O terrorismo da mídia

Nem mesmo Freud explicaria o ódio a Lula

Por Otaciel de Oliveira Melo

O que o PIG - sigla criada no blog Conversa Afiada por Paulo Henrique Amorim e que significa Partido da Imprensa Golpista - ainda não entendeu ou não quer aceitar de forma alguma é o fato de Lula ser, na qualidade de político e Presidente da República, o maior fenômeno de comunicação de massa de todos os tempos. E onde está o segredo? Simples: Lula fala na linguagem do povo e com muita sinceridade. Por isso, inspira (e transpira) confiança. E também por isso o homem se apresenta como massa fermentada de bolo: quanto mais os adversários batem mais ele incha nas pesquisas que avaliam seu governo.

No momento o PIG insiste que o Brasil vai sofrer terrivelmente as conseqüências da atual crise econômico-financeira gerada nos Estados Unidos. E acha que Lula deveria gritar FOGO, O BRASIL VAI ARDER EM CHAMAS! No passado recente, o PIG nos aterrorizou com diversas crises: com a do apagão elétrico (os reservatórios voltaram a encher), com a da febre amarela (algumas pessoas morreram porque tomaram dose dupla de vacina) e com a do "causaéreo" (em todo lugar do mundo avião atrasa, mas aqui Lula foi responsabilizado inclusive pelo acidente da TAM), para ficar nos exemplos mais conspícuos de terrorismo midiático. Agora, o PIG torce escancaradamente para o Brasil quebrar. Que masoquismo! O grande crime de Lula, hoje, seria o de aconselhar à população a continuar comprando o necessário. Como viver sem o necessário?

Um dia desses apareceu um senhor na televisão contestando Lula porque este tinha dito que os brasileiros iam ter um excelente Natal (em termos de consumo, claro) este ano; o sujeito tinha saído de uma missa (salvo engano), mas cuspia labaredas de um ódio em todas as direções ao questionar a declaração de um Natal farto.

São numerosos e freqüentes os exemplos dessas manifestações iracundas contra um governo que conta com a aprovação de 78% da população brasileirade todas as classes sociais. A elas são dadas um destaque especial pela mídia tupiniquim. Elas ganham espaço nas rodas de samba dos programas de televisão, nas declarações de pessoas “letradas”, nos editoriais de jornais, nos artigos escritos pelos membros da comunidade do PIG, enfim, em quase toda mídia verde-amarela. Tais declarações, muitas vezes textos, raramente são questionadas e na maioria das vezes fica tudo por isso mesmo.

Vejamos mais dois exemplos de como isto funciona. O primeiro exemplo é seguido pelos meus comentários, em itálico.

O Senhor Clóvis Rossi (CR) é articulista do jornal a Folha de São Paulo.

Em 07 de dezembro do corrente ano ele escreveu o texto se encontra abaixo, o qual foi reproduzido pelo blog Vi o Mundo, do jornalista Luiz Carlos
Azenha. O título da matéria é “prefiro o Lula”. Vejam o que aquele Senhor escreveu.

“Não são nada razoáveis as críticas de analistas ouvidos por esta Folha a propósito do otimismo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Primeiro, porque faz parte do instinto básico de Lula. Quando ele ainda era oposicionista, queixou-se mais de uma vez a amigo comum do que ele considerava pessimismo meu (não é pessimismo, é realismo, mas não interessa)”.

“Se lamentava o pessimismo quando estava na oposição e não ganhava eleição, agora que ganha e bate recordes de popularidade, só pode ser superotimista.”

Isso mostra que Lula é coerente e que continua achando o CR super pessimista, não é mesmo? Ao mesmo tempo o articulista reconhece a popularidade do Presidente. Até parece que CR tem um mínimo de simpatia pelo Lula, não é verdade? Aliás, o título do artigo é “Prefiro Lula”, e daqui a pouco vamos esclarecer com quem ele o está comparando.

“Em segundo lugar, se o presidente diz "nosfu", o país infarta, claro. Discutir se "sifu" é expressão adequada ou não à "majestade do cargo" é irrelevante. Em terceiro lugar, governantes -e não apenas o do Brasil - têm hoje mais a função de animadores de auditório do que de administradores, quando resolvem seguir o modelo quase único pró-mercado”.

Por que o país enfarta? Porque “nosfu”, ao contrário de “sífu” (termo pronunciado por Lula para esconder um palavrão), abrange todo o povo brasileiro. Ou seja, a crise é grave e Lula estaria a esconder do povo brasileiro a gravidade da situação. E disse ainda mais CR: teriam a função de animadores de auditório aqueles administradores que resolvem seguir o modelo quase único pró-mercado. Ou seja, tanto faz Lula como um Chacrinha qualquer da vida, no final tudo dá no mesmo. Ou melhor: tanto faz Lula como FHC, ou Serra. Entenderam? E eu pergunto: por acaso Lula disse alguma vez que vivemos num país socialista? Ou será que CR não entende como funciona o capitalismo? Será que ele é um comunista enrustido? Olha, minha gente, o mercado funciona assim: é preciso fabricar para vender, é preciso comprar para manter o emprego de quem fabrica.

E continua o insigne articulista:

“Tanto é assim que a ministra Dilma Rousseff teve o seu momento-verdade anteontem ao dizer: "O governo não pode legislar sobre empregos. Não podemos baixar uma medida provisória dizendo: "Fique o emprego como está'".

“Pois é, se não pode manter o emprego, tampouco pode manter o poder aquisitivo dos salários, que é afinal o que de fato conta. Resta, pois, animar o público, no que está tendo o mais absoluto êxito, a ponto de 78% dos brasileiros acreditarem que sua vida vai melhorar no ano que vem, o que contraria as previsões de 11 de cada 10 economistas”.

Se a Ministra Dilma teve o seu momento de verdade anteontem, significa dizer que ela mente na maioria das vezes? Ou será que CR já se convenceu
que Lula governará até o final do mandato e já está trabalhando para detonar a candidatura Dilma no nascedouro? Em que país capitalista do
mundo o governo pode obrigar a iniciativa privada a manter o emprego dos trabalhadores? O máximo que um governo pode fazer é estimular o funcionamento da economia de mercado, e isto a equipe do governo Lula está procurando fazer. Pode também (e deve) aumentar em número, valor e prazo o seguro desemprego. Além disso, Lula não vem dizendo para os 78% dos brasileiros que o apóiam que no próximo ano a coisa vai melhorar. O que o governo Lula tem dito é que a espera que o Brasil seja, no próximo ano, um dos países menos afetados pela crise, como de fato tem ocorrido até agora.

Por último, e em contradição com seu penúltimo parágrafo, RC cita esta pérola de reconhecimento da ignorância dos economistas por um economista:
“Vai ver que esses 78% sabem de uma frase cáustica do também economista Roberto Campos (1917-2001), que me foi enviada pelo leitor Arnaldo Risemberg: "Há três maneiras de o homem conhecer a ruína: a mais rápida é pelo jogo; a mais agradável é com as mulheres; a mais segura é seguindo os
conselhos de um economista".

Aqui o articulista goza da propalada ignorância do povo brasileiro, que seria “estúpido” por não decorar frases de efeito como a de Roberto Campos e, acrescento, por não dar o mínimo de atenção aos grandes jornais do chamado sul maravilha. Concordo em parte com a frase anteriormente citada: quem tinha ou comprou ações de empresas nas bolsas de valores no ano de 2008 sabe do que estou falando. Principalmente aqueles que tomaram decisões erradas levando em consideração os comentários dos economistas oficiais do PIG. Parece-me que o problema de CR com relação ao Lula é que o Presidente andou chamando de imbecis aqueles que torcem contra o Brasil.

Tudo indica que o articulista vestiu a carapuça.



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