Olho na folhinha e me dou conta de que faltam só 15 dias para acabar o ano. Antes que todo mundo comece a fazer seus balanços e retrospectivas, já antecipo aqui meu inventário de 2008, mesmo sabendo que posso quebrar a cara, claro, com alguma desgraça inesperada surgindo nestas duas semanas que faltam para o ano novo.
2008 foi o ano em que todos ganhamos _ dos grandes empresários aos pequenos beneficiários do Bolsa Família, passando pelas classes médias e por este repórter que vos escreve.
Não me lembro de outro ano tão bom para mim e a grande maioria do povo brasileiro, que teve mais mais empregos e maior renda, comprou mais comida, roupa, perfume, casas, carros e livros, viajou e se divertiu mais (mesmo os que não torcem para o São Paulo…).
Eu sei que alguns leitores vão dizer que é fácil falar estas coisas porque faço o que gosto, ganho pra isso, tenho plano de saúde, uma bela família e muitos amigos, e eles têm um primo desempregado, o trem chegou atrasado e o médico do posto de saúde não apareceu.
Fácil, para mim, não foi. Nunca tinha trabalhado tanto como este ano em que cheguei aos 60. Tive que cumprir vários compromissos ao mesmo tempo para dar conta das encomendas, além de abastecer este Balaio: as reportagens para a revista Brasileiros, que se consolidou no mercado e chegou ao número 17 (já nas bancas e aqui no iG) , mais frilas em geral e palestras, que me levaram aos quatro cantos do país.
O fato é que a vida melhorou. Tirando alguns líderes da oposição ( me vem à lembrança a imagem patética de Álvaro Dias, o senador tucano do Paraná, dando plantão toda noite nos telejornais, com aquela fala empolada de locutor de serviço de som no interior), que passaram o ano farejando novos escândalos, em parceria com seus pit-bulls da imprensa, meia dúzia de blogueiros histéricos, que agora ameaçam rasgar as pregas, e alguns colunistas cansados, os brasileiros terminam o ano mais felizes, como mostram todas as pesquisas.
Mais de 20 milhões de brasileiros ascenderam à classe média, que pela primeira vez é maioria na população brasileira. Os índices de popularidade do governo e do presidente Lula batem sucessivos recordes. Semana passada, foi o Datafolha; hoje, outros dois institutos confirmam o crescimento da aprovação a Lula ao completar seu sexto ano de governo.
No CNI/Ibope, o governo alcançou 73% de ótimo/bom, a avaliação pessoal de Lula bateu nos 84% e, agora, só 6% continuam achando tudo ruim e péssimo. No CNT/Sensus, a aprovação do governo Lula ultrapassou os 80% e chegou a 80,3%.
Mas, a minoria, que é cada vez mais minoria, com seus 6% de descontentes, ainda faz bastante barulho na mídia, dando a impressão de que nada funciona, nada presta, está tudo errado, o Brasil caminha para o abismo e a vida não vale a pena.
Basta pegar todos os índices econômicos e sociais do Brasil quando começou o primeiro governo de Lula, em 2003, e compará-los com os de hoje, para entender este estado de espírito dos brasileiros, que mantêm o otimismo, mesmo em meio à maior crise econômica que o mundo viveu no pós-guerra.
A grande crise anunciada aqui pelos profetas do apocalipse desde a primeira eleição de Lula, em 2002, finalmente chegou, mas foi nos Estados Unidos, e de lá exportada para o resto do mundo, como sabemos.
Por isso, tudo o que eu queria para 2009 era não sentir saudades de 2008, mas eu sei que vai ser difícil. A economia mundial está hoje de tal forma globalizada e embricada que nenhum país ficara a salvo desta crise, por mais sólidos que sejam os fundamentos da economia brasileira.
Uns vão perder mais, outros menos, mas dificilmente voltaremos a ter tão cedo um ano como este que está terminando. Vai depender de como cada um de nós reagir à crise: entregando-se ao noticiário catastrófico, que antecipa e amplifica problemas, ou indo à luta, buscando formas de superá-la ou ao menos minimizá-la, como tem feito o governo brasileiro.
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