Por Carlos Chagas
Por anos a fio, o PT e seu líder maior insurgiram-se contra a reeleição. Aliás, com toda razão, por tratar-se de uma vigarice imposta ao Congresso pelo presidente Fernando Henrique, eleito para um mandato mas conseguindo ficar dois. Se estivesse vivo, o saudoso Serjão poderia contar quanto custou.
Como o Lula conseguiu eleger-se em 2002, ficou o dito pelo não dito: ele também se reelegeu em 2006, tarefa que conseguiria mesmo se não fosse popularíssimo. Afinal, o presidente que concorre a mais um mandato nem ao menos se licencia. Continua exercendo o poder com as mãos, vale repetir, e o Diário Oficial, com os pés.
Em entrevista ao “Correio Braziliense”, publicada hoje, o presidente Lula faz ostensiva apologia da reeleição. Tem motivos adicionais, como dar a impressão de estar tão certo da vitória de Dilma Rousseff que já antevê dois mandatos para ela. Mais importante ainda, aferra-se à reeleição para criar embaraços à hipótese de Aécio Neves tornar-se candidato a vice-presidente na chapa de José Serra.
O ex-governador de Minas teria abertas as portas do palácio do Planalto, em 2014, caso os tucanos vencessem em outubro.
O irônico é ter partido de José Serra a sugestão para o Congresso extinguir a reeleição. Logo os tucanos que a criaram...
A conclusão surge clara: convicções nada valem em política. Variam ao sabor dos interesses. O que era ontem deixa de ser hoje. Amanhã, quem sabe?
Comentário:
A regra básica para democraticamente mudar o calendário eleitoral tem de ser: Só valer as mudanças que não contrariam as regras pelo que os atuais políticos foram eleitos.
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