Criança diz cada uma II


Outro dia escrevi, aqui mesmo, uma crônica com o título acima e choveram cartas contando as peripécias de crianças por esse Brasil todo. Quais são os pais que não guardam as "besteiras" que os filhos dizem quando pequenos? Vamos a algumas delas.


* Aninha já estava com dois anos. Loira, linda. Nunca tinha cortado o cabelo. Eram amarelo-ouro e cacheados. "Parecia um anjinho barroco", diz a mãe coruja.
Lá um dia, a mãe pega uma enorme tesoura e resolve dar um trato na cabeça da criança, pois as melenas já estavam nos ombros. Chama a menina, que chega ressabiada, olhando a cintilante tesoura.
- Mamãe vai cortar a cabelinho da Aninha.
Aninha olha para a tesoura, se apavora.
- Não quero, não quero, não quero!!!
- Não dói nada...
- Não quero!, já disse.
E sai correndo. A mãe sai correndo atrás. Com a tesoura na mão. A muito custo, consegue tirar a filha que estava debaixo da cama, chorando, temendo o pior. Consola a filha. Sentam-se na cama. Dá um tempo. A menina pára de chorar. Mas não tira o olho da tesoura.
- Olha, meu amor, a mamãe promete cortar só dois dedinhos.
Aninha abre as duas mãos, já submissa, desata o choro, perguntando, olhando para a enorme tesoura e para a própria mãozinha:
- Quais deles, mãe?


* Claudia tinha seis anos. Seus pais se separaram. O pai arrumou outra namorada e a engravidou. Resolveu ter o filho. Foi contar para a Claudia, filha do primeiro casamento.
- Filhinha, o papi quer te contar uma novidade.
- Ahn...
- Você vai ganhar um irmãozinho.
- A mamãe tá grávida?
- Não, filhinha. É com a minha namorada.
Claudinha fica intrigada. Seis anos:
- Mas como é que você vai ter um filho com a Fernanda se vocês não são casados?
O pai se embaraça, sai pela tangente:
- Sabe o que é, filhinha, a cegonha errou a data, entende?
- Cegonha, papi? Cegonha?
- É, errou a data... Acontece...


- Papi, eu estou achando que você andou colocando uma sementinha na Fernanda!!!
* Na cidade tinha um padre muito temido pelas criancinhas. Ralhava com todo mundo, era contra minissaia, namoros, beijos, decote, tudo. Era o terror da garotada, o Padre Castanho.
Zé Carlos, uns oito anos, adorava escutar futebol junto com o pai, pelo rádio. E adorava ficar imitando os locutores. Enquanto ia jogando futebol de botão ia narrando os jogos, imitando o Fiori Gigliotti.
Estava lá um dia, irradiando o jogo, com aquele palavreado típico todo, quando houve um gol e ele chamou o "repórter de campo":
- O que foi que só você viu, Padre Castanho?!!


* E o pai daquele garotinho, o Bruno, foi designado para trabalhar em Washington durante dois anos. Na viagem, a mãe foi explicando ao Bruno, quatro anos, como seria a vida nos Estados Unidos, que lá é tudo diferente, o povo, a comida e, principalmente, a língua.
Bruno ouvia tudo, no avião, muito curioso.
- Como que é a língua, mã?
- É outra língua, completamente diferente. Mas, com o tempo, você vai se acostumando.
Uma semana depois, a mãe vai buscar o filho na escola, depois do primeiro dia de aula. Bruno tinha passado o dia inteiro lá. Vem a professora americana, toda preocupada:
- Seu filho é um amor. Participou de todas as atividades. Só que não disse uma única palavra. Não abriu a boca nem na hora do lanche.
Voltando para a casa, a mãe pergunta ao filho:
- A professora me disse que você não abriu a boca nem para comer. Sem fome, filho? Estranhou a comida?
- E eu sou bobo? Se eu abro a boca eles trocam a minha língua...


* Laurinha era separada e tinha duas filhas. Conheceu Carlinhos que era igualmente separado e tinha quatro filhos. Só que três de um casamento e o caçula, Pedro, de uma outra relação.
Laurinha e Carlinhos se casaram e juntaram os seis, numa mesma casa. Passa o tempo, Laurinha se engravida de Carlinhos. Reunem todos os filhos numa sala para dar a notícia.
Laurinha:
- Queremos avisar a todos vocês que eu e o pai de vocês vamos ter mais um filho.
No que o caçula Pedro, incontinenti:
- Ué, mas pode ter filho morando junto?

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