O abandonado
Airton Monte
Encontrei um conhecido meu, a quem, logicamente, não darei o nome em público por motivos óbvios, assim sentado solitariamente na mesa de um bar, entornando umas cervejas, ostentando uma desamparada tristeza de um menino de quem acabaram de roubar a primeira bicicleta. Ao me ver, o amigo deu-me um forte abraço ensopado de lágrimas e só conseguia repetir, num tom de voz que era um misto entre o ódio e a saudade, uma melancólica ladainha: ”Por que? Por que? Por que? Por que? Por que? Por que? Por que?”
Daí, eu já podia desconfiar que só podia ser alguma história de mulher. E realmente era. Pois o desgraçado acabara de levar um humilhante chute da mulher que ele amava, e que, diga-se de passagem, tratava-se de uma louraça cinematográfica. Dessas que se Deus não fosse perfeccionista, haveria nascido Vera Fischer. Como só acontecer nessas aflitivas situações, o infeliz contou-me o seu atribulado fim de caso, que naturalmente como todo fim de caso, traz em si embutido um enredo dramático de quinta categoria. A mesmíssima conversa fiada de sempre.
Com viril solidariedade, ponho-me a pensar por que os homens sofrem mais intensamente do que as mulheres quando são abandonados. Creio que não é a mulher que não padece, de coração estraçalhado, das desditas de amor. Entanto, o homem sofre diferente e mais profundo. Eventualmente nem goste mais da mulher que se foi. O que predomina, por muitas vezes, é a insuportável perda do chamado e troglodítico direito de posse que o homem pensa possuir. Por exemplo, o homem sempre diz pra todo mundo ouvir, ao apresentar a consorte: esta é a minha mulher.
Por sua vez, o imbatível mulherio jamais ousa usar a mesma fala e se sai da situação com os sambados eufemismos como “meu marido, meu companheiro, meu namorado, meu amor”. Penso que as mulheres têm um discreto pudor da posse. Mas enfim, o meu triste amigo foi embora como um senhor feudal completamente desmoralizado. Enchi-me de remorsos por não poder ajudá-lo em nada. Entanto, nada que eu pudesse dizer iria aliviar a sua lancinante dor. Podia ter-lhe dito os versos de Pablo Neruda: ”Ah, para além de tudo, é a hora de partir, ó abandonado”.
Caso tivesse encontrado esse amigo, teria muito a dizer-lhe, pois com certeza a dor dele ñ é diferente da q estou a sentir agora. Ñ existe essa de dizer q o homem sofre menos ou mais q a mulher, ambos sofrem na mesma intensidade desde q tenha vivido de fato um sentimento verdadeiro.
ResponderExcluirO amor é eterno. Se não for eterno...não é amor!
ResponderExcluirHomem traiu: "MORTE AO FDP, CANALHA, CRETINO, ISSO NÃO SE FAZ, É UM IMBECIL, VAGABUNDO, COITADINHA DA MULHER, HOMEM É TUDO CAFAJESTE MESMO, TARADO, SÓ PENSA EM SEXO, TOMARA QUE O PAU APODREÇA E CAIA"
ResponderExcluirMulher traiu: "HOMEM DEIXOU A DESEJAR, HOMEM QUE NÃO DÁ ASSISTÊNCIA ABRE CONCORRÊNCIA, MOMENTO DE FRAQUEZA, HOMEM ERA UM IMBECIL QUE A MALTRATAVA, ELA PROCUROU FORA O QUE ELE NÃO DAVA EM CASA, O HOMEM NÃO DEVE METER DIREITO COITADA"