SE O NATAL NÃO FOSSE UM DIA


Não há quem, por alguma razão, não espere ansioso pelo Natal.

A indústria, o empresário, o comércio, o comerciário.
O paciente, o doente. O detento. O presidiário.
O trabalhador. O assalariado.
Quem vende, quem compra. Quem faz compras.
Quem dá e quem recebe. E quem espera receber.
A família. O filho, a filha... de todas as idades.
Uns alimentam o sonho do aumenta das vendas e do lucro.
Outros aguardam incontidos a visita, a alta, a liberdade, o cartão, o embrulho colorido, o presente, a "felicidade".

Nesse 24 de dezembro caminhei pelas ruas da minha cidade. E por onde andei percebi que não havia Natal.
Árvores com luzes que não piscavam porque nunca foram acesas... porque não existiam nem árvores nem luzes para acender.
(Na autoestrada vi a Mitsubishi ainda sem placas, vindo da loja direto para fazer a alegria do felizardo que o recebeu como o presente prometido).
Na periferia, o contraste da riqueza e opulência. Pessoas humildes e suas casas humildes.
A roupa simples e a bicicleta simples. E nada que demonstrasse ali o espírito materialista do Natal.
Foi quando imaginei que a simbologia do Natal pode estar além da atitude de dar e receber presente.
O bêbado que nos pediu “dois contos, prá interar uma cerveja”, me fez sentir que o Natal não faz sentido.
A criança descalça e olhar perdido de quem só não perdeu a esperança porque não se perde o que nunca se teve, deixou-me um pouco mais triste.
Eu, que já não tinha tantos motivos para me alegrar... Foi quando deparei-me com histórias que se configuram simples, mas comeventes exemplos de vida e nos fazem repensar o verdadeiro sentido do Natal.
E descubri-me um ser inútil. Aquele tipo que se emociona com uma notícia, uma imagem e... é só.
Que não é chegado a dar nada e egoisticamente se isola no casulo de sua tristeza e nem ao menos a reparte...
Enquanto isso, alguém o espera no leito de um hospital.
Bastaria um sorriso, uma história, um gesto de carinho. Uma visita.
Que poderia ser feita também à delegacia. Ou à Casa de Idosos.
Quantas crianças órfãs da alegria, da esperança e acolhidas pela tragédia: do alcoolismo dos pais ou de sua separação, da doença, da falta de escola... da falta de sorte e atenção da sociedade, do governo.
Da minha atenção.
Porque eu não fiz e – NÃO FAÇO – a minha parte...
Ainda bem que existem aos milhares as redes de solidariedade espalhadas por aí que fazem.
Elas são compostas de pessoas para as quais todo dia é Natal. Pessoas que semeiam amor, dão carinho, distribuem sorrisos, emanam solidariedade, espalham felicidade.
Todos os dias, repito.
Para pessoas assim, o Natal não é somente uma data, é a sequência de uma vida aonde falta luz, bolas coloridas, presentes, amor, saúde, liberdade, dignidade – VIDA.
Todavia, algo deixa escapar que uma aura de luz e de paz abarca o mundo, que a solidariedade de alguma forma e em diversos formatos se manifesta através das atitudes humanas quando chega o Natal.
Mas somente quando é Natal.
Ah! se o Natal não fosse um dia e se um dia a gente descobrisse isso.


Que vocês que me acompanharam, vocês que gostam muito ou pouco, ou até que não gostam de mim e do que escrevo.
Que vocês tenham um Natal de Paz e em paz na companhia de quem vocês gostam.
Que 2010 traga com ele a possibilidade de realizar os sonhos que farão a felicidade completa de vocês em 2009.

Saúde e Paz a todos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário