Como a criatividade funciona; ainda sem edição no Brasil).
De acordo com ele, o cérebro está sempre um passo à frente, vislumbrando resultados. Para realizar esse processo, faz uso do neurotransmissor dopamina, que aumenta de nível quando o resultado é positivo, tornando a experiência alegre.
 Quando a vivência dá errado, a dopamina cai sensivelmente e ficamos frustrados. 
O problema é que a busca por essa sensação de bem-estar pode ser
 prejudicial, tornando-se um vício.Lehrer acredita que quanto mais entendermos o funcionamento do cérebro, mais perto estaremos de acertar nossas escolhas. Isso porque o ser humano seria capaz de bloquear impulsos nervosos, o que evitaria delizes.
O humor e o pensamento positivo expandem a percepção, segundo apontou 
um estudo realizado em 2006 pelo neurocietista norte-americano Mark Jung-Beeman. 

A pessoa feliz tem mais rapidez e facilidade na tomada de decisões,
 enquanto quem está tenso parece sofrer certo bloqueio mental diante de 
potenciais soluções.
A intuição se sobressai na hora de tomar decisões sob
 pressão – como em um acidente de trânsito. A primeira estratégia em caso de risco é ouvir a voz interior, ou a intuição, também conhecida como sexto sentido.
António Damásio, neurocientista português e professor da University of Southern California, em Los Angeles, onde dirige o Instituto do Cérebro e da Criatividade, ensina um método para fazer a coisa 
certa diante de várias alternativas. Não importa a dúvida, pergunte-se:
 “Isso é a minha cara?” A resposta o norteará pelo caminho certo, sem 
deixar a decisão nas mãos de outra pessoa.
O verdadeiro problema, segundo Damásio, não é errar, e sim abdicar do próprio poder.

 Ou seja, é melhor tomar uma decisão errada do que confiar sua resolução a alguém. O medo é paralisador e ter coragem é indispensável para tomar 
decisões. “Todo mundo sofre da síndrome do medo de errar. Quando pensam em tomar
 uma decisão, já pensam antes que vai dar errado. Isso cria um campo 
negativo, que impede que tomem decisões assertivas”, alerta Andrade.
Se não tem confiança para agir, esperar e refletir pode ser uma 
solução. No entanto, o tempo perdido com a hesitação jamais será 
recuperado.
 A procrastinação, hábito de deixar para amanhã até que as coisas virem 
urgentes, já é uma decisão: a de negligenciar.
“Quando perceber que é 
a voz interior da preguiça falando, faça o contrário do que ela manda”, aconselha Barbosa. 
Isso não significa que decisões importantes devam ser tomadas num 
estalar de dedos. “Às vezes tomam mais tempo e a gestão do mesmo nos
 ajudará a decidir melhor”, completa Barbosa.
A impulsividade tampouco é a saída. “É preciso ser ousado, acreditar 
na capacidade de superar e então transcender. Isso não significa ser 
irresponsável na tomada de decisões”. É bom trabalhar com 70% de certeza. Os 30% restantes você dribla. A segurança afasta a possibilidade negativa”, diz Andrade.




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