Escolha racional no bunker


Há certa estupefação diante da (cada vez mais) alta popularidade de Luiz Inácio Lula da Silva, dado que a curva ascendente coincide com a economia descendo ladeira abaixo. 

Uma explicação possível é que as pessoas ainda não têm a percepção da nova realidade. 

Eu prefiro outro caminho de análise.

Lula está crescendo na crise porque quem se opõe a Lula não consegue responder a duas perguntas: 

O que o governo deveria fazer e não está fazendo?

O que o governo deixou de fazer e deveria ter sido feito? 

Há os juros estratosféricos (do Banco Central para os bancos e destes para o tomador), mas a oposição não perece ter mais apetite para enfrentar o problema do que o governo. 

O ato de escolher um líder tem sempre a ver com a avaliação de seus atributos de liderança -e da adequação desses atributos aos desafios colocados. 

Imaginem um grupo de pessoas encerradas num bunker, enquanto suas casas são demolidas por bombardeios aéreos. 

E imaginem que o grupo não coloca em seu líder a culpa pelo bombardeio. 

A situação objetiva está piorando, já que eles estão perdendo suas casas. Mas isso não se reflete no prestígio do líder, já que, pelo menos, ele os colocou dentro de um bunker. 

Alguém vai morrer? É possível. 

Pode haver feridos? Sim. 

Mas, se o líder tiver feito tudo que as pessoas acham necessário para enfrentar o problema, é improvável que o grupo queira trocá-lo.

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