Demitido o Ministro Lupi – aliás sem que tenha havido qualquer comprovação das denúncias com que se iniciaram os ataques a ele, mas sim fatos supervenientes, ainda por serem explicados, e, sobretudo, pela forma infeliz com que ele travou a polêmica – as baterias da mídia se voltam contra o Ministro Fernando Pimentel, a quem “acusam” de ter, quando não exercia qualquer cargo público, recebido por consultorias privadas que prestou.
Com ele, porém, a mídia vai enfrentar uma pedreira.
Porque fere o bom senso que um homem tenha passado 16 anos com controle das imensas quantias de dinheiro que movimenta a Prefeitura de Belo Horizonte e só depois de afastado dela ganhar algum dinheiro como consultor, algo como R$ 50 mil por mês.
Embora seja uma ótima grana, a pergunta é se o valor é compatível com a experiência e conhecimentos acumulados por um economista, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e presidente do Conselho de Economistas do Estado.
Se tomarmos como verdadeiros os valores apresentados pelo mesmo jornal O Globo que acusa Pimentel, na sua edição do último domingo, sim. Lá é exibido um levantamento feito “com profissionais seniores”, o salário varia entre R$ 28 e 40 mil para diretores comerciais ou de marketing, isso sem levar em conta bônus, participação nos lucros .
Pimentel também não acumulou cargos: licenciou-se, sem vencimentos, da Universidade. Não posso dizer qual seria seu salário, mas a Universidade abriu faz pouco um concurso para professor-adjunto, e o salário é de R$ 7,3 mil. Com o tempo de serviço, certamente, mesmo que não seja professor-titular, daria algo como R$ 10 mil mensais. Calcule isso em 16 anos de anos e você verá o que ele deixou de receber.
Aliás, a mídia não diz nada sobre o fato de pessoas respeitáveis manterem licenças remuneradas ao prestarem serviços de natureza pública, ao contrário do que fez Pimentel.
Ao contrário do que ocorreu com o ex-ministro Antonio Palocci, o Ministro do Desenvolvimento expôs todos os seus contratos e clientes. E tem outras fontes de renda, como a participação em uma empresa familiar , a Belo Horizonte Couros, que tem três lojas na cidade e em uma imobiliária. Tudo registrado e declarado.
Há uma indisfarçável cara de “armação encomendada” por alguém que, por conta da proximidade e amizade pessoal entre ele e a presidenta Dilma, quer levar o assunto para o Palácio do Planalto.
Recomenda-se aos promotores desta onda que se cuidem, porque a “overdose” denuncista está bem clara para todos. E agora parece que esta onda foi bater em rocha mais firme.
Corre o risco de virar espuma.
por Brizola Neto
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