Uma greve sem-vergonha

Para a imagem e até a sobrevivência do Congresso, pior não  poderia ser a decisão dos líderes dos partidos da base do governo na Câmara do que paralisar a votação de projetos de interesse do palácio do Planalto como represália ao combate à corrupção efetuado em ministérios do PMDB, PR, PT e penduricalhos. Apesar do exagero da utilização de algemas pela Polícia Federal, nos episódios da prisão de suspeitos, não há justificativa para a decisão dos líderes. Em especial porque a greve  terminará na hora, se o governo liberar  verbas relativas às emendas individuais ao orçamento e, de tabela, nomear alguns indicados pelos  partidos oficiais para mais uns tantos cargos de segundo escalão na administração federal.

Um descalabro. Uma vergonha. Os tempos são outros, o país conseguiu superar a ditadura e promover uma democracia razoável, mas, se o Congresso desaparecesse, pouca gente lamentaria. A instituição Poder Legislativo está acima das lambanças praticadas por seus integrantes, ainda que a sucessão de evidências fisiológicas possa desembocar na fusão entre o todo e as partes.

Acresce que desde o início da atual Legislatura nenhuma atenção foi dada por deputados e senadores para os grandes problemas nacionais. Faltam até  discursos sobre a crise econômica e o vazio social, quanto mais projetos e programas destinados a desatar nós que o governo, sózinho, mostra-se incapaz de resolver.

Em suma, vive-se um período amargo onde os valores se inverteram. Eficiente é o partido que mais sinecuras realiza nas fatias de poder postas à sua disposição. Aí estão os ministérios da Agricultura e do Turismo para não deixar ninguem mentir. Aliás, se também desaparecessem, ninguém notaria, exceção dos vigaristas que neles se locupletam.
Carlos Chagas

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