por João Bosco Rabello
O prolongamento excessivo da novela do vice de José Serra começa a fazer mal à sua campanha. Estratégia ou indecisão mineira, o suspense em torno de Aécio Neves já passou do limite razoável e faz do ex-governador personagem concorrente na cena política.
Se for estratégia, é hora de concluí-la. Se for conflito – o mais provável - também já produz um desgaste político ao PSDB.
Aécio ficou maior do que o candidato, roubando-lhe a cena; ora admitindo a possibilidade de ser vice, ora negando-a; desvalorizando a função e fazendo do candidato do seu partido um refém de sua decisão.
Um candidato com chances de vitória não pode exibir uma liderança política que luta para não ser vice. Ao contrário, o normal seria haver uma disputa pelo lugar.
A perspectiva de Serra sair da convenção do próximo dia 12 ainda sem vice (o prazo para essa definição vai até 30 de junho), começa a incomodar tucanos e também o DEM – este, já questionando sua exclusão do processo por conta do mensalão de Brasília.
Embora suprapartidário, o esquema de propina do governo Arruda ficou rotulado como o “mensalão do DEM” e no âmbito interno da aliança justificou o exílio dos Democratas.
A alternativa Francisco Dornelles (PP-RJ), desceu ladeira abaixo com a infeliz emenda de redação que patrocinou no texto do projeto da ficha limpa no Senado.
Por mais que explique, Dornelles não se livra mais da acusação de ter agido em favor de seu correligionário Paulo Maluf, na contramão de toda a sua experiência política.
Serra, segundo alguns de seus aliados, já dá sinais de irritação com o comportamento dúbio de Aécio, e recebe pressão para não deixar que o assunto vá além da convenção.
Na leitura de experientes políticos mineiros, Aécio Neves não abandonará a campanha ao Senado. Tem garantidos oito anos de mandato que, na hipótese de derrota de Serra o mantém no palco das decisões políticas.
Na hipótese de vitória de Serra, não perde poder: antes, será um cardeal mineiro no Congresso Nacional.
O único cenário em que perde é se decidir ser vice e a chapa tucana perder as eleições. Fica de mãos abanando.
Considerado esse contexto, os acenos dúbios de Aécio teriam o único propósito de influir no tabuleiro do xadrez mineiro, onde tenta emplacar seu sucessor ou, na pior das hipóteses, manter algum poder regional.
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