Quem nunca sonhou em ser herói? Ter super poderes, bancar o mocinho guerreiro contra as forças do mal e tornar-se ídolo de toda uma geração? Basta ver o sucesso das consagradas histórias em quadrinhos - mesmo entre adultos - e, as suas adaptações para filmes e seriados, nem sempre aclamados pela crítica, porém; e quase certo, sucesso de público. Contudo, seria realmente necessário ter super poderes para bancar o herói? Sinceramente, diria que não. Digo, diria, porque costuma-se mistificar demasiado o conceito de herói; como alguém extremamente mítico e divino, repleto de poderes e, sobretudo; acima do bem e do mal.
Talvez a etimologia da palavra tenha contribuído para tal. Herói, do grego Heros, é nome dado aos grandes homens "divinizados". Todavia, prefiro uma visão mais verossímel do que seja um herói. Como bem diz a letra da música do cantor e compositor, Jorge Vercilo, "Hoje o herói aguenta o peso das compras do mês; no telhado ajeitando a antena da TV; acordado a noite inteira para ninar bebê..." Logo, herói é o homem comum que luta no dia a dia, contra obstáculos e adversidades. É o trabalhador que sustenta a sua família; ainda que ganhe pouco. É o policial que se mantém honesto, íntegro e honrado, ainda que lhe ofereçam suborno, e ainda que enfrente os piores bandidos e não tenha seu trabalho reconhecido. É o bombeiro que faz de tudo para ajudar a quem precisa. É o gari - lixeiro - que cotidianamente convive e trabalha em meio à toneladas de lixo despejadas, para deixar a cidade mais limpa e bela e, é preterido, porque, em regra, só a advocacia, ou o título de doutor, que detêem status quo.
Nada contra os míticos personagens de HQ's, ao contrário, sempre fui fã do superman; e nada contra os protagonistas - os heróis - da literatura e do cinema. Porém, ressalte-se, há de se engrandecer o lado humano que constitui o herói. Aquele que prescinde do uso de poderes, para ter noção de moral e valores; buscar o que é certo, zelar pela justiça, buscar a verdade... Ora, nada e ninguém me convence que os poderes fazem a nobreza do superman... Ora bolas, são os valores morais e éticos, os quais Clark Kent apreendeu de seus pais, que moldaram seu caráter e vontade de agir como herói, os poderes são apenas facilitadores, porque claro; lhe permitem atuar de forma heróica, de maneira que meros "mortais" não agiriam. Apesar disso, se a personalidade e caráter de Clark não fossem herdadas dos valores morais apreendidos, e se ele fosse um ser vil e mesquinho, acaso seus poderes não teriam sido usados para o mal? Discordo de quem vê o personagem Clark como frágil e incapaz e, valorizando somente seu alter-ego. Tudo isso, é apenas para demonstrar que dentro de cada um de nós, há um quê de herói; basta sabermos lidar, tanto com nossas qualidades, quanto com nossos defeitos, e agir conforme os ideais nobres de um verdadeiro herói. Aliás, aquele que cai, erra... no entanto; se reergue e permanece lutando, dia a dia, contra as adversidades, contra uma inversão de valores - visivelmente imperante e crescente em nossa sociedade - e contra uma "maré" que prega um individualismo exacerbado e um "dane-se" aos demais seres humanos, desde que se seja feliz; este sim, deveria ser considerado herói. Infelizmente, as pessoas se acomodam, não fazem sua parte para ajudar a construir um mundo melhor, justo porque permanecem esperando que surjam "grandes e míticos" heróis, assim como os da ficção.Por Lílian Soares
Crédito da Imagem: Google
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