Pelo jeito, esta será uma longa, muito longa campanha eleitoral. O PT precisa tornar conhecida a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. O governador de Minas Gerais, Aécio Neves, precisa movimentar-se para impedir que a inércia transforme a candidatura José Serra num fato consumado dentro do PSDB. E o governador de São Paulo tampouco pode ficar assistindo passivamente à ocupação de espaços pelos adversários, internos e externos.
Em tese, uma campanha curta e não polarizada seria ideal para Serra, que dispõe hoje de vantagem nas pesquisas de intenção de voto para 2010. Tratar-se-ia simplesmente de escolher um administrador capaz de continuar o que o governo Lula vem fazendo de certo, de fazer o que não vem sendo feito e de corrigir o que está errado. O discurso com que Serra derrotou a petista Marta Suplicy na corrida municipal de 2004 em São Paulo.
Mas nessas coisas é conveniente sempre antes combinar com os adversários. Já advertia Garrincha, um grande piadista, na brincadeira que fez com o técnico Vicente Feola nos vestiários da partida contra a Rússia na Copa do Mundo de 1958. E, já que nem Aécio nem Dilma parecem conformados com o papel de estender desde agora um tapete vermelho para que Serra suba a rampa no Planalto, o PSDB serrista parece ter descoberto a necessidade de sair da zona de conforto e ir à luta.
Quem torce por uma campanha curta dirá que desencadear agora a sucessão pode gerar paralisia administrativa e prejudicar o país. Já quem precisa se vitaminar no grande público dirá que quanto mais informação for dada ao eleitor, melhor. Que um eleitor bem informado vota de maneira mais consciente. Na política, como se sabe, há argumentos para todos os gostos. E para todas as conveniências.
Os últimos movimentos da ala hegemônica do tucanato, retratada no ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, refletem a constatação de que o PSDB não poderá ficar escondido, só esperando o dia em que a Presidência lhe cairá inevitavelmente no colo. Se quiserem chegar lá, os tucanos precisarão antes amassar barro, respondendo em primeiro lugar à seguinte pergunta: no que um Brasil governado pelo PSDB seria melhor do que o Brasil governado pelo PT?
O PSDB vem fugindo desse debate como o diabo foge da cruz. Só que, por mais que corra, dele não conseguirá escapar. É o que se escreve neste espaço desde tempos imemoriais. Os tucanos não têm conseguido fazer oposição programática ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Talvez porque Lula tenha incorporado boa parte do discurso do PSDB em assuntos como o controle da inflação e a responsabilidade fiscal. Ou os tucanos corrigem isso ou correm um risco enorme de ficar a ver navios no cais, enquanto a nau petista zarpa para um novo cruzeiro.
O quadro para o PSDB é complexo. Em entrevista esta semana a um canal de televisão, Dilma colocou na mesa a carta da reforma do Estado. Aumentar a eficiência da máquina pública. Com o movimento, a ministra prepara o ataque a uma das últimas fortalezas do discurso tucano. É uma manobra arriscada, mas compreensível: se tomarem a posição, as tropas do dilmismo terão reforçado o flanco e consolidado a sua defesa.
Se o PSDB for inteligente, buscará transformar o limão numa limonada. O PSDB perdeu nos últimos anos a oportunidade de construir socialmente uma agenda própria. Mas quem sabe se a disputa interna no tucanato não produz agora algo de útil? Uma ideia nova para o Brasil. Uma inspiração para despertar energias sociais hoje contidas.
O mundo mudou muito desde o início dos anos 1990, quando o PSDB se consolidou como força política. Naquela época, por exemplo, controlar o fluxo de informação era bem mais possível do que agora. Nos nossos dias, ou o sujeito mergulha na rede e trava a luta de ideias de maneira sistemática e contumaz ou então está fora da partida.
Nesse aspecto, o PT e o governo parecem mais adaptados à contemporaneidade do que o PSDB. Mas os tucanos têm massa crítica, intelectualmente falando, para equilibrar o jogo. Desde que queiram jogá-lo. Ou então podem continuar como estão: mirando obsessivamente o próprio umbigo, incapazes de projetar ideias que interessem de fato ao cidadão comum. Imbuídos da convicção de que mais dia menos dia estarão de volta ao poder. Por uma espécie de direito divino a ele.
Em tese, uma campanha curta e não polarizada seria ideal para Serra, que dispõe hoje de vantagem nas pesquisas de intenção de voto para 2010. Tratar-se-ia simplesmente de escolher um administrador capaz de continuar o que o governo Lula vem fazendo de certo, de fazer o que não vem sendo feito e de corrigir o que está errado. O discurso com que Serra derrotou a petista Marta Suplicy na corrida municipal de 2004 em São Paulo.
Mas nessas coisas é conveniente sempre antes combinar com os adversários. Já advertia Garrincha, um grande piadista, na brincadeira que fez com o técnico Vicente Feola nos vestiários da partida contra a Rússia na Copa do Mundo de 1958. E, já que nem Aécio nem Dilma parecem conformados com o papel de estender desde agora um tapete vermelho para que Serra suba a rampa no Planalto, o PSDB serrista parece ter descoberto a necessidade de sair da zona de conforto e ir à luta.
Quem torce por uma campanha curta dirá que desencadear agora a sucessão pode gerar paralisia administrativa e prejudicar o país. Já quem precisa se vitaminar no grande público dirá que quanto mais informação for dada ao eleitor, melhor. Que um eleitor bem informado vota de maneira mais consciente. Na política, como se sabe, há argumentos para todos os gostos. E para todas as conveniências.
Os últimos movimentos da ala hegemônica do tucanato, retratada no ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, refletem a constatação de que o PSDB não poderá ficar escondido, só esperando o dia em que a Presidência lhe cairá inevitavelmente no colo. Se quiserem chegar lá, os tucanos precisarão antes amassar barro, respondendo em primeiro lugar à seguinte pergunta: no que um Brasil governado pelo PSDB seria melhor do que o Brasil governado pelo PT?
O PSDB vem fugindo desse debate como o diabo foge da cruz. Só que, por mais que corra, dele não conseguirá escapar. É o que se escreve neste espaço desde tempos imemoriais. Os tucanos não têm conseguido fazer oposição programática ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Talvez porque Lula tenha incorporado boa parte do discurso do PSDB em assuntos como o controle da inflação e a responsabilidade fiscal. Ou os tucanos corrigem isso ou correm um risco enorme de ficar a ver navios no cais, enquanto a nau petista zarpa para um novo cruzeiro.
O quadro para o PSDB é complexo. Em entrevista esta semana a um canal de televisão, Dilma colocou na mesa a carta da reforma do Estado. Aumentar a eficiência da máquina pública. Com o movimento, a ministra prepara o ataque a uma das últimas fortalezas do discurso tucano. É uma manobra arriscada, mas compreensível: se tomarem a posição, as tropas do dilmismo terão reforçado o flanco e consolidado a sua defesa.
Se o PSDB for inteligente, buscará transformar o limão numa limonada. O PSDB perdeu nos últimos anos a oportunidade de construir socialmente uma agenda própria. Mas quem sabe se a disputa interna no tucanato não produz agora algo de útil? Uma ideia nova para o Brasil. Uma inspiração para despertar energias sociais hoje contidas.
O mundo mudou muito desde o início dos anos 1990, quando o PSDB se consolidou como força política. Naquela época, por exemplo, controlar o fluxo de informação era bem mais possível do que agora. Nos nossos dias, ou o sujeito mergulha na rede e trava a luta de ideias de maneira sistemática e contumaz ou então está fora da partida.
Nesse aspecto, o PT e o governo parecem mais adaptados à contemporaneidade do que o PSDB. Mas os tucanos têm massa crítica, intelectualmente falando, para equilibrar o jogo. Desde que queiram jogá-lo. Ou então podem continuar como estão: mirando obsessivamente o próprio umbigo, incapazes de projetar ideias que interessem de fato ao cidadão comum. Imbuídos da convicção de que mais dia menos dia estarão de volta ao poder. Por uma espécie de direito divino a ele.
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