Como manipular pesquisas


Inicialmente, uma ressalva importante: com base nos dados até agora divulgados, não dá para acusar o Datafolha de ter fraudado a pesquisa. Há uma suspeita relevante, devido à disparidade de resultados da penúltima pesquisa em relação às demais. E às circunstâncias que cercaram o levantamento: pesquisa extraordinária, não prevista, com alguns resultados incompreensíveis (como os da subida de Serra no Rio Grande do Sul).
Vou demonstrar algumas maneiras matemáticas de manipular pesquisas, para que se definam algumas linhas de avaliação das pesquisas divulgadas.
Para definir o universo pesquisado, primeiro o instituto mapeia as chamadas regiões homogêneas do estado – áreas onde haja um comportamento similar entre os eleitores. Faz o mesmo para os bairros das regiões metropolitanas.
Definido o universo, escolhe alguns municípios (ou bairros) que teoricamente representariam a média do universo pesquisado. E lá faz as entrevistas.
Depois de um bom histórico de pesquisas, conhece-se o comportamento de cada zona, de cada cidade. Sabe-se que há uma dispersão nas conclusões dos diversos municípios ou bairros em cada zona homogênea. Para manipular a pesquisa, então, basta selecionar – em cada zona homogênea – o município cujo perfil de votação atenda às necessidades de manipulação. E transpõem-se o resultado da parte para o todo.
Confira como foi o comportamento dos eleitores do sul de Minas nas eleições de 2006:
Que cidade deveria ser pesquisada para refletir o pensamento do sul-mineiro? Itajubá, com seus 28,7% de votos para Lula, ou Poços de Caldas, com 35,6%.
Veja bem, é uma hipótese de quem não tem conhecimento especializado de pesquisas. Mas é uma hipótese razoável.
Confira na simulação abaixo.

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