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Literatura

Noites de Copacabana nos anos 50 
- O novo livro do consagrado escritor Ruy Castro A NOITE DE MEU BEM contando a estoria do samba canção e dos ambientes onde se desenrolou esse gênero musical. O livro é ricamente ilustrado e é uma delicia de ler e relembrar esses anos dourados, edição da Companhia das Letras.
O pano de fundo do samba canção é a época que se seguiu ao fechamento dos cassinos, cenários das grandes orquestras dos anos 40. O espaço físico e o ambiente luxuoso dos cassinos apelavam às orquestras e cantores de voz potente para grandes espaços, o que atraia as composições do samba clássico, dos ritmos americanos, dos boleros, rumbas, tangos e salsas. Os artistas eram cantores e cantoras famosas, bem pagos, maestros experientes e músicos tarimbados. Não havia problema de custos, o negocio dos jogos dava muito lucro e permitia pagar bons cachês, patrocinar cardápios de primeira em jantares dançantes a preço de custo, o jogo pagava tudo. 
Com o fechamento dos cassinos como entreter os ricos frequentadores dessas casas em busca de diversão?
No Rio isso só seria possível em espaços pequenos que passaram a surgir em Copacabana, bares em terréus limitados
onde só seria possível conjuntos de três a cinco integrantes e musica intimista. Surge então o samba-canção, ritmo que se enquadrava nesses espaços, agora chamados de "boates" que viraram uma coqueluche nas ruas internas de Copacabana., mais de 50 surgiram e outras no centro, como a Night and Day de Carlos Machado no Hotel Serrador.
Os chamados "granfinos", uma certa faixa da alta sociedade que tinha por habito sair para noitadas, passaram a procurar as boates para jantar, ouvir boa musica e dançar. Romances e fossas se curtiam nas casas onde o samba canção era o carro chefe, o que criou um grupo de cantores e cantoras especializados no gênero, compositores antigos passaram a compor sambas-canções, ícones como Dolores Duran, Lucio Alves, Dick Farney, Jamelão, Lupicinio Rodrigues compunham o roteiro que também agregou Ary Barroso com seu Risque, Nora Ney, os clientes consumiam whisky ainda muito caro
nesses anos agradáveis onde a economia fluía bem e sentido de progresso estava no ar, especialmente no governo JK.
È evidente que a frequência das boates exigia lastro financeiro não só para a conta mas para a vestimenta que era pelo padrão da época era "chic", a sociedade era bem segmentada nas classes alta, média e baixa, era o tempo da Miss Elegante Bangu, das Dez Mais Elegantes do Ibrahim Sued e de seu concorrente Jacinto de Thormes , depois também os homens Dez Mais Elegantes, ranking que era esperado com ansiedade pelos leitores da Revista Manchete.
O livro de Ruy Castro não se limita a tratar de musica mas traça um pano de fundo da sociedade carioca daquela época,
através dos frequentadores das boates e da curtição do samba-canção, trata dos hábitos de vida do Rio e dos que não sendo do Rio passavam lá longas temporadas, especialmente o pessoal do Norte Nordeste e de Minas Gerais, camada que
fornecia boa parte da frequência das boates, uma atração turística especial do Rio, ia-se à cidade para isso.
O samba canção foi o gênero prévio da bossa nova, uma especie de ritmo de transição entre os sambas clássicos dos anos 30 e 40 e a modernidade da bossa nova que chegaria nos anos 60 no bairro vizinho de Ipanema.
Um  livro imperdível.
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