A presidente da República não tem por que ceder agora na trilha que ela escolheu para se relacionar com a base governista. Se decidir recuar correrá o risco de precisar doravante pedir licença aos aliados até para escolher o cardápio do Alvorada.
Mas Dilma Rousseff não pode prescindir da base, pois tem pelo menos mais três anos e meio de governo. Sem contar a possível campanha pela reeleição. Já que a presidente se movimenta como candidata a tal.
Inclusive pelo contraste que imprime com o período do antecessor e padrinho. Para quem a conta do rearranjo governamental anda pesada.
Administrar a tensão com os aliados vai exigir sintonia fina e sangue frio. O segundo quesito não parece faltar, ainda que a presidente não esteja imune a escorregadas.
Como quando diz que não se move em função do publicado na imprensa.
Fora a operação da Polícia Federal no Ministério do Turismo, nasceram do trabalho jornalístico as encrencas que vêm permitindo à presidente agarrar o manche do governo dela.
A fala talvez tenha sido uma gentileza, um gesto em direção a aliados preocupados. O ritual útil de falar mal de um adversário histórico, para adicionar alguma coesão às próprias fileiras. Vai saber...
Dilma está no jogo em vantagem. Se abrir mão da base não é opção para ela, renunciar aos espaços governamentais tampouco é alternativa para a base. E no fim das contas quem nomeia e demite é ela.
Então a base precisará, certa hora, compor com o Planalto. Com Dilma Rousseff, a única possuidora da caneta que desembaraça verbas e cargos.
Por isso deve-se olhar com alguma cautela a agitação nestes dias cheios de novidades.
Uma novidade foi o apoio da ala que, na falta de expressão melhor, poderia ser chamada de setor independente dentro dos partidos da base do governo no Senado.
A coisa tem lá sua dose de “não é o que parece”, pois o grupo de senadores está mais para oposição do que para governo. Já é quase uma dissidência. E ninguém consegue governar apenas ou principalmente apoiado por dissidências.
Trocar o establishment senatorial por esse grupo tampouco é possibilidade realista.
No cabo de guerra, Dilma tem outro trunfo: não se ter proposto uma pauta agressiva de reformas legislativas. Precisa pouco do Congresso.
Só não pode deixar a situação sair do controle, como aconteceu no Código Florestal na Câmara dos deputados. Quando o Palácio do Planalto construiu cuidadosamente a derrota, por desconsiderar a correlação de forças.
Dilma precisa aprovar a renovação da DRU (a desvinculação parcial de receitas, que permite mais flexibilidade orçamentária) e talvez goste de fazer avançar algum arremedo de reforma tributária.
Só. No mais, é governar. No caso de Dilma, cumprir as metas no avanço na infraestrutura nacional. Será (ou não) a marca do governo dela, um bolo cuja cereja são as obras da Copa do Mundo de 2014.
Daí que a presidente avance com apetite no controle da máquina. Num caso trocou o ministro (Transportes), noutros vem deixando os titulares, por enquanto. Mas privados de poder real.
Dependentes da clemência presidencial.
E o Congresso? Há alguns cenários. No mais desfavorável, a rebelião da base permitirá ao Parlamento enfileirar uma sequência de gastos amalucados, para inviabilizar o governo.
No mais favorável, daqui a pouco as coisas se ajeitam. Pois é melhor sair da primeira para a segunda classe do que ser expelido para fora do trem.
Pelas razões expostas ao longo desta coluna, e mesmo que a verdade esteja -como sempre- num ponto intermediário, tende a prevalecer a segunda opção.
A não ser que Dilma se mostre ruim de serviço para além da conta. Muito além.
Mas Dilma Rousseff não pode prescindir da base, pois tem pelo menos mais três anos e meio de governo. Sem contar a possível campanha pela reeleição. Já que a presidente se movimenta como candidata a tal.
Inclusive pelo contraste que imprime com o período do antecessor e padrinho. Para quem a conta do rearranjo governamental anda pesada.
Administrar a tensão com os aliados vai exigir sintonia fina e sangue frio. O segundo quesito não parece faltar, ainda que a presidente não esteja imune a escorregadas.
Como quando diz que não se move em função do publicado na imprensa.
Fora a operação da Polícia Federal no Ministério do Turismo, nasceram do trabalho jornalístico as encrencas que vêm permitindo à presidente agarrar o manche do governo dela.
A fala talvez tenha sido uma gentileza, um gesto em direção a aliados preocupados. O ritual útil de falar mal de um adversário histórico, para adicionar alguma coesão às próprias fileiras. Vai saber...
Dilma está no jogo em vantagem. Se abrir mão da base não é opção para ela, renunciar aos espaços governamentais tampouco é alternativa para a base. E no fim das contas quem nomeia e demite é ela.
Então a base precisará, certa hora, compor com o Planalto. Com Dilma Rousseff, a única possuidora da caneta que desembaraça verbas e cargos.
Por isso deve-se olhar com alguma cautela a agitação nestes dias cheios de novidades.
Uma novidade foi o apoio da ala que, na falta de expressão melhor, poderia ser chamada de setor independente dentro dos partidos da base do governo no Senado.
A coisa tem lá sua dose de “não é o que parece”, pois o grupo de senadores está mais para oposição do que para governo. Já é quase uma dissidência. E ninguém consegue governar apenas ou principalmente apoiado por dissidências.
Trocar o establishment senatorial por esse grupo tampouco é possibilidade realista.
No cabo de guerra, Dilma tem outro trunfo: não se ter proposto uma pauta agressiva de reformas legislativas. Precisa pouco do Congresso.
Só não pode deixar a situação sair do controle, como aconteceu no Código Florestal na Câmara dos deputados. Quando o Palácio do Planalto construiu cuidadosamente a derrota, por desconsiderar a correlação de forças.
Dilma precisa aprovar a renovação da DRU (a desvinculação parcial de receitas, que permite mais flexibilidade orçamentária) e talvez goste de fazer avançar algum arremedo de reforma tributária.
Só. No mais, é governar. No caso de Dilma, cumprir as metas no avanço na infraestrutura nacional. Será (ou não) a marca do governo dela, um bolo cuja cereja são as obras da Copa do Mundo de 2014.
Daí que a presidente avance com apetite no controle da máquina. Num caso trocou o ministro (Transportes), noutros vem deixando os titulares, por enquanto. Mas privados de poder real.
Dependentes da clemência presidencial.
E o Congresso? Há alguns cenários. No mais desfavorável, a rebelião da base permitirá ao Parlamento enfileirar uma sequência de gastos amalucados, para inviabilizar o governo.
No mais favorável, daqui a pouco as coisas se ajeitam. Pois é melhor sair da primeira para a segunda classe do que ser expelido para fora do trem.
Pelas razões expostas ao longo desta coluna, e mesmo que a verdade esteja -como sempre- num ponto intermediário, tende a prevalecer a segunda opção.
A não ser que Dilma se mostre ruim de serviço para além da conta. Muito além.
por Alon Feurwerker
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