Junte-se a exposição do ex-senador aos dados divulgados na véspera pela Fundação Getúlio Vargas, sobre a ascensão das classes D, E e C na divisão da renda nacional e se terá a impressão de que ninguém segura este país. Afinal, 3,7 milhões de cidadãos passaram a ganhar de 1.200 reais a 5.174 mil por mês.
Maravilha? O Nirvana à vista de todos, na próxima curva? Confetes e serpentinas em profusão, fora do Carnaval?
Não é bem assim. O Brasil real encontra-se a milhas de distância do Brasil formal das estatísticas. Basta atentar para o número de indigentes soltos pelas ruas de cidades grandes e pequenas, em especial nesses dias de baixas temperaturas. A multidão de desesperançados vendendo óculos ou pedindo esmola nos semáforos e praças. As legiões de jovens sem emprego, tanto faz se oriundos da pobreza ou frequentando cursos profissionalizantes e até com diplomas universitários. Os que cedem á tentação do tráfico sempre crescente e os que optam pela violência. Sem esquecer a falência do sistema de saúde pública quando se trata de atender os menos favorecidos.
Trata-se de um outro Brasil que se desenvolve em paralelo ao Brasil ufanista construído pelos detentores do poder, quaisquer que sejam. Somos a sétima economia do mundo, caminhando para novos patamares? Sem dúvida, mas parte da nossa base social vai ficando para trás, agora com o ingresso dos antigos defensores das massas no grupo dos caolhos que apenas vislumbram o progresso. Somos os maiores usuários de telefones celulares e campeões da compra e do uso de computadores, mas entre 190 milhões de brasileiros, aumenta o número dos que vão ficando para trás. Azar o deles, dirão as elites. É da vida, acrescentam os privilegiados. Seria bom tomar cuidado.
por Carlos Chagas
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