Crise econômica

[...] Hebert Hoover e Franklin Rossevelt

Em seus quatro anos de mandato (1929-1933), o republicano moderado Herbert Hoover e sua esposa orquestraram e fizeram inúmeros esforços privados de assistência. Ele criou a Corporação Financeira para Reconstrução, com a finalidade de colocar dinheiro à disposição dos bancos para que eles, por sua vez, pudessem fazer empréstimos substanciais a empresas privadas e, assim, ajudá-las a superar a depressão. Quando a iniciativa privada não foi suficiente para resolver a crise do emprego, lançou vários projetos importantes de obras públicas, como a ponte Golden Gate em San Francisco e a Barragem Hoover no Colorado. No entanto, três anos depois do colapso da Bolsa de Valores em outubro de 1929, o desemprego era maior do que nunca e, nas eleições de novembro de 1932, Franklin Roosevelt o derrotou por uma esmagadora maioria.

A diferença imediata e decisiva entre Hoover e Roosevelt não era ideológica, mas de personalidade. Roosevelt tinha um caráter simpático e não pretende ser especialista em nada. Começou por dizer que iria tentar métodos diferentes e utilizar aqueles que deram resultados. Ele tinha um sorriso de estrela de Hollywood e um grande senso de humor que animava suas falas no rádio e o impedia de parecer condescendente. Começou seu mandato proclamando uma semana inteira de feriados. Na verdade, o pânico financeiro das últimas semanas da presidência de Hoover já tinha feito a maior parte dos bancos fecharam as portas.

Roosevelt, ao contrário, aproveitou a oportunidade para transformar o pânico descontrolado em uma iniciativa presidencial. Em seu discurso de posse, disse que "a única coisa da qual devemos ter medo, é do próprio medo". Depois de ter proclamado o feriado, reuniu-se com dezenas de responsáveis pelos bancos e assessores políticos e pediu-lhes para dedicar a sua atenção para a criação de condições necessárias para gerar uma autêntica recuperação econômica. A primeira nova lei, elaborada durante esses dias, foi a Lei de Ajuste Agrícola, que melhorou o acesso ao crédito e baixou os juros hipotecários para milhões de pequenos agricultores.

Uma menção de algumas das principais leis que constituíram o chamado “New Deal” dará ao leitor uma ideia da imensa variedade de questões que preocupavam Roosevelt. O Corpo Civil de Conservação pagou a manutenção de milhares de jovens desempregados que se dedicaram a reflorestar bosques que as empresas madeireiras haviam desmatado e depois abandonado, mais de um século antes da Grande Depressão. Uma nova Comissão de Mercado de Valores introduziu alguma transparência nas operações da Bolsa de Valores. A Corporação Federal de Seguros de Depósito garantiu, pela primeira vez, as poupanças dos clientes de todos os bancos em caso de ondas de pânico, como aquelas ocorridas entre 1929 e 1933.

A Agência de Desenvolvimento de Obras Públicas deu trabalho para milhões de homens na construção der estradas, escolas, correios e outros edifícios públicos. A Lei de Recuperação Nacional e a Junta Nacional das Relações do Trabalho garantiram o salário mínimo e protegeram os direitos de negociação de diversos tipos de trabalhadores industriais. A Lei de Normas Justas do Trabalho, de 1938, aboliu o trabalho infantil nos setores em que ainda existiam.

Havia muitos obstáculos legais para aplicar toda a legislação do “New Deal”, e Roosevelt cometeu a ousadia de querer aumentar o número de magistrados na Suprema Corte, cuja maioria conservadora estava declarando ilegais muitas das novas leis. Sem entrar em detalhes sobre a sensatez econômica e o grau de constitucionalidade das muitas normas que compuseram o “New Deal”, é evidente que, com sua atuação enérgica e valente e, ao pensar, além da recuperação econômica, nas necessidades educativas, culturais e ecológicas, Franklin Roosevelt e seus assessores não só forjaram uma saída da Grande Depressão, mas também melhoraram o sentido público da responsabilidade e da qualidade do debate político nos Estados Unidos.
por Gabriel Jackson

Nenhum comentário:

Postar um comentário