Previdência estatizada


A câmara dos Deputados da Argentina aprovou a estatização da previdência privada.

A medida explica-se: a desvalorização de ativos de risco (ações) no contexto da crise financeira mundial gerou nos fundos previdenciários um desequilíbrio atuarial, que certamente será lançado na conta do governo.

Ou seja, o Tesouro argentino vai ser chamado a comparecer para honrar a aposentadoria de quem colocou dinheiro nesses fundos. Por isso, melhor mesmo foi estatizar.

Agora a conta entra diretamente no Orçamento, e fica submetida ao necessário controle político da sociedade, por meio do Parlamento.
Ou então, se é para o negócio ser verdadeiramente privado, que não recorram ao dinheiro público quando a coisa aperta.
Façam como nos Estados Unidos: se o fundo de previdência deu prejuízo, o sujeito sabe que vai ter que trabalhar mais tempo antes de se aposentar, ou então vai receber menos de aposentadoria.

Felizes de nós que temos o INSS.

Aliás, como é que os fundos de pensão das estatais brasileiras vão se virar para também corrigir o desequilíbrio atuarial decorrente da desvalorização das ações?

Alguém duvida de que daqui a pouco estarão batendo na porta do governo com faturas de bilhões?

Por isso é que talvez o melhor mesmo seja unificar todo o sistema previdenciário (público, estatal e privado) num só, estatal.

Com uma renda mínima garantida e com um ganho adicional vinculado ao rendimento de um fundo também estatal.

Essa era lá atrás a proposta do governo Luiz Inácio Lula da Silva, quando se votou a reforma previdenciária em 2003.

Era uma boa proposta, que por razões políticas hoje dorme em alguma gaveta.


Eu assino embaixo.

Um comentário:

  1. A maior parte do deficit previdenciario Brasileiro é produzido na área pública, com as aposentadorias de servidores estatutários de remuneraçao mais elevada. Estes tem o privilégio de se aposentar com ganhos sem teto, equilvalente ou até superiores aos que recebiam na ativa.

    Fundos de pensão privados foram criados aqui, justamente para não aumentar o ônus do Estado com aposentadorias elevadas. Estatizar estes fundos de pensão não afetaria muito as contas públicas Brasileiras no momento.

    Assim, temos duas castas de trabalhadores no Brasil, os que se aposentam pelo INSS com teto de até dez salários mínimos e uma minoria de servidores públicos de alta renda (Magistrados, integrantes do Ministério Público, Auditores Fiscais etc) que usufruem de altas aposentadorias sem teto.

    O Brasil é de fato um país com muitas desigualdades!

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