Grão de Areia

A síndrome do amor seria um dos fundamentais motivos da razão de viver do homem. 

Sonhar e amar nasceram juntos como geratriz de felicidade porque transcendem do infinito divino ao mundo emocional do corpo e da alma. 

Um exemplo. No último carnaval, foliões e orquestras repetiram a marchinha de Dalva de Oliveira, ´Estrela do Mar´, sucesso de 50 anos em que o autor expressou a grandiloqüência do amor e do sonho como fonte universal de felicidade, nestes poucos versos: ´Um pequenino grão de areia, que era um pobre sonhador, olhando o céu, viu uma estrela e imaginou coisas de amor. Passaram anos, muitos anos, ela no céu, ele no mar, dizem que nunca o pobrezinho pôde com ela se encontrar. 

Se houve ou se não houve alguma coisa entre eles dois, ninguém jamais podia imaginar. O que é de verdade, é que depois, muito depois, apareceu a estrela do mar´. 

A riqueza temática da mensagem, envolvida na beleza melódica da marchinha, veio aninhar-se, com muita ternura, nos foros do sentimento humano, naquilo que se constitui a razão de ser feliz pelo amor, esta vontade de aceitação mútua e profunda, identificada pela doação pura e simples, senão a sintonia do ajustamento emocional amoroso que só Deus soube constituí-lo. 

A canção-poema estabelece a magnitude da liberdade sem fronteiras de um sonho de amor, capaz de conquistar o milagre de um acasalamento à distância sideral com o êxito do impossível. 

A procriação da espécie com o nascimento de uma estrelinha do mar, filha de uma mãe estelar, admitido pela imaginação do essencial invisível. O raciocínio.

Feliz aquele que respeita a vida e a defende como um milagre divino, aceitando o sonho como subsídio salutar e motivo de enriquecimento a sua personalidade. 

Sentir-se como um universo de emoções e imaginações criadoras, capaz de trocar pisca-pisca com as estrelas, a uma distância de 50 milhões de anos luz, como se fossem eternas namoradas. 

Somos uma só família, a despeito dos arrogantes e pretensiosos egoístas que não reconhecem seu protótipo de grão de areia, facilmente remanejável pelo vento, de uma duna para uma vala comum.

GERALDO MENEZES BARBOSA
Jornalista e escritor

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