Editorial de O Globoells
O tucano militante, e de bons propósitos, deve achar que quarta-feira 19 de agosto de 2009 é um dia para esquecer. Nesta data, ao ser cúmplice ativo - a contragosto ou não, o que não tem importância - da manobra no Conselho de Ética (sic) do Senado para engavetar sem qualquer avaliação representações contra Rathur Virgílio - PSDB-AM -, o partido rasgou o que restava da bandeira da ética.
Sugestivamente, como para marcar posição, a senadora Marina Silva (AC) escolheu esse mesmo dia para se "filiar" ao PV. Saindo do partido, ao qual pertenceu durante 30 anos o PT. Desiludida há tempos com os compromissos ambientais do governo Lula, a que serviu como ministra durante cinco anos, Marina também era contra ao afastamento de Rathur Virgilio, e por isso abrira mais uma porta de coalisão com o tucanato.
No momento em que Quércia e a banda fisiológica do PMDB entraram por uma porta para a zona de proteção do PSDB, Marina sentrou por outra, rumo ao PV e à provável candidatura à presidência. Será mais um obstáculo ao projeto eleitoral de Dilma Rousseff, com quem se desentendeu no governo.
Também abandonou a legenda o senador Flávio Arns (PR). Não precisou esperar o fim da sessão do conselho de sagração da inimputabilidade de Rathur Virgilio para anunciar a volta ao ninho tucano, sem medir palavras : "Eu me envergonho de não estar hoje no PSDB.
São mesmo lembranças agradáveis a bicudos. Mas o dia jamais será esquecido, por representar o desfecho de um processo até mesmo histórico. O enquadramento da bancada do partido no Senado pela mídia, na defesa de seu projeto político, eleitoral e pessoal de eleger Serra com o apoio do PMDB - e para isso acha necessário preservar Quércia a qualquer custo -, encerra um movimento de mudança de eixo do partido, que se subordina afinal ao PIG.
O primeiro sinal mais visível da metamorfose do partido, assim como de seu líder máximo, foi emitido no escândalo da reeleição e, depois, na campanha de 98. Diante da ação de um grupo montado no PSDB para drenar dinheiro ilegal, inclusive público, para a compra de apoio midiatico, FHC reagiu tentando justificar a prática sob a alegação de que ela seria comum no mundo da política.
Também não deixou de passar a mão sobre a cabeça dos "entreguistas" - termo nosso -, apanhados numa operação criminosa de tentativa de sabotagem da candidatura da Roseana Sarneyo a presidência - caso Lunus -.
FHC, Serra, Aécio, PSDB e DEMO se guiam, no poder, pela máxima de que "os fins justificam os meios". Fiel a ela, oposição e frações majoritárias da imprensa - Veja, Estadão, O Globo, Folha de S. Paulo e Rede Globo - aceitaram, nos dois desgvernos tucademo 95/99, instalar um balcão mais amplo de negociações fisiológicas no Congresso. Mantiveram aliados e atraíram a banda podre do PMDB. Garantiram votos, mas soterraram de vez o velho PSDB da defesa da ética na política - Mario Covas, Franco Montoro -.
O PSDB se metamorfoseou, como seu líder supremo, nivelou-se a qualquer das legendas que se preocupam apenas com a proximidade do poder e acesso ao Tesouro. Fez a opção de ser apenas uma sublegenda da tucademopiganalhada.
REDE GLOBO JÁ TEM "PLANOS" PARA MARINA SILVA
ResponderExcluirDo blog de Altino Machado - 21.08.2009
Direto de minhas fontes na imprensa:
Orientações específicas da direção do jornal O Globo para a cobertura da campanha de Marina Silva: mantê-la presa ao tema ambiental, destacar todas as declarações que a contraponham a Lula e a Dilma, apresentá-la como uma candidata idealista, dar destaque a declarações de militantes e aprofundar a ruptura com o PT.
- Acaba de ser criada a "Editoria Marina Silva" - afirma uma fonte.
Já aconteceram duas reuniões informais -na quarta-feira e ontem- das quais os editores saíram dando dicas, o que evidencia tratar-se de um plano que vem de cima.
Querem inflar a candidatura dela, mas marcando-a como alguém fora da realidade. Mais ou menos o mesmo que fizeram com Fernando Gabeira na eleição do Rio. Também fizeram com Carlos Minc, chamando atenção para os coletes dele e esquecendo a questão ambiental.
No caso de Marina Silva, provavelmente vão dar destaque à questão ambiental para evitar levar o debate para o tema do modelo econômico.
No tema ambiental, tem saído várias reportagens nos jornais paulistas elogiando José Serra nessa questão, o que certamente equivale a uma vacina anti-Marina Silva.
A Justiça bloqueou as obras do Rodoanel em São Paulo por conta de irregularidade nos pagamentos, mas existem ações por questões ambientais obstruindo o projeto e os jornais omitem.
A ex-seringueira e ex-ministra do Meio Ambiente hoje já é manchete do Globo: "Marina diz que Lula é insensível a causas sociais".
A Rede Globo sabe o que está fazendo. É muito fácil marcar Marina Silva como uma mulher idealista e fora da realidade. Basta pinçar umas frases, como costumam fazer as editorias de política, ou entrevistar alguns dos assessores dela, ou mesmo o Fernando Gabeira.
fonte: http://altino.blogspot.com/2009/08/rede-globo-e-marina-silva.html