Do jeito que a coisa caminha, qualquer um pode ser economista.
Quer enveredar pelos meandros da “ciência maldita”? É simples.
Sempre que tiver de explicar fatos e números que não entende, faça o seguinte:
1. Misture os fatos e os números;
2. Teça com os fatos e com os números uma dedução incompreensível;
3. Puxe da dedução incompreensível duas premissas contraditórias entre si;
4. Quando menos esperar, você terá construído o seu próprio silogismo;
5. Desse silogismo, extraia uma ilação a esmo;
6. A partir da ilação, elabore uma conclusão ilógica.
Concluído o processo, você terá produzido uma previsão econômica. Tão infalível quanto qualquer outra.
Decerto haverá do seu lado quem faça cara de dúvida. Dê de ombros. Confie no seu taco.
Busque conforto nas previsões que outros economistas andam fazendo para o PIB de 2009.
Soube-se nesta segunda (1º) que especialistas da ONU estimam que o PIB do Brasil no próximo ano pode ser um “PIBinho”: 0,5%.
Pesquisa semanal feita pelo BC revela que operadores do mercado, que há sete dias previam um PIB de 3%, agora apostam em 2,8%.
E o ministro Guido Mantega (Fazenda), a despeito da crise global, continua jogando as fichas dele num “PIBão” de 4%.
Como se vê, a previsão econômica não passa de uma grande tentativa. E o economista não é senão um ficcionista.
Para você que é economista principiante, um conselho: não se preocupe com a realidade. A economia é atividade à prova de fracassos.
Ao fazer suas contas, o economista aperta os botões certos da calculadora.
Depois, tem de esperar para ver como vão se comportar essas coisas imprevisíveis que são as pessoas.
O sujeito vai cooperar? Vai gastar? Vai economizar? Vai correr ao banco? Vai confiar?
Portanto, se suas previsões malograrem, releve. A culpa não é sua.
A econômica é assim mesmo. Prevê o imponderável com precisão milimétrica.
Mas a precisão da ciência do economista só vai até onde começa o mistério do comportamento e da crendice do ser humano.
Escrito por Josias de Souza
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