Etanol

Sobre post do Briguilino relativo ao Etanol o blog recebeu o seguinte comentário:

IKA disse...
No Brasil o PIG faz é o jogo dos adversários do país. Desde que prejudique o governo eles não querem nem saber do povo. Povo, quidiabéisso? Dizem eles (PSDB/DEMO).

O lulopetismo, cego pelo preconceito e pela radicalização, em sua luta insana contra a imprensa livre e democrática, perde por não ficar calado.

Abaixo transcrevo reportagem especial da revista Veja (lider do PIG no entender dos radicais inconsequentes lulopetistas) em que defendem o etanol brasileiro, desmentindo assim o comentário irresponsável de IKA.

Vilão é o deles

Por causa do milho americano, os biocombustíveis estão com má fama. O brasileiro não tem nada com isso.

Kiko Ferrite
Usina de álcool, no interior de São Paulo: isso aí fica muito longe da Floresta Amazônica

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Há pouco tempo, os biocombustíveis eram festejados como uma das alternativas para salvar o planeta do acúmulo de gás carbônico e da dependência excessiva do petróleo. Eles eram o sinônimo de uma nova era, a era da energia limpa e ambientalmente saudável. Agora, o vento virou radicalmente. Os biocombustíveis, quase de uma hora para outra, estão sendo transformados no vilão do planeta – responsáveis pela atual crise de alimentos, pela disparada nos preços. Pior: os biocombustíveis, dizem as novas vozes, nem sequer são ecológicos, produzindo severos danos ao meio ambiente. "São um crime contra a humanidade", definiu no mês passado, num exagero irresponsável, o suíço Jean Ziegler, então relator especial para o Direito à Alimentação da ONU. Na quinta-feira passada, em reunião do Conselho de Direitos Humanos, outro órgão da ONU, o sucessor de Ziegler, Olivier de Schutter, mostrou ser bem mais sensato que seu antecessor. Mas pediu um congelamento nos investimentos do que ele chama de "agrocombustíveis".

Como o salvador do planeta virou vilão mundial de uma hora para outra? Primeiro, é preciso considerar que há tipos diferentes de biocombustíveis. Nos Estados Unidos, o etanol vem do milho, que é pouco produtivo, cuja indústria é grosseiramente distorcida pela enchente de subsídios – 35 bilhões de dólares apenas no ano passado. A produtividade do etanol do milho é baixíssima. Calcula-se que sejam necessários 240 quilos de milho (o suficiente para alimentar uma pessoa por um ano) para produzir 100 litros de etanol (o suficiente para encher duas vezes o tanque do carro). Além disso, ele emite menos gás carbônico, mas numa redução de, no máximo, 20%. Atualmente, 25% do total da produção de milho no país vai para o biocombustível. É uma explosão. Em 2000, havia cerca de cinqüenta usinas de etanol no país. Hoje, são 140 e há outras sessenta em construção. Por causa disso, estima-se que cerca de 30% do aumento no preço dos alimentos possa ser atribuído à produção de etanol do milho. "Calculamos que os biocombustíveis respondem por cerca de 30% do aumento no preço do milho, mas menos que isso no caso dos preços do trigo e do arroz", diz David Orden, do International Food Policy Research Institute, com sede em Washington.

No caso da Ásia, o etanol vem do óleo de palma, cuja expansão tem promovido o desmatamento florestal dada a escassez de terra. Na Europa, o etanol sai do óleo de canola, cuja produção embute os mesmos problemas do combustível americano. Ou seja: também é pouco produtivo, também está minado por subsídios e também vive à sombra de medidas protecionistas para evitar a concorrência com o etanol brasileiro. O etanol do Brasil, que vem da cana-de-açúcar, é melhor em tudo: é mais produtivo, reduz emissões de gás carbônico em até 90%, não sobrevive à base de subsídios governamentais e – ao contrário da parlapatice internacional – não cresce à custa do desmatamento da Amazônia. Para alguns estrangeiros, por ignorância ou por má-fé, parece difícil compreender que o grosso da produção de cana fica no interior de São Paulo, a milhares de quilômetros da Floresta Amazônica. Em seu mais recente relatório sobre o desenvolvimento, o Banco Mundial faz a distinção clara no mercado de biocombustíveis e afirma: "O Brasil é o maior e o mais eficiente produtor de biocombustíveis do mundo, com base na sua produção de cana-de-açúcar de baixo custo. Mas são poucos os outros países em desenvolvimento que podem ser produtores eficientes com as tecnologias atuais".
Charlie Neibergall

O milharal cercando usina de etanol em Iowa, nos Estados Unidos: montanha de subsídios
Ainda que esteja em melhor posição, o etanol brasileiro provavelmente sofrerá as conseqüências da mudança do humor mundial. Quando os biocombustíveis eram tratados como salvadores do planeta, os Estados Unidos definiram um plano de aumento do consumo. Sua meta é que o etanol responda por 10% de todo o combustível consumido em 2020. A Europa tomou a mesma providência, estabelecendo uma cota de quase 6% até 2010. A febre se espalhou. A Tailândia quer 10% de etanol em toda a gasolina do país. A Índia fixou 5% em nove estados. A China definiu que, em cinco províncias, o consumo tem de chegar a 10%. Agora, no entanto, sob o novo clima de adversidade, o governo da Inglaterra, por exemplo, já avisou que será cada vez mais "seletivo" no seu apoio à produção de etanol e não descartou a possibilidade de pedir revisão das metas definidas para 2010. O dado que chama atenção é que, nem nas reuniões das Nações Unidas, muito menos entre autoridades governamentais da Europa ou dos Estados Unidos, se observa algum empenho sério para cortar a montanha de subsídios oficiais ou derrubar as barreiras protecionistas contra o etanol brasileiro.

Nos Estados Unidos, cada litro de álcool de cana brasileiro paga 14 centavos de dólar de pedágio. Na Europa, são 29 centavos de dólar. Somando-se os subsídios com as barreiras comerciais, o quadro final é que americanos e europeus estão pagando para manter uma indústria menos eficiente e mais poluidora, e cobrando um pedágio para desestimular uma indústria mais eficiente e menos poluidora. A indústria do etanol brasileiro não tem como esconder, no entanto, que nem todas as suas práticas são ambientalmente responsáveis ou socialmente adequadas. Os cortadores de cana formam uma massa de trabalhadores sem qualificação que trabalham de sol a sol, ganham pouco e, historicamente, são flagrados em condições degradantes de trabalho. Isso tudo tem sido usado lá fora para barrar o etanol brasileiro. E são problemas reais. Isso não quer dizer, porém, que Estados Unidos e Europa estejam autenticamente preocupados com tais problemas. Se fosse assim, talvez estivessem empenhados em melhorar o padrão social e ambiental de nigerianos ou venezuelanos que ganham pouco e poluem muito trabalhando na indústria do petróleo de seus países – cujos barris americanos e europeus docemente aceitam comprar. Ao Brasil, porém, cabe fazer sua parte: produzir bem e melhor, em condições ambientais saudáveis e num quadro social digno.

O artigo, além de defender o etanol brasileiro, defende que os trabalhadores brasileiros tenham condições mais dignas e humanas de trabalho. Defende o povo pobre e desvalido que depende do trabalho nos canaviais para viver.

E o que o governo tem feito sobre estas condições sub-humanas de trabalho?

N A D A

Em resumo. Informação não ocupa lugar, não doi, e faz bem.

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