Serra, drogas e a rota caipira

O absurdo das declarações do candidato tucano ao Planalto, José Serra (PSDB-DEM-PPS) em relação à Bolívia, não é apenas má fé ou politicagem eleitoreira, gratuita e irresponsável. Tampouco constitui somente uma prova cabal de sua inabilidade para, caso se elegesse presidente, conduzir o Brasil de hoje da forma como o país e seu povo merecem.

Suas afirmações nesse caso constituem principalmente uma demonstração da incoerência de Serra enquanto candidato e enquanto governo, seja no Estado de São Paulo, seja no plano federal que ele foi durante oito anos como ministro do Planejamento e da Saúde na era FHC.

Vejam vocês um exemplo claro e indiscutível dessa contradição: reportagem veiculada no Bom Dia São Paulo pela Rede  Globo (veja) aponta que em apenas um mês foi apreendida cerca de uma tonelada de maconha, cocaína, pasta de coca e crack na chamada rota caipira do tráfico, isto é, no interior paulista.

A rota caipira é formada pela BR 153 (ligação Promissão-Ourinhos e outras regiões do Estado) até o entroncamento com a Rodovia Raposo Tavares. Dela, a droga transita em direção aos Estados do Sul e Sudeste do país. E não apenas drogas: outra reportagem da mesma Globo (veja) mostra que o contrabando de armas funciona a pleno vapor também nessa rota. Continua>>>

2 comentários:

  1. Documentos oficiais produzidos pelo governo durante a gestão do presidente Lula reforçam a acusação de José Serra (PSDB) contra o governo da Bolívia.

    Segundo relatórios oficiais da PF, 80% da cocaína distribuída no país vem da Bolívia - a maior parte na forma de "pasta". O refino é feito no Brasil.

    Para a PF, a evolução do tráfico revela que há "leniência" do país vizinho. Serra usara uma expressão análoga: "corpo mole".

    Sob Lula, realizou-se um esforço para reativar, sem sucesso, as comissões mistas antidrogas Brasil-Bolívia.

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  2. O presidente da Bolívia, Evo Morales, se disse surpreso nesta segunda-feira (31) com o volume do narcotráfico em seu país, e acusou os Estados Unidos de suposto favorecimento aos responsáveis.

    A declaração foi feita na véspera da primeira visita oficial a La Paz do secretário adjunto de Estado dos Estados Unidos para o Hemisfério Ocidental, Arturo Valenzuela, num momento de reaproximação entre os norte-americanos e o governo de Morales.

    "Não achava que era tão grande o narcotráfico, não achava que o narcotráfico tinha tal poder econômico (...), sinto que se infiltra nos poderes, nas estruturas dos Estados, não só na Bolívia, mas em todo o mundo", disse Morales em discurso num ato militar.

    "Vejo que há muita cumplicidade de algumas instituições, de membros da Justiça boliviana, mas também de alguns membros da polícia. Por que essa forma de comprar nossos membros do Estado? Cheguei à conclusão de que é muita 'plata' (dinheiro), o narcotráfico manipula muita 'plata'."

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