O mapeamento do emprego da rede de mamógrafos espalhados por 823 municípios brasileiros, promovido pelo Ministério da Saúde, vem dando uma exata posição do interesse dos serviços públicos especializados na prevenção do câncer de mama. Equipamentos imprescindíveis a esse plano, os mamógrafos, quando não estão desativados por defeito técnico, falta de manutenção ou de peça de reposição, registram elevada ociosidade no seu uso.
Enquanto isso, a cada ano, aumentam as taxas de mortalidade provocadas pela falta da correta prevenção da doença ou da intervenção médica, em tempo hábil, para a recuperação das enfermas. O Ceará pode servir de vitrine para esses contrastes, com seus 32 mamógrafos distribuídos entre Região Metropolitana de Fortaleza e as demais regiões interioranas assistidas pelos programas do Sistema Único de Saúde. Enquanto a demanda reprimida é por demais elevada, observa-se a existência de baixa utilização desses equipamentos. Em Fortaleza, os 13 mamógrafos disponibilizados ao público assistido pelo SUS realizaram, em 2010, 50 mil exames. Para 2011, a previsão é de 60 mil, mas sua capacidade é superior a 300 mil exames preventivos por ano. O baixo comparecimento da clientela não dispensa a necessidade das análises antecipadas das mamas. Pelo contrário. O problema estaria relacionado com a gestão dos programas, a desinformação do público-alvo e a falta de mobilização dos movimentos femininos para a correção das distorções, tornando a prevenção uma rotina.
A idade para esse tipo de cuidado depende do estado de saúde da mulher. Se ela for saudável, a rotina no atendimento recomenda os exames periódicos dos seios, a partir dos 30 anos, e a realização anual de mamografia, a partir dos 40 anos, se não surgir nenhum contratempo. A prevenção é o caminho mais recomendável para evitar embaraços posteriores com o agravamento do quadro de saúde.
O País enfrenta o dileta de mamógrafos ociosos quando o câncer avança por falta de prevenção. Depara-se, igualmente, com a opinião pública contrária à elevação de qualquer nova contribuição social para o custeio da saúde. Mesmo sem os recursos adicionais da Contribuição Permanente sobre a Movimentação Financeira (CPMF), superiores a R$ 20 bilhões anuais, o governo, neste ano, reforçou o orçamento do SUS com mais R$ 10 milhões.
A Assembleia Geral da Organização Mundial da Saúde, em realização na Suíça, discute o financiamento da saúde pública em 192 países signatários de suas diretrizes. O comprometimento brasileiro é de apenas 6%, menor do que a média dos países africanos, de 9,6%. Contudo, a questão central repousa na qualidade das despesas, nos baixos níveis da gestão pública e no desperdício típico do serviço público.
A saída para pôr termo aos reflexos da crise em 46 hospitais universitários seria a criação da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares para controlar essas unidades de saúde pública. O governo escolheu como modelo a experiência bem-sucedida do Hospital das Clínicas de Porto Alegre. Mas, ainda assim, há setores contrários à medida.
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