Após a vitória da direita no Chile fui conferir a análise do resultado da eleição presidencial chilena no maior site da esquerda brasileira, o Vermelho.
A questão que se levanta, ainda que indisfarçadamente, é: até que ponto a vitória da oposição no Chile nos serve de alerta para uma possível vitória de um candiato na eleição para presidente em outubro que não seja a da ministra Dilma Rousseff.
Vejam a opinião do Vermelho e tirem suas conclusões. Eu há muito já tirei as minhas. Piñera venceu com algo em torno de 1,3% de vantagem, num 2º turno em que mais de 25% do eleitorado não copareceu às urnas.
Aqui, Dilma será eleita logo no 1º turno com, pelo menos, 62% dos votos do povo brasileiro.
Vermelho.org: Piñera, no Chile, vence o 2º turno e é eleito novo presidente do país. Após 50 anos, a direita vence a eleição presidencial. A Concertación, no poder há 20 anos, cansou os chilenos que, há algum tempo, já vinham votando em renovação. Ominami, candidato independente, foi a grande novidade desta eleição no 1º turno, alcançando 20% dos votos. Nem seu apoio ao candidato da Concertación no 2º turno levou Frei — o candidato de Bachelet — à vitória.
Por Walter Sorrentino, em seu blog
O resultado parece compor a vontade de mudança de padrões políticos no comando do Estado, com a continuidade de rumos do país. Em suma, um embate despolitizado, só modificado na reta final quando Concertación encosta na direita nas pesquisas. Piñera percebeu isso e explorou um discurso centrista, pragmático, sem entretanto romper com sua base. Boa parte do povo está cansada da política. Inscrição eleitoral no Chile não é obrigatória, de modo que quase metade da população não votou. Da metade que votou, 51% e algo deram a vitória a Piñera. Portanto, 25% da população em condições de votar deram um novo presidente da República.Nas comemorações, cartazes de Pinochet nas ruas, o assassino de seu povo. Aos cem anos do massacre de Iquique, imortalizado na cantata de Quilapayun nos anos 1970, o Chile está na via da direita. Mau resultado, sobretudo se se levar em conta o equilíbrio de forças no ciclo progressista vivido na América do Sul. Embora, no caso do Chile, o país estivesse relativamente independente desse processo, e tendo definido de certo modo consensual seu modo de inserção particular na economia mundial.Enquanto isso, impressiona o estratagema conservador em todo lugar do continente, incluído o Brasil. Fala-se abertamente de ameaça comunista, de tentativa de implantação de ditadura do proletariado, de ameaça à liberdade de imprensa, de manipulação dos direitos humanos como bandeira para o autoritarismo. O próprio FHC conclamou contra o “populismo autoritário” no Brasil.As conferências democráticas que elaboram políticas públicas no país, com ampla discussão desde a base, são tratadas como sectarismos esquerdizantes. A direita não se peja em fazer pregação anacrônica, manipulando os meios de comunicação monopolizados que detêm, para criar ambiente de suposta ameaça democrática, bolchevização do país. A falta de escrúpulos choca.Não é um enfrentamento fácil o que está em curso na América Latina. Na dúvida, há a IV Frota para atemorizar, os acordos militares que permitem aos Estados Unidos sete bases na Colômbia. Enquanto isso, sob os auspícios dos Estados Unidos, em Honduras os golpistas não foram sancionados; no Haiti, a ajuda humanitária se transforma em demonstração de hegemonia norte-americana.Há um grande paradoxo nisso tudo. Ao lado do ciclo progressista e desenvolvimentista em curso em vários países, suprimindo o paradigma do Consenso de Washington e mobilizando os Estados nacionais a impulsionarem o crescimento econômico, feito em bases democráticas em muitos casos jamais vividas, as sociedades vivem uma despolitização. Incorporando maiorias sociais ao processo político (como na Bolívia, Equador, Venezuela e mesmo Brasil), há uma espécie de diluição geral, onde a política e os partidos políticos cansam a maioria da população.A política se mercantilizou, vergada sob a evidência de que poderes reais da sociedade (finanças e comunicações, particularmente) escapam às suas determinações, têm outro timing e outras consequências, mais tangíveis no plano da vida imediata da população. Não por acaso esses são exatamente os setores de ponta na contraofensiva que pretendem neste momento, e que não querem admitir nenhum tipo de controle social sobre seu papel.Em 2010 e 2011 se define o destino do ciclo progressista no subcontinente, e a eleição brasileira de outubro terá forte centralidade. A julgar pelo andar da carruagem, a direita esconde suas verdadeiras bandeiras, mas está ativíssima em retomar as rédeas do poder.
Briguilino
ResponderExcluirVocê vai morder a lingua novamente. Sempre tenho que te lembrar das suas previsões com relação a Martaxa Suplicy. Você também dizia que ela ia ganhar no primeiro turno. Deu no que deu.
Infelizmente no Brasil não temos um partido conservador, ou como queira de direita. Só temos as esquerdas festivas, muita fumaça e pouco fogo.
Com isto a justiça social tão necessária a todos os brasileiros nunca chega pois a esquerda precisa da miséria para sobreviver.
O PSDB e o PT são farinha do mesmo saco. PMDB e DEM partidos oportunistas corruptos (o PT e o PSDB também são corruptos) e vão para onde melhor possam roubar.
Vai levar algum tempo ainda de muita luta, mas vai chegar o dia em que nos veremos livres desta esquerda demagógica, retrógada e desonesta.