Todo santo dia alguém lança uma nova projeção para o comportamento da economia mundial (e da brasileira) em 2009. O diabo é que nada bate com nada. O tempo vai passando e nada de se entenderem. Continua a mesma barata-tonta já apontada, no blog, em dois textos recentes (ver aqui e aqui). Sem falar no histórico baixíssimo índice de acerto das previsões da turma.
Aqui vão dez das mais recentes previsões para o comportamento da economia brasileira, em 2009:
Governo 4%*
Banco Central 3,2%
Banco Mundial 2,9%
Unctad (Comissão das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento) 2,9%
BIS (”Banco Central dos bancos centrais”) 2,8%
Boletim Focus do BC (relativa ao dia 23/1) 2%
CNI (Confederação Nacional da Indústria) 2,3%
Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e Caribe) 2,1%
FMI 1,8%
IIF (think tank da banca) 0,8%
Banco Morgan Stanley 0%
(*) O ministro Guido Mantega diz que não é projeção, mas meta.
Aposto que vai ter quem venha dizer que não importa o número exato, mas a tendência. E essa, em todas as projeções, é de baixa.
Muito bem. Mas entre a mais pessimista da lista acima e a mais otimista, tem uma diferença de uns 5 milhões de empregos. Esta é a diferença, caso se utilize a régua do custo da criação de novos postos de trabalho, entre crescer zero ou 4%. Mesmo dando de barato que existe uma moda nas previsões (o intervalo entre 2% e 3%), se está falando em algo como a criação aproximada de 1,5 milhão de postos de trabalho. Não é pouco, não.
Continuo achando que o problema não está nas previsões macroeconômicas – elas são úteis, de algum jeito, para sinalizar tendências. O problema está em acreditar exclusivamente nelas para pensar o mundo e, pior, tomar decisões.
Para cumprir tal tarefa, em tempos como o atual, de mudanças radicais no ambiente econômico, as previsões macro, com base em modelos de equilíbrio geral, embora continuem sendo produzidas aos borbotões, são imprestáveis.
José Paulo Kupfer
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