O retrovisor do Laguardia

O presidente Lula passa por momentos de euforia que o levam a inventar inimigos e enunciar inverdades. Para ganhar sua guerra imaginária distorce o ocorrido no governo do antecessor, autoglorifica-se na comparação e sugere que, se a oposição ganhar, será o caos.

Por trás dessas bravatas está o personalismo e o fantasma da intolerância: só eu e os meus somos capazes de tanta glória. Houve quem dissesse "o Estado sou eu". Lula dirá: "o Brasil sou eu!" Ecos de um autoritarismo mais chegado à direita.

Lamento que Lula se deixe contaminar por impulsos tão toscos e perigosos. Ele possui méritos de sobra para defender a candidatura que queira. Deu passos adiante no que fora plantado por seus antecessores. Para que, então, baixar o nível da política à dissimulação e à mentira?

A estratégia do petismo-lulista é simples: desconstruir o inimigo principal, o PSDB e FHC (muita honra para um pobre marquês...). Por que seríamos o inimigo principal? Porque podemos ganhar as eleições.

Como desconstruir o inimigo? Negando o que de bom foi feito e apossando-se de tudo que dele herdaram como se deles sempre tivesse sido. Onde está a política mais consciente e benéfica para todos? No ralo.

Na campanha haverá um mote — o governo do PSDB foi "neoliberal" — e dois alvos principais: a privatização das estatais e a suposta inação na área social.

Os dados dizem outra coisa. Mas, os dados, ora os dados... O que conta é repetir a versão conveniente.
Há três semanas, Lula disse que recebeu um governo estagnado, sem plano de desenvolvimento. Esqueceu-se da estabilidade da moeda, da lei de responsabilidade fiscal, da recuperação do BNDES, da modernização da Petrobras, que triplicou a produção depois do fim do monopólio e, premida pela competição e beneficiada pela flexibilidade, chegou à descoberta do pré-sal.

Esqueceu-se do fortalecimento do Banco do Brasil, capitalizado com mais de R$ 6 bilhões e, junto com a Caixa Econômica, libertados da politicagem e recuperados para a execução de políticas de Estado.

Esqueceu-se dos investimentos do programa Avança Brasil, que, com menos alarde e mais eficiência que o PAC, permitiu concluir um número maior de obras essenciais ao país.

Esqueceu-se dos ganhos que a privatização do sistema Telebrás trouxe para o povo brasileiro, com a democratização do acesso à internet e aos celulares, do fato de que a Vale privatizada paga mais impostos ao governo do que este jamais recebeu em dividendos quando a empresa era estatal, de que a Embraer, hoje orgulho nacional, só pôde dar o salto que deu depois de privatizada, de que essas empresas continuam em mãos brasileiras, gerando empregos e desenvolvimento no país.

Esqueceu-se de que o país pagou um custo alto por anos de "bravata" do PT e dele próprio.

Esqueceu-se de sua responsabilidade e de seu partido pelo temor que tomou conta dos mercados em 2002, quando fomos obrigados a pedir socorro ao FMI — com aval de Lula, diga-se — para que houvesse um colchão de reservas no início do governo seguinte.

Esqueceu-se de que foi esse temor que atiçou a inflação e levou seu governo a elevar o superávit primário e os juros às nuvens em 2003, para comprar a confiança dos mercados, mesmo que à custa de tudo que haviam pregado, ele e seu partido, nos anos anteriores.

Os exemplos são inúmeros para desmontar o espantalho petista sobre o suposto "neoliberalismo" peessedebista. Alguns vêm do próprio campo petista.

Vejam o que disse o atual presidente do partido, José Eduardo Dutra, ex-presidente da Petrobras, citado por Adriano Pires, no Brasil Econômico de 13/1/2010:

"Se eu voltar ao parlamento e tiver uma emenda propondo a situação anterior (monopólio), voto contra. Quando foi quebrado o monopólio, a Petrobras produzia 600 mil barris por dia e tinha seis milhões de barris de reservas. Dez anos depois produz 1,8 milhão por dia, tem reservas de 13 bilhões. Venceu a realidade, que muitas vezes é bem diferente da idealização que a gente faz dela".
O outro alvo da distorção petista refere-se à insensibilidade social de quem só se preocuparia com a economia.

Os fatos são diferentes: com o Real, a população pobre diminuiu de 35% para 28% do total. A pobreza continuou caindo, com alguma oscilação, até atingir 18% em 2007, fruto do efeito acumulado de políticas sociais e econômicas, entre elas o aumento do salário mínimo.

De 1995 a 2002, houve um aumento real de 47,4%; de 2003 a 2009, de 49,5%. O rendimento médio mensal dos trabalhadores, descontada a inflação, não cresceu espetacularmente no período, salvo entre 1993 e 1997, quando saltou de R$ 800 para aproximadamente R$ 1.200. Hoje se encontra abaixo do nível alcançado nos anos iniciais do Plano Real.

Por fim, os programas de transferência direta de renda (hoje Bolsa Família), vendidos como uma exclusividade deste governo. Na verdade, eles começaram em um município (Campinas) e no Distrito Federal, estenderam-se para estados (Goiás) e ganharam abrangência nacional em meu governo.

O Bolsa Escola atingiu cerca de cinco milhões de famílias, às quais o governo atual juntou outras seis milhões, já com o nome de Bolsa Família, englobando em uma só bolsa os programas anteriores.

É mentira, portanto, dizer que o PSDB "não olhou para o social". Não apenas olhou como fez e fez muito nessa área: o SUS saiu do papel à realidade; o programa da Aids tornou-se referência mundial; viabilizamos os medicamentos genéricos, sem temor às multinacionais; as equipes de Saúde da Família, pouco mais de 300 em 1994, tornaram-se mais de 16 mil em 2002; o programa "Toda Criança na Escola" trouxe para o ensino fundamental quase 100% das crianças de 7 a 14 anos.

Foi também no governo do PSDB que se pôs em prática a política que assiste hoje a mais de três milhões de idosos e deficientes (em 1996, eram apenas 300 mil).

Eleições não se ganham com o retrovisor. O eleitor vota em quem confia e lhe abre um horizonte de esperanças. Mas, se o lulismo quiser comparar, sem mentir e sem descontextualizar, a briga é boa. Nada a temer.

Fernando Henrique Cardoso é ex-presidente da República
FHC ( farsante, hipócrita, canalha) que tal ser tu o adversáro da Dilma? Assim nos teriamos o imenso prazer de mostrar quanto é verdade o que escreve.

11 comentários:

  1. Briguilino

    Me cite uma sequer política social inovadora do lulo petismo. Uma sequer que não tenha sido implantada em governos anteriores e rebatizada. Me cite uma sequer política econômica inovadora, que não tenha vindo de governos anteriores.

    Me cite também uma sequer política para o futuro governo. Quais são os planos de governo, concretos, de Dilma para o próximo governo?

    Duvido que você possa responder.

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  2. Robson Lopes07 fevereiro, 2010

    Então FHC é responsável por tudo de bom no Brasil, como somos cegos e ingratos, injustos, a energia privatizada é a mais barata e de melhor qualidade, a telefonia, tem o menor custo do mundo, a Vale não usa nossas reservas naturais. FHC teve duas gestões perfeitas, como não vi isso antes.

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  3. Esse era o Brasil em 1999. Um país refém do FMI. Um presidente tão frouxo que tinha que pedir a um outro ministro para “ pressionar “ ( !?! ) o Malan, para que ele pedisse “ a chave do cofre ao FMI “. Dá até pra ouvir o FHC no telefone : ” - Clóvis, pressiona o Malan pra ele pedir pro FMI soltar uma graninha pra nós ”. CRUZES ! Dá pra ser mais tosco que isso ? O Brasil de FHC era um país estagnado, parado, sem autonomia, sem futuro, sem horizontes. O colapso não foi apenas na economia. Foi total. Foi um colapso moral inclusive, pois abrangeu a perda de nossa soberania como nação. A verdade é que FHC e Lula pensam diferentes e tem ATITUDES diferentes. E é importante que esse ano o povo entende que mais do que eleger Dilma ou Serra, teremos que optar por POLÍTICAS diferentes e não por políticos diferentes, simplesmente. Daí que não vai dar pra fugir da comparação 8 anos de FHC X 8 anos de Lula.

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  4. Meu amigo Laguardia, respondo com uma pergunta: Depois da roda e do Estado o que o Homem inventou?

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  5. FHC, Serra e todo o PSDB governam para uma pequena elite. FHC, com sua arrogancia e petulância, odeia ter que reconhecer que Lula simplesmente apagou a sua figura da história. FHC alquem sabe? Alguem viu?

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  6. Petralhas, lavem a boca com soda caustica antes de falar de Fernando Henrique Cardoso, homem decente que honrou, depois de muito tempo, o posto de presidente do Brasil. O passado recente do PT os incriminam por terem gerado o mais degradante e vergonhoso escândalo de corrupção do Brasil. Não vamos esquecer não o MENSALÃO DO PT. Vários de seus líderes estão sendo julgados criminalmente e todos foram expulsos da vida pública pela justiça do Brasil: Zé Dirceu, Genoino, Gushiguem, Palocci, e tanto outros. Faltou pegar o capitão covarde do navio que não teve coragem de salvar seus tripulantes. Foi o primeiro a saltar do navio e entregar todos o seus amigos a morte. Partido de esquerdopatas que planejam o modelo autoritário da Venezuela (do amigo Chavez) p/ o Brasil. O único planejamento que tiveram competência de fazer esta escrito no PNDH 3 e é p/ destruir a democracia do Brasil nos próximos oitos anos. Isto o povo brasileiro não deixará. Não vão rasgar não nossa constiuição. Parasitas!

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  7. briguilino, a linguagem e a escritas, são a maior invenção da humanidade, e tudo é discurso.

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  8. Briguilino

    Como sempre você foge da raia. Responda a pergunta que lhe fiz.

    Nenhum dos outros comentaristas respondeu.

    Vou repetir a pergunta para qualquer lulo petista responder.

    Me cite uma sequer política social inovadora do lulo petismo. Uma sequer que não tenha sido implantada em governos anteriores e rebatizada. Me cite uma sequer política econômica inovadora, que não tenha vindo de governos anteriores.

    Me cite também uma sequer política para o futuro governo. Quais são os planos de governo, concretos, de Dilma para o próximo governo?

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  9. Só uma resposta a um anônimo que não sabe das coisas.

    A Vale usa nossas reservas naturais tanto quanto a Petrobrás.

    E de quem é a Vale? Da Previ do Banco do Brasil, da Petros da Petrobrás. Qual a diferença entre as duas?

    Nenhuma!

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  10. Robson Lopes

    Nossa energia elétrica não é privatizada, pelo menos a que usamos em Minas Gerais. Itaipu não é privatizada. Lula multiplicou por três o quanto pagamos pela energia que compramos do Paraguai.

    Nossa telefonia pode não ser a mais barata do mundo, mas é mil vezes mais barata do que quando era estatal.

    Hoje há um telefone por habitante no Brasil. Quando a telefonia era estatal esperava-se 5 anos para poder ter uma linha e ainda se pagava a prestação a preço de ouro.

    Não repita as asneiras que ouve dos lulo petistas. Pesquise antes de falar bobagens.

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  11. Briguilino

    Ainda aguardo sua resposta

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