Anticrise
A posição do governo Lula como um todo tem sido de defesa intransigente da tese de que o Brasil tem fundamentos sólidos que lhe dão suprimentos para resistir à crise financeira internacional. Esta não é a posição de economias mais sólidas, como as dos países europeus ou do Japão, que têm injetado formidável massa de recursos para evitar quebradeira nos sistemas bancários. O governo brasileiro, aliás, já começou a tomar medidas concretas de socorro ao sistema financeiro nacional, diminuindo o depósito compulsório, o que deverá permitir uma injeção de 100 bilhões de reais. Reiterando essa posição do governo de Lula, o senador Aloizio Mercadante, ilustre petista de São Paulo, acaba de fazer uma exposição em que procura demonstrar que o Brasil não apenas reúne sólidos fundamentos para liderar um novo momento em sua economia, como poderá ganhar com a crise financeira que assusta as mais fortes economias do mundo. ´O Brasil construiu importantes linhas de defesa: temos reservas cambiais acima de 200 bilhões de dólares, a inflação está sob controle e a situação fiscal é favorável´ - sublinhou o senador petista de São Paulo.
Baixo risco
Mercadante, que também é economista, acredita que o governo brasileiro administra com competência as reservas cambiais, suprindo o sistema financeiro de liquidez sem comprometer o estoque das reservas. Gabou-se de que o Brasil é o único país que adota o regime de meta de inflação que consegue se manter dentro da meta. O senador crê que isso garante uma excepcional margem de liberdade e de ação ao governo, permitindo que o Banco Central se antecipe à crise, como, por exemplo, quando monitorou a alta dos preços das commodities, que acabou cedendo. Até na intensa e vertiginosa desvalorização do real, Mercadante enxergou efeito positivo no campo fiscal, lembrando que esse fenômeno não resultou na deterioração da dívida pública. Argumentou que, melhor ainda, o governo, exercendo a condição de credor, comprou dólar barato e o vendeu quando sua cotação estava no ponto alto, o que representou um evidente ganho fiscal, de tal modo que a relação dívida pública/PIB caiu para 38% no auge da crise financeira.
Austeridade
O senador Delcídio Amaral (PT-MS), relator-geral do Orçamento de 2009, acha que esse momento de crise recomenda que se adote uma atitude de austeridade e de prudência, quando anunciou que estava adiando a apresentação de seu relatório preliminar sobre a Lei Orçamentária Anual de 2009, que deveria ter ocorrido terça-feira passada. Delcídio julga ser indispensável que o Orçamento seja protegido por um ´colchão´ de modo que tenha condições de enfrentar os efeitos da crise financeira. O relator-geral disse que, ao adiar a apresentação do relatório preliminar, estava atendendo a um apelo pessoal do presidente da Comissão de Planos e Orçamentos, o deputado gaúcho Mendes Ribeiro Filho (PMDB-RS), que solicitou um prazo maior para a apresentação de emendas. Disse que, em relação às emendas individuais dos parlamentares, nada muda, uma vez que será de R$ 8 milhões o valor para cada parlamentar, ao custo de R$ 10 bilhões. A preocupação é preservar os valores previstos para o PAC e para os programas sociais.
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