Os desafios do próximo governo

Entrevista com Delfim Neto, por Claudia Safatle | De São Paulo


Esta é a primeira eleição presidencial, nos últimos 25 anos, sem turbulências no câmbio, sem estresse na inflação, nos juros, atenta o ex-ministro Delfim Netto. Ele explica: "É que todos sabem que, qualquer que seja o candidato que ganhe, se não for o Plínio de Arruda Sampaio ( PSOL), tudo fica como está e seguirá se aperfeiçoando. Pode ter uma mudancinha aqui, outra acolá, mas nada substantivo".

Eleitor de Lula em 2002 e 2006 e, agora, da candidata do PT, Dilma Roussef, Delfim chegou a prognosticar, em 2002, diante do temor de que, se eleito, Lula afundaria o país: "A gente elege o PT e daqui a quatro anos eles estão de volta para casa". Comentário que foi feito antes de Lula, em junho daquele ano, substituir o programa anacrônico do PT pelo respeito às regras do jogo da Carta aos Brasileiros.
Do seu escritório na Ideias Consultoria, instalado numa simpática residência no Pacaembu, em São Paulo, o ex-ministro e ex-deputado, 82 anos, fala sobre eleições, sobre Lula, que nesses oito anos "transcendeu a si mesmo", e sobre a economia brasileira nos próximos anos.
Mas um tema que raramente emerge de suas conversas com jornalistas aparece nesta, de forma espontânea e com um grau de relevância singular: a democracia, a força das instituições e o papel do Supremo Tribunal Federal (STF) como avalista das liberdades no país. "Não vamos brincar. O povo quer vingança. O Supremo tem que fazer justiça", diz.

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