Agora é Dilma!

A presidenta eleita completou a formação do seu governo e esta prestes a assumir o mandato que lhe confiou a maioria esmagadora de brasileiras e brasileiros. 83% dos quais, segundo o Datafolha, tem a expectativa que ela faça um governo igual ou melhor que o do presidente Lula, que encerra em 31 de dezembro o seu segundo governo.

Dilma tem o mandato e conta com a expectativa da população para prosseguir uma política de crescimento econômico, sem inflação e com distribuição de renda, em continuidade com a que foi implementada desde janeiro de 2003, durante dois mandatos consecutivos, por Lula.

O desafio para Dilma e para seu governo é da mesma magnitude que aquele ao qual Lula esteve confrontado quando assumiu o governo e o fato que ela receba uma "herança bendita" em nada diminui a dimensão dos problemas aos quais estará confrontada.

A crise econômica internacional, que na sua fase atual desloca o processo da moeda única europeia, esta longe de acabar. Seus efeitos sobre o mercado mundial pesarão sobre o ritmo do crescimento brasileiro, sem dúvida, pelo menos no próximo ano se não por mais tempo.Sem falar no acirramento do que se configura em verdadeira "guerra cambial", exacerbando o protecionismo e distorcendo ainda mais o comércio mundial.

A fraqueza do investimento público em contraste com o peso do gasto público exigirá medidas difíceis para permitir atingir uma substancial redução do endividamento, que autorize uma redução mais consistente dos juros e reduza fortemente a pressão inflacionária. Uma política fiscal austera e firme que assegure um crescimento sustentável e enfrente os gargalos de anos de atraso, não deixará de provocar questionamentos e dúvidas.

Mas é nesses desafios que se forjam as lideranças e Dilma conta com o respaldo necessário para se içar sobre os ombros do seu predecessor e imprimir com sua marca o presente do Brasil.

Ela não foi eleita para assegurar interinamente a gestão dos assuntos administrativos e sim para liderar uma nação que procura estabelecer às condições para se transformar em uma grande potência. Ela será julgada em relação a este objetivo e deverá apresentar e defender seu balanço perante seus eleitores. Foram eles que conferiram a Dilma o poder para continuar mudando e são eles que julgarão se a nova presidente estará à altura das aspirações do povo.

Um ciclo histórico está prestes a se fechar. Ele teve início com o surgimento do Partido dos Trabalhadores em 1979 e levou à presidência do Brasil, por dois mandatos, o seu principal dirigente e fundador. Contrariamente à maioria das experiências da esquerda no mundo, esse ciclo não se fechou na amargura da derrota ou da decepção. Ao contrário, ao cabo desse processo o PT consolidou sua liderança e seus laços com uma parcela cada vez maior do povo e dos eleitores. O seu candidato foi vencedor em três eleições presidenciais sucessivas, as duas primeiras com Lula e a terceira com Dilma. Lula soube passar o bastão a sua sucessora. Ela é agora quem comanda o início deste novo ciclo e caberá a ela, com o apoio da liderança do PT e dos partidos aliados, encontrar as respostas aos novos dilemas do desenvolvimento e da justiça social. Ela poderá contar com a experiência de Lula, que deverá evitar que sua sombra ofusque a luz da nova presidenta.

Lula deu mostras de entender o recado, relembrando repetidas vezes a frase "Rei morto, rei posto". O êxito do primeiro mandato de Dilma será seguramente reconhecido como obra também do seu predecessor, na medida em que souber contribuir para consolidar o lugar da presidenta na liderança da nação. Nesse sentido Lula tem ainda um papel imenso ajudando Dilma a voar totalmente libre da qualquer tutela, que não seja a do controle democrático do povo e das suas instituições republicanas.

por Luis Favre

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