Os adeptos daquela tese que ficou famosa e virou até comercial de TV sobre as semelhanças entre Brasil e Argentina – “eu sou você, amanhã” – deveriam começar a colocar as barbas de molho com o primeiro ato de relacionamento entre o novo presidente portenho e o Judiciário. Maurício Macri nomeou por decreto dois juízes da Corte Suprema de Justicia de la Nación , o equivalente ao nosso Supremo Tribunal Federal.
Lembram-se da longa sabatina feita ao Ministro Luís Fachin no Senado, para que ele fosse aprovado? Esqueçam. Foi de canetada que ele transformou Horacio Rosatti e Carlos Rosenkrantz em juízes “comissionados” da Corte Suprema argentina, sem ouvir o Senado e atropelando o decreto de autorregulação dos Poderes baixado lá atrás, no governo Nestor Kirchner.
O Premio Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel, resumiu numa frase a decisão de nomear de ofício dois integrantes da Corte Suprema: Um Juiz nomeado por decreto do Presidente é um Juiz do Presidente.
Mesmo guardadas as devidas diferenças, dá para entender em que Eduardo Cunha aposta para sobreviver?
Se um governo de esquerda o fizesse, estaria sendo denunciado como ditadura que procura submeter o Judiciário. Bolivariano, chavista, etc, etc… Como é um de direita, está apenas preocupado com o “bom funcionamento” do Tribunal.
É, tem gente que exerce o poder com a falta de cerimônia porque a legitimidade recente das urnas oferece essa oportunidade.
Tem gente, porém, que em nome da democracia deixa o derrotado mandar.
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